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Mensagens

A viagem mórbida

O relógio da estação marcava exactamente vinte e três horas quando o último comboio partiu, rasgando a quietude da noite. A locomotiva deslizava pelos trilhos como um predador silencioso e o som compassado do motor era a única companhia da escuridão. Lara, envolta num casaco que pouco fazia contra o frio, ajustou-se no assento. O veludo, outrora rico e convidativo, estava agora desgastado e áspero ao toque, refletindo anos de abandono. O vagão permanecia vazio. A ausência de outros passageiros criava um silêncio quase palpável, apenas interrompido pelo ritmo hipnótico dos trilhos. Lá fora, o mundo parecia ter sido engolido por uma noite eterna. A paisagem era um abismo escuro, sem qualquer sinal de vida ou luz. Nenhuma aldeia distante, nem estrelas ou lua para quebrar o vazio. Ela observou o cenário, sentindo um desconforto que crescia à medida que os quilómetros passavam. “É como viajar por um sonho quebrado”, pensou, tentando afastar a sensação de estranheza. O comboio avançava e o e...

Reflexões de um Ano Bissexto

Este ano pareceu passar mais rápido que os outros, como se os dias extras de um ano bissexto tivessem sido roubados pelo tempo. Foi um período especialmente desafiador. Completar os cinquenta anos trouxe não apenas a marca inevitável do tempo, mas também uma clareza inquietante sobre tudo o que está errado à minha volta, as dores inexplicáveis que carregamos e os conflitos que surgem do nada, pesando sobre nós como tempestades inesperadas. Vejo as famílias desfeitas pela soberba e por julgamentos implacáveis, onde a cobardia se sobrepõe ao perdão, mesmo entre aqueles que deveriam saber mais pela experiência de vida. Percebi que muitos conflitos desnecessários persistem, alimentados pelo silêncio e pela ausência das palavras certas nos momentos cruciais. Ainda assim, acredito no poder transformador do perdão. Como diz o provérbio: "O perdão não muda o passado, mas enriquece o futuro." Outro pensamento que me acompanhou foi: "A cobardia veste-se de descul...

Natal em Família

Quatorze à mesa, um laço de união, Entre risos, memórias e recordação. Crianças brincando, canções a soar, No frio lá fora, calor a vibrar. Pratos servidos com gosto e cuidado, Sabores que unem, carinho ao lado. Troca-se afeto, dá-se a essência, Recebe-se paz, cultiva-se a presença. No olhar de um filho, no abraço apertado, A magia do Natal é amor partilhado. Convívio sincero, sem pressa ou razão, A alegria nos sorrisos é a maior emoção. Enquanto a lareira o ambiente aquece, O frio lá fora apenas esquece. Aqui, a família é sempre o central, E mais evidente se torna no Natal.

Pensar ao contrário

 

Espírito de Natal

Com alicate, ajeito a decoração, No pinheiro brilham luzes de emoção. Esponja de banho? Presente encantado, Entre risadas, todos bem animados. Um clip segura cartões de carinho, Desejos sinceros no nosso caminho. A pá recolhe os brilhantes do chão, E o alho-francês perfuma o caldeirão. Contos e cantorias rompem o silêncio, A noite é festiva, amor tão intenso. O espírito natalício aquece e floresce, E a união da família jamais esmorece.

Um sábado bem-passado

A manhã começou serena, com um passeio tranquilo ao lado da minha cadela Loira, junto ao riacho. Um café e uma conversa leve, cheia de palavras soltas que dançavam no ar, com o meu companheiro. Perto do meio-dia, peguei no carro e segui devagar a caminho do sarau da minha sobrinha mais nova, acompanhada pela mais velha. O sábado em Miraflores estava movimentado, com muitos carros estacionados em cima do passeio. Fiz o mesmo. Sentámo-nos nos bancos de cimento, que desta vez, estavam cobertos com resguardos, afastando o frio. O tempo passou num instante, entre as entradas de grupos, das crianças aos mais velhos, muitas palmas, vídeos e brincadeiras. Quando tudo terminou, as meninas foram almoçar e preparar para a tarde. E caminhei até ao carro. Ao ver os papéis presos nos vidros dos outros carros, percebi, que já tinha uma multa. Bah! Fiz uma pausa numa bomba de gasolina, onde tinha uma área de serviço e aproveitei para comprar uma sandes, um sumo e um café. Depois, segui cam...

Divisões

No silêncio da casa vazia, Sofia observava as rachaduras nas paredes, as linhas que pareciam se multiplicar a cada dia. Antes, eram quase invisíveis, um detalhe menor na paisagem do lar, mas agora cortavam o reboco em trajetos sinuosos e profundos, como cicatrizes que a casa se recusava a esconder. O técnico garantira: “é um assentamento normal.” Sofia tentara acreditar, mas algo naqueles traços irregulares a fazia sentir-se observada. À noite, os sons aumentavam. Pequenos estalos ecoavam pela madeira e pelas paredes, formando um compasso que a inquietava. Todas as madrugadas, às 3h13, o relógio da sala parava, como se o tempo obedecesse a um ritual sinistro. Os objetos surgiam deslocados. Os livros invertidos, os quadros tortos, um vaso quebrado que ela não se lembrava de ter tocado. E havia os sussurros. Baixos, indistintos, mas inegáveis, pareciam sair de dentro das paredes. Naquela noite, os estalos vieram mais fortes. Sofia, já acostumada, pensou em ignorá-los, mas o som tornou-se...

HISTÓRIA DAS RABANADAS

Pão Velho, Povo Sábio  O que é uma rabanada? Não, a sério, vamos lá desmontar isto como deve ser.  A rabanada é um monumento gastronómico ao génio humano, ou, mais concretamente, ao génio português.  Enquanto o restito do mundo olha para pão duro e pensa: "Lixo..." O português olha para o mesmo pedaço de pão e diz: "Huummm... que bela sobremesa." Isto diz muito sobre o valente e imortal povo lusitano.  Somos um povo que transforma dificuldades em iguarias, o que não é surpreendente se considerarmos que também transformamos bacalhau seco em mil e uma receitas, numa verdadeira religião dedicada à gastronomia, e chamamos “sopa” a uma mistura de água, couves e meia batata. Ora, as rabanadas nasceram, como tudo o que é bom em Portugal, da necessidade acutilante em sobreviver e ser feliz com o que a vida nos dá.  Antigamente, nas nossas maravilhosas aldeias, pão era coisa séria. Fazia-se em grandes quantidades, porque ir ao forno comunitário dava muito trabalho. ...

Dinamica Dezembro

Auguste Rodin foi um escultor francês do século XIX que revolucionou a escultura moderna. Para além das reconhecidas modulações das superfícies, de inspiração impressionista, também desenvolveu a escultura parcelar, ou seja, que não era a figura humana na totalidade ou o tradicional busto. "A mão de Deus"é um desses fantásticos objetos pétreos. Também na literatura o discurso pode ser modelado a partir de uma parcela corporal, como as mãos, a mão solitária, quase sem sujeito. DESAFIO: - TEMA: a mão; - TAREFA: escrever uma breve ficção apenas narrando uma mão; - O sujeito da mão não pode ser descrito física ou psiquicamente; - Uma mão tem 5 dedos, 5x9=45, 45+9=56; 56+5+6= 67; Usar 67 palavras exatas; - O narrador é na primeira pessoa (eu), pode ser a mão ou o sujeito da mão, e fala com um destinatário que trata na segunda pessoa (tu); - DESAFIO: não pode usar nenhuma letra T; Eu deslizo por superfícies enrugadas, os dedos dobrados e linhas marcadas de jornadas. Na minha presen...

Intimidade

Na penumbra do quarto, Clara sentiu as mãos de Marco deslizando sobre a sua pele. O calor do toque era real demais para um sonho, mas uma sensação de frio pesado instalava-se no seu peito. A cada carícia parecia trazer uma lembrança, mas também um peso que ela não sabia nomear. Lentamente, abriu os olhos. Marco não estava ali. O espelho em frente reflectia o quarto vazio, excepto uma sombra alongada atrás dela. Virou-se bruscamente, mas encontrou apenas o silêncio opressivo. Um cheiro de terra molhada invadiu o ar, denso e férreo, trazendo as memórias que Clara há muito tentava enterrar. Marco estava morto havia um ano. O acidente, tão repentino quanto brutal, ainda a atormentava. Mas agora, o toque persistia, quente, familiar e, ao mesmo tempo, aterrador. A porta rangeu, fechando-se devagar e uma brisa gelada fez os cabelos de Clara erguerem-se. Uma voz sussurrou o seu nome, grave e distorcida, como se ecoasse do fundo de um poço. Era o timbre de Marco, mas algo nele soava muito errad...

Postais Mortíferos

A trama de Postais Mortíferos acompanha o Detetive Jacob Kanon em sua incansável busca pelos assassinos de sua filha. No início, a narrativa leva o público a acreditar que há apenas um assassino em série à solta. No entanto, à medida que a investigação avança, descobrimos que não se trata de um único assassino, mas de um par de serial killers. Sylvia e Mac Randolph, que inicialmente se apresentam como um casal, são na verdade irmãos, com um passado sombrio e uma obsessão doentia por arte. Sylvia e Mac, sob identidades falsas, viajam pela Europa, assassinando casais que conhecem ao longo do caminho. Inspirados por sua formação em história da arte, eles recriam obras de arte famosas utilizando os corpos de suas vítimas. Essas recriações macabras são enviadas em forma de postais, deixando um rastro de horror por onde passam. A trama se intensifica quando Jacob finalmente desvenda a verdadeira identidade dos assassinos: Simon Jr. e Marina Haysmith. eles são irmãos adotivos que ...

Ronrons e mimos!

Vou escrevendo um conto e a medida que for dizendo Stop muda de letra do alfabeto: FHGI.   F- Foram momentos pensativos. Tiro meio-dia de férias, há que pensar na saúde dos que nos querem bem. Fui para casa da minha mãe, abri a janela, para entrar o sol, fraquinho, mas que ainda tinha força para aquecer. E o cheiro das flores... H- Há momentos em que tudo o que desejamos é aliviar o peso das dores alheias. Quando vemos alguém a sofrer, uma vontade urgente nos invade, arrancar-lhes os sorrisos, oferecer conforto e distrair das aflições, mesmo que por breves instantes. Tentamos contar anedotas, improvisar uma atmosfera leve e carregar o ambiente com um bom humor quase forçado, mas genuíno no afeto. Hoje, o consolo veio pela cozinha. Preparei uma canja simples, mas feita com cuidado, uma galinha desfiada sem ossos, nadando em caldo quente com massa de cotovelos, aquele tipo que parece abraçar o paladar. Para o prato principal, um bife grelhado, não perfeito, mas honesto, tão firme qua...

O Espelho Proibido

  No mundo de Kaelar, os espelhos eram mais do que objetos banidos, eram portais para o inexplicável. As lendas sussurravam sobre os reflexos que não refletiam, mas simulavam, os habitantes de um reino invertido, à espera de uma fraqueza, de um momento para se cruzarem. Ninguém ousava desafiar a proibição, exceto Teryn, um aprendiz de alquimista, o qual a curiosidade era tão afiada quanto perigosa. Num mercado clandestino, encontrou um pequeno espelho de moldura corroída pelo tempo. Entre as moedas trocadas e os olhares furtivos, sentiu o peso do objeto nas suas mãos, como se algo ali o observasse. Ignorou o arrepio. “Medo irracional,” pensou. No seu quarto, à luz trémula de uma vela, Teryn ergueu o espelho. A princípio, viu-se como sempre, uns olhos verdes atentos e pele pálida. Mas, algo rompeu a normalidade. O reflexo piscou. Ele, não. Teryn estremeceu. Largou o espelho, mas a imagem não desapareceu. Pelo contrário, sorriu. Um sorriso largo, desafinado e expondo os dentes afiado...

Sinfonia Silenciosa

Nos ecos profundos que o silêncio acalma, numa nota vibrante, clara e inteira, um gesto e uma escolha, na nossa palma, compõem na pauta a melodia verdadeira.   O som das decisões, suave ou feroz, flutua no ar como sopro ou grito, vibra em cada riso e ténue voz, no compasso onde o destino é escrito.   Há quem toque em harmonia plena, com acordes de bondade e luz pura, Há quem perca na alma pequena, as dissonâncias que a sombra murmura.   A decisão, um acorde profundo, cada erro, um defeito a ecoar, no final, revelamos ao mundo as notas que ousamos deixar.   A vida, partitura sem maestro, com vibrações que o peito compreende, a moralidade, no seu ritmo e gesto, entre o caos e o sentido se estende.   Um concerto aberto, íntimo e constante, um compasso que vibra sem cessar, é a sinfonia em tom hesitante, nos laços que ousamos moldar.   Nos espaços entre notas e silêncios, onde a alma se desnuda e con...

Dezanove Anos

Hoje não é um dia de tristeza, embora tenha começado com um nó na garganta. São dezanove anos desde que o meu Pai partiu. De ausência que, pouco a pouco, se transformaram numa presença diferente. Não uma presença física, mas algo mais profundo. Ele representa um pouco, nos meus gestos, nos nossos risos, nas histórias que conto. Coloquei flores no meu coração, como sempre faço. Ele dizia que os pequenos gestos tinham poder e agora entendo por quê.  Era assim que ele era, uma força constante, até quando as coisas não iam bem. Ainda encontro muitas pessoas que se lembram dele. “O teu pai… era um homem como poucos. Sempre dizia que a vida era para ser partilhada e fazia isso como ninguém. Principalmente com a família e com as pessoas que amava.” Aquelas palavras aqueceram-me. Mesmo depois de tanto tempo, havia quem ainda o recordava com carinho. Senti reconhecimento, por ele e pelas memórias que não deixam que a sua essência se perca. Mais tarde, reunimos em família para um ...

Pais das Maravilhas

Vou escrevendo um conto e a medida que for dizendo Stop muda de letra do alfabeto: ABCDE. A-Atirei o pau ao gato, mas ele não se mexeu. Apenas fixava no queijo em cima da mesa, com os olhos a brilhar de desejo. Passava a língua pelos lábios, com vontade de atacar o dito cujo sem perder tempo. Mas, hesitou. Olhou de relance para o lado e viu o presunto. Queijo ou presunto? Parecia ponderar como um ladrão indeciso, planeando o próximo roubo. Os seus olhos arregalados brilhavam de gula, e um fio de baba já lhe escorria pelo canto da boca. B-Borboleta cheia de cores voava inquieta, procurando onde fazer o seu casulo, preparando-se para, curiosamente, transformar-se... em lagarta. Talvez seja aquela lagarta do País das Maravilhas que fumava como um Lorde ou Lady.  A menina loira de olhos azuis e vestido branco e azul surgiu correndo, perseguindo um coelho branco de relógio na mão. Ela caiu num poço profundo e aterrou num estranho labirinto com muitas portas e uma sala gigantesca...

Um Vendaval de Problemas

Ontem foi uma tarde perfeita à beira do rio no Montijo, com boa companhia e um céu limpo. Hoje? Um completo desastre. Era uma daquelas manhãs em que parecia que o universo tinha acordado de mau-humor e decidido que eu seria o alvo. Nada me corria bem. Tentava limpar as folhas da entrada, mas o vento parecia ter outros planos. Cada varrida minha transformava-se numa piada para a tempestade, que insistia em devolver as folhas à porta com uma precisão quase provocadora. — Estou a varrer ou a dançar salsa? — resmunguei, enquanto o monte de folhas ignorava-me triunfantemente. Foi nesse momento que Dona Domingas apareceu. A vizinha, envolta num chapéu de chuva extravagante, parecia ter saído diretamente de um filme de época. — Não sabia que tinha talento para aeróbica na chuva! — gritou ela, entre gargalhadas. Nem tive tempo de responder. Uma folha rebelde decidiu colar-se à minha testa, como se quisesse marcar território. Para completar o ‘show’, Ginger, o meu gato alaranjado e com a pose d...

Amarrar o burro

Luz das letras 1.    A céu aberto: ao ar livre 2.    Abandonar o barco: desistir de uma situação difícil 3.    Abotoar o paletó: morrer 4.    Abrir mão de alguma coisa: renunciar alguma coisa 5.    Abrir o coração: desabafar, declarar-se sinceramente 6.    Abrir o jogo: denunciar ou revelar detalhes 7.    Abrir os olhos a alguém: alertar ou convencer alguém de alguma coisa 8.    Acabar em pizza: quando uma situação não resolvida acaba encerrada (especialmente em casos de corrupção, quando ninguém é punido) 9.    Acertar na lata: acertar com precisão, adivinhar de primeira 10. Acertar na mosca: acertar com precisão, adivinhar de primeira 11. Adoçar a boca: conseguir um favor de alguém com elogios 12. Agarrar com unhas e dentes: agir de forma extrema para não perder algo ou alguém 13. Agora é que são elas: momento em que começa a dificuldade 14. Água que...

Domingo Alegre

No mínimo, duas vezes por ano, celebramos o tradicional "Domingo Alegre," uma tradição de Moçambique. É um encontro entre várias famílias e amigos, misturando idades, as origens e as cores, numa convivência recheada de boas comidas, de conversas longas e de jogos: sueca, matraquilhos, Carrom e brincadeiras de crianças. Era sempre um dia muito especial, cheio de energia e de recordações. Este ano, a Tia Rita marcou um almoço antecipado de Natal para um domingo. “Não podemos mudar de dia!”, decretou ela, prática e inflexível, nada normal. Com cerca de 26 pessoas confirmadas, escolhemos um restaurante espaçoso, ideal para as nossas festas prolongadas, cheias de risadas, histórias e boa disposição. O grande dia chegou. “Está marcado para as 12h, não se atrasem!”, avisou a tia Rita. Como de costume, os primeiros a chegar acomodaram-se no recinto da entrada, abrigadas do vento frio. Entrei logo depois, cumprimentando as tias, as primas e as amigas, até que uma vo...

Rato e Rei!

  O raio do rápido rato roeu, raivoso, a rolha redonda da garrafa de rum do Roberto, o rei rigoroso da Rússia. Roubou as rosas raras, rasgou as rendas reluzentes e raptou três roscas recheadas sem deixar rastos. O rei, revoltado, resmungou: "Ratos rabugentos roubaram as riquezas do meu reino resplandecente! Reúnam rapidamente os reforços, recuperem o que restou e reduzam os ratos a meras recordações!" Reis, rainhas e rústicos reagiram, rumores rodopiavam pelos recantos: "Ratos raros, reais rivais, reinavam no reino roubado!" Enquanto isso, o rato regozijava, rindo em ruas recônditas, rolando sobre relíquias roubadas, rodeado de riquezas e rosquinhas recheadas. No horizonte, a revolução rugia e o rei, rígido, retomava o reino: "Rendição ou rebelião?" O rato, rápido e resoluto, respondeu com riso: "Reinar é uma arte e roubar é o meu ritual." O rei Roberto, resoluto, reuniu os seus reforços com um rugido retumbante. Os soldados, com reluzentes armad...