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30 de dezembro de 2018

Encontro de Taizé em Madrid

O 41º Encontro Europeu de Jovens organizado pela Comunidade de Taizé terá lugar no final de 2018 em Madrid. O irmão Alois fez o anúncio em Basileia na noite de 30 de dezembro:

Ao longo do ano de 2018, pediremos ao Espírito Santo que nos prepare a sermos cada vez mais, através de nossas vidas, testemunhas de reconciliação e de paz. Para isso, continuaremos nossa Peregrinação de Confiança através da Terra. (...)
No ano passado estivemos no norte da Europa, em Riga. No próximo ano iremos para sul, para uma cidade onde nunca tivemos um Encontro Europeu. No Sul, na Península Ibérica, já fomos calorosamente acolhidos diversas vezes em Barcelona e também em Lisboa e em Valência.
No próximo ano, de 28 de dezembro a 1 de janeiro, fomos convidados a reunir-nos na cidade de Madrid.

Tenho contacto para um provável autocarro a sair de Lisboa.

4 de janeiro de 2015

Encontro Europeu de Taizé em....

... Valência

O próximo Encontro Europeu de Jovens terá lugar na cidade e na região de Valência, de 28 de Dezembro de 2015 a 1 de Janeiro de 2016. Este Encontro vai ser preparado pela Comunidade de Taizé, a convite da Arquidiocese e de outras Igrejas. Vai reunir milhares de jovens para uma nova etapa da «Peregrinação de Confiança através da Terra», iniciada pelo irmão Roger no final dos anos 70.
Jovens de toda a Europa e de outros continentes serão acolhidos pelas paróquias, comunidades e habitantes da «Comunidade Valenciana».

20 de maio de 2012

Bondade e Simplicidade

Estas duas palavras exprimem o que, no essencial, foi a vida do irmão Roger. “...Nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor; só amor. Pouco a pouco crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade de homens decididos a dar toda a sua vida, e que procurassem sempre compreender-se mutuamente e reconciliar-se: uma comunidade onde a bondade do coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo.”


Só pela bondade reencontraremos a nossa HUMANIDADE... O coração de bondade sabe escutar os sonhos e as alegrias da Humanidade, mas também se torna atento às urgências de todos os injustiçados e de quantos sofrem dores e infelicidades...

Só pela bondade reencontraremos a nossa HUMANIDADE... O coração que se sustenta da bondade, tem os braços abertos para compartilhar contentamentos e, nas situações endurecidas, os seus passos são itinerários de luz...

Só pela bondade reencontraremos a nossa HUMANIDADE... Viver na bondade é cuidar do coração com a delicadeza com que se trata de uma planta: se a descuidamos no alimento, se a retiramos da luz, definha e morre. Dar lugar às sombras de violência e de egoísmo é não permitir ao coração crescer na confiança...

Só pela bondade reencontraremos a nossa HUMANIDADE... Basílio, um cristão do séc. IV, escreveu: “Alcançando a bondade, passas a ser semelhança de Deus”.

Só pela bondade reencontraremos a nossa HUMANIDADE... A misericórdia é o fogo que alimenta a bondade. Uma vida sustentada na compaixão permite-nos discernir, em nós e nos outros, a profundidade da alma humana...

"Se perdermos a misericórdia, fogo interior de inesgotável BONDADE, o que nos restaria?"

Como (re)construir o tempo de esperança? Como pequeninas luzinhas na escuridão, a bondade de coração marca a diferença na noite deste tempo que nos impõem.

Ultrapassar um passado doloroso exige reconciliação. Não apenas com tudo o que foi contraditório, mas sobretudo com a realidade de hoje, ainda condicionada pelo passado. A RECONCILIAÇÃO possibilita não perder tempo no labirinto da dor e discernir um dom único... O dom da bondade que passará a conduzir os nossos passos!

9 de dezembro de 2010

Taizé: Encontro internacional



De 8 a 12 de Dezembro de 2010, jovens de todos os países das Américas e de alguns países de outros continentes vão encontrar-se na cidade de Santiago, no Chile, para uma nova etapa da Peregrinação de Confiança através da Terra.

Os que vêm de outros países podem chegar um ou dois dias mais cedo ou sair um ou dois dias depois do fim do encontro.

Num continente recentemente marcado pelo sofrimento e pela dor causados por catástrofes naturais, os jovens são chamados a mostrar o caminho da reconstrução de uma Terra habitável por todos, uma Terra de solidariedade e de paz.

A Peregrinação de Confiança para uma Terra de Irmãos será um tempo de paragem para nos encontrarmos através do silêncio, da oração, da reflexão e da partilha.

O que procuramos viver com a Peregrinação de Confiança para uma Terra de Irmãos?
Caminhar juntos até às fontes da fé e assim preparar-nos para assumir responsabilidades na nossa sociedade.
Reconhecer que os jovens são protagonistas na Igreja e na sociedade.
Tecer e/ou fortalecer laços de comunhão com os irmãos do continente latino-americano.
Viver a alegria de estarmos juntos, através da hospitalidade oferecida pelas famílias chilenas.
Descobrir a beleza de uma comunhão com Deus celebrada nas orações comunitárias.
Conhecer iniciativas que procuram dar um rosto mais humano à sociedade.
Ter momentos de reflexão bíblica e ver a implicação da fé em temas sociais, culturais e artísticos.

5 de novembro de 2010

Taizé 2010- Encontro em Roterdão

O 33° Encontro Europeu terá lugar pela primeira vez na Holanda. De 28 de Dezembro de 2010 a 1 de Janeiro de 2011, este Encontro vai reunir dezenas de milhares de jovens em Roterdão. Terra natal de Erasmus, no século XV, esta cidade (que em 2009 foi designada capital europeia da juventude) manifestou uma vontade muito grande de acolher uma etapa da Peregrinação de Confiança através da Terra. As paróquias católicas e protestantes de várias localidades à volta de Roterdão (como a Haia ou Delft) também estarão implicadas no acolhimento dos jovens peregrinos.
Mais informações

25 de junho de 2008

Encontros de Taizé 2008

Encontro em Nairobi (26 a 30 Novembro 2008)
Continuaremos os encontros de jovens nos outros continentes. Depois da Ásia e da América Latina, iremos no próximo ano a África. De 26 a 30 de Novembro seremos acolhidos sob o equador, na África de Leste, no Quénia, na cidade de Nairobi.» Irmão Alois, durante o Encontro em Genebra, em 2007

Encontro em Bruxelas (29 a 1 Janeiro 2009)
«Nós, responsáveis das diferentes confissões cristãs da Bélgica, acolhemos com alegria e gratidão o anúncio de que o próximo Encontro Europeu de Jovens terá lugar em Bruxelas. Desde já marcamos encontro a todos os jovens cristãos da Europa: vinde numerosos a Bruxelas, no final de Dezembro de 2008!»

16 de janeiro de 2007

40 000 jovens europeus encheram-se de esperança

Os 40 000 jovens reunidos por Taizé entre 28 de Dezembro e 1 de Janeiro na capital croata foram acolhidos calorosamente pela cidade e pelas famílias. Com o desejo de ir às fontes da confiança em Deus e no outro.
Antes da partida para Zagreb, os últimos avisos práticos recomendavam que se levassem roupas quentes. O conselho estava longe de ser supérfluo. Escondida atrás de uma pequena montanha, a capital croata não está ao abrigo dos rigores do Inverno. Prudentemente, todos estavam cheios de gorros, fortes blusões e botas grossas. Mas o calor do Encontro não tardou a voltar a aquecer os mais friorentos.
Todos os peregrinos do 29º Encontro Europeu de Jovens - cerca de 40 000, de uma trintena de países (1) – foram acolhidos em casas de famílias. Audrey Marty e os seus amigos de Aveyron não poupam elogios às qualidades dos seus anfitriões e à mobilização dos jovens que receberam os grupos nas 150 paróquias da cidade e dos arredores: «De facto, eles derrubaram todas as barreiras.»
«O acolhimento nas famílias tocou-nos muito», confessa o irmão Richard, de Taizé, que fala croata e fez parte da equipa de preparação chegada no início de Setembro. «Algumas destas famílias sofreram muito por causa da guerra. Outras são refugiadas».
«Fizeram todos um esforço admirável. As famílias abriram verdadeiramente as portas dos seus corações e das suas casas. O Cardeal Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb, e os seus bispos auxiliares estiveram constantemente ao nosso lado e facilitaram-nos muito o trabalho da organização. Tal como a Câmara Municipal e as autoridades civis e políticas. De resto, muitas personalidades, incluindo o Primeiro Ministro, Ivo Salader, manifestaram a sua simpatia e a sua solidariedade através da sua presença, num ou noutro dia, na oração da noite. Mesmo o grande mufti da Croácia e o rabino de Zagreb», prossegue o irmão Richard, «quiseram passar algum tempo connosco.»

1 de janeiro de 2007

Em Zagreb temos tido dias bastante intensos...

Em Zagreb temos tido dias bastante intensos: encontros nas paróquias, em escolas e universidades, com comunidades religiosas, etc... e a parte mais logística da preparação também exige nesta altura muito tempo e concentração...

Quarta-feira, com um pequeno grupo de voluntários, fomos visitar as irmãs da Madre Teresa. Estivemos a ajudar a servir comida a várias dezenas de pessoas, pobres, que ali foram almoçar. As irmãs dizem que há dias em que chegam a ser 200... A eficácia e capacidade de organização das irmãs deixou-nos espantados! Durante o Encontro Europeu, aqueles que quiserem participar nesse workshop terão também a possibilidade de visitar as irmãs.

Uma visita que me marcou bastante foi a que fizemos à Mesquita de Zagreb. O responsável pela comunidade acolheu-nos muito bem, falou-nos sobre o Islão e sobre valores que partilham com os cristãos e não hesitou em criticar os excessos fundamentalistas que, segundo ele, se afastam do Alcorão. Ele, que veio da Bósnia apenas há alguns anos e que vive no meio de um povo marcado pela guerra, teve palavras surpreendentes em relação à recusa da violência e à procura da paz. Durante o Encontro, um dos workshops será nesta Mesquita...

Em geral as pessoas falam pouco sobre a guerra. São feridas demasiado recentes. No entanto, nalgumas paróquias ouvimos experiências bastante dolorosas. A linha de frente da guerra ficou a cerca de 50 quilómetros a sul de Zagreb: a capital ficou assim protegida. Mas algumas das terras que estiveram na linha de frente fazem questão de acolher jovens durante o Encontro. Apesar da distância, achámos que não podíamos recusar esse pedido... numa pequena aldeia, contaram-me como o exército sérvio conseguiu  a dada altura avançar e ocupar a zona... toda a população pôde fugir a tempo e não houve vítimas civis... mas depois da guerra, quando as pessoas regressaram às suas casas, só encontraram ruínas: a aldeia tinha sido completamente destruída. Hoje vemos que nessa zona todas as casas são novas e por vezes as pessoas vivem em casas ainda em construção... Noutra terra, algumas pessoas do grupo de preparação contavam a experiência de viver cinco anos com um exército inimigo às portas da cidade, fazendo regularmente bombardeamentos...

As irmãzinhas de Jesus, que têm casas em vários países dos Balcãs e da Europa Central, vão animar um workshop durante o Encontro. Elas têm certamente uma visão sobre a história recente desta região menos parcial do que muitas das pessoas que encontramos... e vão falar sobre a procura de comunhão.

O bispo auxiliar de Zagreb tem-nos apoiado muito e têm dito coisas que nós, vindos de fora, não poderíamos dizer. Por exemplo, respondendo à pergunta «de que tipo de confiança se fala quando se chama ao Encontro Europeu de Jovens uma 'Peregrinação de Confiança através da Terra'?» (http://www.taize.fr/pt_article4127.html), ele diz: «Trata-se da confiança em Deus e nos seres humanos. Não há fé sem confiança, como não há amor nem qualquer outra boa relação humana sem confiança. Mesmo as relações internacionais dependem em grande medida da confiança, ou da desconfiança, que habitam os membros dos diferentes povos. Por exemplo, quanta  desconfiança fica nos corações humanos depois das guerras! Quando se viram injustiças, massacres ou destruições é difícil reconstruir pontes de confiança em direcção aos outros, aos outros povos, àqueles que pertencem a outras confissões ou comunidades. Mas isso não é apenas possível: para nós, cristãos, deve ser uma das prioridades.» Ele também dará o seu testemunho num dos workshops.

No dia 1 terminou o prazo de inscrição no Encontro. Com os números que temos neste momento, ainda faltam muitos lugares para alojar os participantes. Em média, cada paróquia conseguiu encontrar até agora metade dos lugares que fixámos juntos como objectivo. Para que todos fiquem em famílias será necessário que as paróquias atinjam os objectivos definidos. Como muitos deixam tudo para a última hora, continuamos a ter esperança de poder acolher todos em famílias... mas ainda há muito trabalho a fazer! 


A folha de cânticos para o Encontro está já disponível em: http://www.taize.fr/IMG/pdf/Songs.pdf 

16 de agosto de 2006

O primeiro aniversário da morte do irmão Roger

16 de Agosto - 4ª feira às 19.45h
À semelhança do que acontece em Taizé gostariamos de assinalar este dia com uma oração na Igreja de São Nicolau na Baixa às 19.45h. Por favor divulguem!
Obrigada!

O primeiro aniversário da morte do irmão Roger será marcado de forma muito simples com uma Eucaristia celebrada às 20.30h de 16 de Agosto na Igreja da Reconciliação. Milhares de jovens de mais de 60 países, que estarão em Taizénessa semana, participarão na celebração.«Cristo de compaixão, tu concedes-nos estar em comunhão com aqueles que nos precederam e que podem permanecer tão próximos de nós. Entregamos nas tuas mãos o nosso irmão Roger. Ele contempla já o invisível. Seguindo os seus passos, tu preparas-nos para acolhermos um reflexo da tua luz.»

4 de agosto de 2006

Cantinho


Nas colinas de Taizé,
Nas paisagens verdejantes,
nos lugares mais lindos,
no local mais silencioso
encontrarás o teu cantinho.

Um cantinho de paz,
um cantinho de convivio,
com diversas pessoas
diferentes linguas, raças, cores culturas
e diferentes experiencias de vida.

Um cantinho mas perto de Deus,
aonde podemos abrir os corações,
aonde podemos conviver sem mágoas,
aonde podemos trocar experiências,
aonde podemos fazer amizades.

Numa comunidade, numa aldeia,
aonde existe simplicidade
dedicação, amor e paz,
organização e trabalho,
aonde podemos dar e receber
ou não receber sem receios.

LMCF

31 de julho de 2006

Oração

Os sinos tocam,
ultimas badaladas
tudo em oração,
um silencio total,
milhares de pessoas,
na sua diversidade,
raças, linguas, classes,
idades, sexos, castas
momentos de silêncio,
apenas ouve-se
o cantar dos passaros.
Os olhos fecham
tudo aguarda
aquele toque,
aquele inicio,
o arranque das melodias.
Quando começa,
todos cantam,
tudo vibra,
coração pula,
pela emoção de uma suave melodia.
Um olhar em redor,
mistura de cores,
mistura de diversidades,
tudo belo e tudo bonito
tudo estranho e tudo diferente.........

LMCF

30 de julho de 2006

Chegada a Taizé

Sejamos bem-vindos
sejamos bem-acolhidos
uns chegam e alegram de reviver Taizé,
outros partem e levem o espirito de taizé,
no coração, a tristeza de dizer até um dia.

Escolhemos tema, escolhemos trabalho,
escolhemos camarada, companheira..

Na simplicidade de uma aldeia
tudo é tão simples, tão sereno,
tudo se medita, tudo se resolve
mesmo aquilo que não tem solução.

Um pouco de tudo,
Oração, silêncio, organização, diversão, meditação
e no fim, uma noite bem descansada.

LMCF

29 de julho de 2006

Encontros em Taizé


O Acolhimento sempre representou uma parte essencial da vida em Taizé. Semana após semana, ao longo de todo o ano, jovens de todos os países da Europa e também de outros continentes vêm participar em encontros centrados na «vida interior e solidariedade humana».

De um domingo até ao domingo seguinte, cada um é convidado a entrar no ritmo de uma vida comunitária durante uma semana: reunir-se com os irmãos três vezes por dia para a oração, juntar-se a pessoas de outros países para os encontros, as refeições, as discussões em pequenos grupos, e diversos trabalhos.

Existem encontros para jovens, adultos de mais de 30 anos e para famílias com os seus filhos. Encontra-se também uma página destinada à preparação da vinda de grupos de jovens.

21 de julho de 2006

Amor e Destino

"Somos uma mãe natureza,
uma rosa vermelha, rosa, amarela, branca,
seja ela qual for a sua imensa beleza.

Nascemos, crescemos, sobrevivemos
ao vento, á chuva, á violência,
á tempestade, ao sol, tórrido,
ás tristezas de não mexermos,
ás alegrias de ver o sol.

Mais cedo ou mais tarde
Mudamos de vida
conhecemos outras caracteristicas,
seja felicidade, sentimentos sinceros.

Em nome do amor e do destino
de uma vida melhor
a tudo resistimos, a tua sobrevivemos,
a tudo damos vida...

Teremos que viver
o nosso próprio destino
o rumo já traçado
das nossas vidas."

LMCF

16 de março de 2006

As crianças

O que significa «acolher o reino de Deus como uma criança»?

Um dia, alguém levou crianças até Jesus para que ele as abençoasse. Os discípulos opuseram-se. Jesus indignou-se e disse-lhes para deixarem as crianças chegar até ele. Depois disse-lhes: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (Marcos 10,13-16).
É útil lembrar que, anteriormente, foi a estes mesmos discípulos que Jesus dissera: «A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus» (Marcos 4,11). Por causa do Reino de Deus, eles deixaram tudo para seguir Jesus. Procuram a presença de Deus, querem fazer parte do seu Reino. Mas eis que Jesus os adverte que, ao repelirem as crianças, estão justamente a fechar a única porta de entrada nesse Reino de Deus tão desejado!
Mas o que significa «acolher o reino de Deus como uma criança»? Normalmente interpreta-se como: «acolher o Reino de Deus como uma criança o faz». Isso corresponde a uma palavra de Jesus em Mateus: «Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu» (Mateus 18,3). Uma criança confia sem reflectir. Não pode viver sem confiar nos que estão à sua volta. A sua confiança não é uma virtude, é uma realidade vital. Para encontrar Deus, o melhor de que dispomos é o nosso coração de criança, que está aberto espontaneamente, ousa pedir com simplicidade, quer ser amado.
Outra interpretação possível é: «acolher o Reino de Deus como se acolhe uma criança». Pois o verbo «acolher» em geral tem o sentido concreto de «acolher alguém» (Marcos 9,37). Nesse caso, é ao acolhimento dado a uma criança que Jesus compara o acolhimento da presença de Deus. Há uma secreta conivência entre o reino de Deus e uma criança.
Acolher uma criança é acolher uma promessa. Uma criança cresce e desenvolve-se. É assim que o reino de Deus nunca é na terra uma realidade acabada, mas sim uma promessa, uma dinâmica e um crescimento inacabado. E as crianças são imprevisíveis. Neste relato do Evangelho, chegam quando chegam, e obviamente não chegam no momento certo, de acordo com os discípulos. Mas Jesus insiste que é necessário acolhê-las visto que estão lá. É assim que é necessário acolher a presença de Deus quando ela se apresenta, quer seja numa boa quer seja numa má altura. É necessário entrar no jogo. Acolher o Reino de Deus como se acolhe uma criança é manter-se atento e rezar para o acolher quando ele chega, sempre inesperadamente, a horas ou fora de horas.

Porque é que Jesus deu tanta atenção às crianças?

Um dia, os doze apóstolos discutiam para saberem quem era o maior (Marcos 9,33-37). Jesus, que adivinhou os seus pensamentos, disse-lhes uma palavra desconcertante que confunde e abala as suas categorias: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos».
A esta palavra, juntou o gesto. Foi buscar uma criança. Terá sido uma criança que encontrou abandonada na esquina de uma rua de Cafarnaúm? Trouxe-a, «colocou-a no meio» dessa reunião de futuros responsáveis pela Igreja e disse-lhes: «Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe». Jesus identifica-se com o menino que acaba de receber nos braços. Afirma que é «um destes meninos» que melhor o representa, de tal forma que receber um menino desses é o mesmo que acolhê-lo a ele próprio, Cristo.
Pouco antes, Jesus tinha dito estas palavras enigmáticas: «O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens» (Marcos 9,31). «O Filho do Homem» é ele próprio e são simultaneamente todos os filhos dos homens, quer dizer todos os seres humanos. A palavra de Jesus pode compreender-se: «os seres humanos estão entregues ao poder dos seus semelhantes». É sobretudo quando Jesus é preso e mal tratado que se verificará, mais uma vez, que os homens fazem o que quer que seja aos seus semelhantes que estejam indefesos. Que Jesus se reconheça na criança que foi buscar já não é assim de espantar, pois, tantas vezes, também as crianças são entregues sem defesa àqueles que têm poder sobre elas.
Jesus deu particular atenção às crianças porque queria que os seus dessem uma atenção prioritária aos desprotegidos. Até ao fim dos tempos, serão os seus representantes na terra. O que lhes fizerem é a ele, Cristo, que o farão (Mateus 25,40). Os «mais pequenos dos seus irmãos», os que pouco contam e que são tratados de qualquer maneira, porque não têm poder nem prestígio, são o caminho, a passagem obrigatória, para viver em comunhão com ele.
Se Jesus pôs um menino no meio dos seus discípulos reunidos, foi também para que eles próprios aceitassem ser pequeninos. Explicou-lhes isso no seguinte ensinamento: «Seja quem for que vos der a beber um copo de água por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa» (Marcos 9,41). Indo pelos caminhos para anunciar o Reino de Deus, os apóstolos também serão «entregues nas mãos dos homens»: Nunca saberão de antemão como irão ser acolhidos. Mas até para aqueles que os acolherem apenas com um simples copo de água fresca, mesmo sem os levarem a sério, os discípulos terão sido portadores de uma presença de Deus.
Carta de Taizé: 2006/2

31 de dezembro de 2004

Encontro de Taizé em Lisboa (2004/2005)

A urgência da paz



«Se actualmente vivemos, com jovens de todos os continentes, uma peregrinação de confiança através da terra, é porque estamos conscientes da urgência da paz. Podemos contribuir para a paz na medida em que procuramos responder através das nossas vidas às seguintes perguntas: poderei tornar-me portador de confiança onde vivo? Estarei disposto a tentar compreender os outros cada vez melhor?» Foi assim que o irmão Roger se dirigiu no dia 28 de Dezembro aos 40 000 jovens que se tinham reunido para o 27° encontro anual.

«Redescobri a minha paróquia à luz do Encontro.»

Cerca de 10 000 famílias da região de Lisboa abriram as portas de suas casas para acolher os participantes. Houve jovens que se mobilizaram, em todas as paróquias da região, para anunciar o Encontro e convidar à hospitalidade. Marta, uma jovem da paróquia de Alcanhões, escreve:
«Fiz parte de uma equipa de preparação, que se reúne desde Abril de 2004. Quando soubemos que o Encontro se realizaria em Portugal e a área de acolhimento estava muito próxima da nossa paróquia, perguntámos aos irmãos se também podíamos acolher. Assim que soubemos que era possível pusemos mãos à obra. Não éramos muitos, mas gradualmente a equipa foi aumentando. A maioria tinha idades entre os 16 e os 20 anos. Passo a passo, organizávamo-nos e todos os fins-de-semana tínhamos actividades. Desde a divulgação à preparação dos vários momentos do Encontro. Como precisávamos de arranjar transporte até à estação dos comboios, distribuímos chá e bolos à saída da igreja depois da missa, com a ajuda de várias pessoas da paróquia. Em troca, as pessoas davam o que podiam para podermos alugar um autocarro. Ao sábado à tarde, íamos dois a dois bater de porta em porta, para falar deste acontecimento. Nessa altura, fomos descobrindo que o Encontro já estava a acontecer. Fomos conhecendo mais as pessoas da nossa paróquia e os seus problemas. As pessoas iam abrindo as suas portas e, ao saberem que passaríamos na sua rua, esperavam por nós em suas casas. Vimos que o mais importante era estar com as pessoas que vivem sozinhas ou precisam de conversar.
Antes da preparação do Encontro, os jovens de Alcanhões costumavam reunir-se uma vez por mês para rezar. Durante a preparação passámos a rezar uma vez por semana. A oração alimentava-nos, dava sentido ao nosso trabalho, resposta às nossas dúvidas e força às nossas fraquezas.
Chegou o dia 28 e com ele os 120 jovens que acolhemos. Esse dia e os que se seguiram foram como que um trovão que nos abanou. Disse repetidas vezes que ansiava que chegasse o fim do Encontro. Estava muito cansada e os problemas para resolver eram muitos e pareciam intransponíveis. Surpreendentemente, as pessoas que estavam à minha volta e que me faziam imensas perguntas apareciam sempre simpáticas e nunca se revoltaram contra qualquer coisa que não estivesse a correr como previsto. Por exemplo, um dia o comboio teve um atraso de uma hora e meia. Em vez de se zangarem, as famílias que esperavam os jovens na estação fizeram uma fogueira e conviveram.
Só depois da reunião de avaliação com as famílias é que tive a noção de que passávamos para a fase seguinte. Aí fui assaltada por uma profunda nostalgia que me confundiu: ‘Será que estou a viver o mesmo que os jovens normalmente vivem quando vão pela primeira vez a Taizé? Choram porque acabou aquela semana, como se tudo o resto não prestasse.’

«Acertar a minha vida com o passo de Deus.»

Tinha que encontrar agora o sentido para tudo isto. Neste momento vejo o Encontro como algo que iluminou o que descobrimos durante a preparação.
Taizé ajudou-me a gradualmente ver a minha vida de outra forma. Fazendo a experiência do amor de Deus tudo muda. De vez em quando tenho vontade de intensificar mais os momentos de oração, para acertar a minha vida com o passo de Deus. Este Encontro trouxe-me algo de novo. Sinto que está nas minhas mãos transformar a vida em Alcanhões. Já sei o que é mais importante, algumas coisas que fazem as pessoas felizes. Cabe-me a mim fazer ou não.»
Duas semanas depois do Encontro, as famílias que tinham acolhido os participantes nesta paróquia reuniram-se para partilhar as suas experiências. Uma senhora dizia que, através do Encontro, tinha compreendido que é possível acolher jovens que não se conhecem como se fossem os próprios filhos. Perante a paróquia, a senhora comprometeu-se então a acolher a partir de agora crianças órfãs durante os períodos de férias escolares. Uma outra senhora, citando a Carta aos Hebreus (Heb 13,2), dizia que «sem o sabermos, hospedámos anjos»: entre sorrisos de alegria e lágrimas de emoção, todos os presentes começaram aplaudir.

«Partilhavam connosco o que tinham de melhor.»

Véronique, uma jovem francesa, conta a sua experiência durante o Encontro:
«Os peregrinos que foram a Lisboa foram todos acolhidos em famílias; nós, seis franceses e seis polacos, tivemos a grande sorte de ser acolhidos por várias famílias ao mesmo tempo: famílias de um bairro pobre de Lisboa. Este bairro da Quinta da Serra, a norte de Lisboa, no Prior Velho, está situado entre o aeroporto e a auto-estrada, e é atravessado por um cabo de alta tensão. Mas as pessoas ali respiram alegria. Estes imigrantes de Cabo Verde, da Guiné, de Angola, de Moçambique ou de outros países têm uma grande noção de acolhimento: à noite, sopa, sumos de fruta, doces, chás esperavam-nos e prolongavam-se nas danças com um fundo de música de Cabo Verde. Para testemunhar ao resto da paróquia do Prior Velho e aos lisboetas que as pessoas do bairro são como as outras, eles fizeram questão em que tudo fosse perfeito, a ponto de construírem chuveiros e fazerem chegar água quente à pequena casa da associação do bairro onde fomos alojados. Durante esses cinco dias com eles, vivemos uma simplicidade cheia de alegria, cruzámo-nos com vidas por vezes marcadas pela guerra e pelo exílio, mas guiadas por sorrisos coloridos e pela fé.»
Wojtek, um jovem polaco que esteve vários meses em Lisboa a preparar o Encontro, conta as visitas que fez à Quinta da Serra:
«A Quinta da Serra é um bairro pobre do Prior Velho, nos arredores de Lisboa. Aquele local impressionou-me muito na primeira vez que lá fui. Perto de vários prédios de habitação social, tinha à minha frente um grande bairro feito de barracas e pequenas casas pré-fabricadas, ocupadas por imigrantes africanos. Algumas destas construções estavam completamente em ruínas. Em cima dos telhados acumulava-se uma grande variedade de objectos, coisas que as pessoas normalmente deitam fora: pneus velhos, cadeiras partidas, brinquedos. Disseram-me que, em certos casos, vivem nestas casas várias famílias, chegando por vezes a viver juntas trinta pessoas.
Durante a nossa primeira visita encontrámos muita gente. Estavam sentadas ao ar livre algumas pessoas de idade, e fomos cumprimentá-las: ‘Olá’, ‘Bom dia’, ‘Tudo bem?’. Elas conheciam bem a pessoa que nos acompanhava, que dá uma ajuda voluntária neste bairro há vários anos. Todas as pessoas nos sorriam e nos cumprimentavam. Algumas senhoras cozinhavam. Numa ruela, uma senhora lavava a cabeça de uma rapariguita. Aí perto, um homem consertava um grande buraco no telhado da sua casa. Ao longe, ouvia-se uma música ritmada, que vinha de um grupo de jovens acompanhados por cães com ar feroz. Alguém me disse que se organizam por vezes combates de cães. Foi a primeira vez na minha vida que entrei num bairro daqueles. Sentia-me como se estivesse noutro mundo. A minha primeira reacção foi de ter medo, talvez por causa das histórias que tinha ouvido. Mas ao mesmo tempo havia algo de extraordinário naquele lugar e no olhar das pessoas que encontrávamos.

«Como acolher quando se vive em condições tão difíceis?»

A certa altura, vi, por trás de uma grade, um grande póster colorido, colado na fachada de um dos prédios. Era um convite para o Encontro de Taizé. Podia ler-se em grandes letras a palavra ‘CONFIANÇA’. Sim, o Prior Velho era uma das paróquias que se preparava para acolher jovens durante o Encontro em Lisboa. Mas como se poderia acolher na Quinta da Serra, quando as pessoas que aí habitam vivem em condições tão difíceis?
A peregrinação de confiança começou ali com uma oração semanal. Todas as semanas, jovens da Quinta da Serra e de uma outra zona da paróquia, em conjunto com os padres e as irmãzinhas de Jesus que aí vivem, criaram o hábito de preparar uma oração em volta da Cruz. À entrada do bairro, um grupo de crianças esperava as pessoas que vinham de fora e levava-as pelas ruas escuras até uma casa no centro da Quinta: numa grande sala tudo tinha sido preparado de uma maneira simples e bonita. A sala enchia-se rapidamente, sobretudo com crianças, mas também com jovens e pessoas de idade do bairro. Depois da oração à volta da Cruz, os nossos hospedeiros convidavam-nos para uma pequena festa, muito alegre. Partilhavam connosco o que tinham de melhor. Alguém tinha preparado um bolo, outros serviam o chá…
Víamos que muitos deles desejavam muito acolher jovens em suas casas, apesar das suas condições de vida. A comunidade da Quinta da Serra decidiu por fim utilizar o edifício da associação do bairro como camarata. Os jovens trabalharam arduamente durante várias semanas seguidas para prepararem o local. Durante o Encontro, muitos deles acompanharam os doze jovens franceses e polacos que aí ficaram alojados. Alguns dormiram com eles no local da associação. Todos os dias, havia uma rotação das famílias que preparavam o pequeno-almoço e a refeição da noite. A presidente da associação não teve férias durante o Encontro e tinha que se levantar às 6h da manhã para ir trabalhar. No entanto, todas as noites ela estava presente para ajudar a acolher os jovens. Só conseguia dormir três horas por noite... e não era a única nessa situação! No último dia, as famílias e os jovens acolhidos choravam e sorriam nos braços uns dos outros.
Depois do Encontro, voltei lá uma última vez. Em frente a uma casa encontrei um rapazinho de 6 anos. Mostrou-me a sua casa e pediu-me para jogar com ele aos berlindes. Ensinou-me as regras do jogo e começámos a jogar. Rapidamente vieram ter connosco outras crianças. No final, o rapazinho pedia-me para ficar mais tempo com ele e eu respondi que já não podia ficar mais tempo. Pediu-me então para voltar e eu disse-lhe que ia tentar. Não sei se lá voltarei um dia, mas tenho a certeza que a Quinta da Serra é agora um lugar diferente, apesar de parecer exactamente o mesmo. Nesta última visita vi como a Quinta era um local belo. Belo pela beleza e simplicidade das pessoas que aí vivem. Recebi muito lá e tenho a certeza que vai continuar lá alguma coisa.»

31 de dezembro de 2003

Encontro de Taizé em Hamburgo (2003/2004)


A face da Igreja como comunhão


«Quem olha para Deus resplandecerá, na sua face não haverá mais amargura», canta o salmista: em Hamburgo, em confiança e em simplicidade, pudemos ver luz na face da Igreja. Afinal era a sua verdadeira face, a sua face de comunhão.
Em Hamburgo, tal como noutros sítios, apresenta-se por vezes a Igreja como uma instituição ultrapassada, sem gosto pela beleza moderna, um vestígio do passado que tem medo de aceitar a sociedade do presente. E, contudo, existe uma realidade de Evangelho, por vezes escondida, mas intacta na sua frescura inicial. Esta realidade precisa de pouco para se tornar visível. É esse pouco que é trazido, de vez em quando, por um acontecimento inesperado, como foi a chegada a Hamburgo de milhares de jovens de todo o continente. «Um pouco» que permitiu a numerosos cristãos e não cristãos, da cidade e da região, oferecer o melhor deles próprios.
Um sinal simples
O Encontro de Hamburgo não pretendia ser outra coisa que não um sinal muito simples. Podia ler-se no folheto preparado no Outono passado para explicar às pessoas de Hamburgo o significado do Encontro: «O Encontro Europeu não é uma conferência sobre um tema preciso. Os jovens que virão não pertencem a uma orientação política específica, nem a um movimento. Os participantes vêm de diversas igrejas e de diferentes tradições cristãs. Vêm atravessando fronteiras humanas e geográficas. Não à procura do que os separa, mas do que os une, não para se reconfortarem mutuamente no pessimismo, mas para se aperceberem de sinais de esperança.»
O Encontro realizou-se num período difícil da vida dos cristãos de Hamburgo. A Igreja luterana e a Igreja católica sofrem situações financeiras cada vez mais difíceis. Têm de tomar decisões bastante dolorosas: fechar igrejas, suprimir certas instituições que foram iniciadas muito generosamente há muito tempo e que não podem continuar com o mesmo estilo. E isso cria tensões. Muita gente dizia: «Não é a melhor altura para termos um encontro de jovens.» Outros, pelo contrário, afirmavam: «É precisamente agora que precisamos de algo completamente diferente.»
O Encontro não trazia nem uma solução para os problemas da Igreja, nem uma proposta completamente nova para repor as comunidades cristãs nos caminhos do «crescimento». Tratava-se sobretudo de uma celebração do que já existe e também do que é desejado com esperança. O Encontro queria favorecer uma redescoberta do que já nos une, cristãos de diversas Igrejas, muito para além das heranças dolorosas da história. Procurava exprimir o desejo de nos libertarmos do que magoou, a fim de rezarmos em conjunto. Foi isso que aconteceu com uma dezena de responsáveis de Igrejas, bispos luteranos, ortodoxos e católicos, que rodeavam o ícone de Cristo na cruz na noite de 30 de Dezembro.
«Não estamos sozinhos»
Várias confissões cristãs de Hamburgo acolheram jovens, em cerca de 280 paróquias, quer dentro da cidade quer nos arredores. Também as cidades vizinhas, até Lübeck ou Lüneburg, a mais de sessenta quilómetros de Hamburgo, ofereceram um bom acolhimento.
Seis bispos, protestantes e católicos, de Hamburgo e da região, tinham escrito em conjunto uma carta dirigida a todas as paróquias para as encorajar a acolherem as dezenas de milhares de jovens que viriam de toda a Europa, Oriental e Ocidental, e até de mais longe: «Darão um sinal de esperança e de encorajamento num mundo onde muitos procuram um sentido que os possa guiar. Acolhamo-los bem!»
As orações comunitárias realizaram-se em grandes pavilhões, decorados com reproduções de pinturas da região: por exemplo, inspiradas nos altares de Meister Bertram ou com grandes cruzes simbolizando a árvore da vida, à imagem da cruz da catedral de Lübeck, muito próxima. Uma jovem participante do sul da Alemanha descreve a sua experiência, marcada por estas orações:
«Mal entrei no pavilhão 4, na primeira noite, senti a comunhão. Logo que se começa a cantar e a rezar em conjunto, tudo o que pesava se torna mais ligeiro e chega uma grande paz e também alegria. Faz-nos bem ver que não estamos sozinhos na fé, que há outros jovens. Nestas orações, sentia Deus muito próximo. E esta alegria era comunicativa. Era impressionante ver a atitude das pessoas transformar-se, na rua ou no metro, e descobrir a sua atenção e interesse. A nossa família de acolhimento foi de uma extraordinária hospitalidade. Não tínhamos problemas de comunicação, tentavam compreender o que procurávamos, e fiquei felicíssima quando a nossa ‘mãe de acolhimento’ nos acompanhou à oração da noite nos pavilhões. Era muito bonito ver todas as gerações juntas e ver pessoas de idade deixar-se tocar pela oração.»
O bispo luterano Huber, presidente do Conselho das Igrejas evangélicas na Alemanha, escrevia ao irmão Roger: «Este Encontro em Hamburgo é um sinal imenso de paz e de abertura à reconciliação. É impressionante ver tantos jovens de toda a Europa e de outros pontos do mundo empenharem-se na ‘Peregrinação de confiança na terra.’ Esta ‘Peregrinação’ já marcou numerosas gerações de jovens e deu-lhes a coragem da fé para fazerem os compromissos exigidos pelo nosso tempo. O seu próprio compromisso, caro irmão Roger, é para isso um catalisador decisivo. Os jovens percebem através de si e dos seus irmãos que não estão sozinhos nos seus esforços de reconciliação no nosso mundo, mas que, pelo contrário, estão ligados numa comunidade de oração com as dimensões do mundo.»
Um Encontro destes não se pode fazer sem o apoio não só das igrejas locais, mas também de todas as administrações e diferentes serviços das cidades de acolhimento. A organização dos transportes, por exemplo, exige que muitas pessoas renunciem às suas férias para assegurar os serviços suplementares. Ou o acolhimento nas escolas: as pessoas que lá trabalham aceitaram vir às escolas nesses dias e fizeram-no com uma grande disponibilidade.

31 de dezembro de 2001

Encontro de Taizé em Budapeste (2001/2002)

A hospitalidade, um rosto de Deus

Abrir as suas portas a desconhecidos nunca é uma coisa fácil. Graças a meses de trabalho, centenas e centenas de reuniões de preparação, foi possível preparar um acolhimento não só em Budapeste, mas também em numerosas localidades dos arredores.
No dia 28 de Dezembro de manhã, milhares de famílias húngaras estavam impacientes por conhecerem os jovens que iam acolher durante cinco dias. «Irão conseguir chegar? Ficarão retidos pelas tempestades de neve que caem sobre a Europa central? As formalidades nas fronteiras atrasarão muito a sua chegada? Como ultrapassar a barreira das línguas?» A estes medos acrescentava-se um contexto internacional nada tranquilizador.
Graças a meses de trabalho, centenas e centenas de reuniões de preparação, foi possível preparar um acolhimento em cento e oitenta paróquias, de todas as confissões. Algumas eram a uma hora de Budapeste, junto da fronteira eslovaca. Foram disponibilizadas muitas escolas. E, graças a pedidos feitos através da rádio e da televisão húngara, também se encontraram milhares de lugares em famílias que não frequentam habitualmente as igrejas.
De toda a Europa, três mil jovens chegados logo a 26 de Dezembro repartiram entre si o trabalho de acolhimento do dia 28. Uma reportagem de uma televisão francesa pôs em relevo o sentido de serviço, espantosamente vivo nestes jovens. Foi muito graças a eles que foi possível acolher e rezar com os 70.000 participantes no encontro.
Enquanto a maioria dos jovens de outros povos foi primeiro recebida em escolas da cidade, os polacos chegaram ao Parque das Exposições antes de serem orientados para as paróquias de acolhimento. Foram os mais numerosos. Muita gente pergunta que explicação há para a presença destes milhares de jovens polacos ano após ano. Obviamente que não se trata de algo superficial: durante todo o Outono, duzentos pontos de preparação na Polónia serviram não só para difundir as informações necessárias ao encontro e à viagem, mas também para organizar orações em comum e tempos de reflexão. «Em Wroclaw, em Dezembro, antes da minha partida para Budapeste, havia todos os dias uma oração com os cânticos de Taizé numa igreja da cidade» dirá Alicia, estudante de ciências políticas.
Mas havia também 4.000 romenos e outros tantos italianos. Os ucranianos, germanófonos, croatas e franceses vinham logo a seguir. Nunca tinham sido tantos a vir dos Balcãs, que aumentaram assim consideravelmente a presença tão apreciada dos ortodoxos. Para chegar a Budapeste, alguns dos 300 portugueses partiram no dia de Natal.

Dúvidas e surpresas

As relações muitas vezes tensas entre a Roménia e a Hungria deixavam surgir uma dúvida sobre o acolhimento aos romenos. Dúvida que se sentia dos dois lados da fronteira. Seria finalmente uma das mais alegres surpresas desta «peregrinação de confiança». Para os romenos: «Não pensávamos ser acolhidos assim na Hungria.» Para os húngaros: «Não sabíamos que nos poderíamos ligar desta forma a romenos.» Uma das famílias de acolhimento já tinha feito essa experiência em 1991, aquando do primeiro encontro de Budapeste. Na altura, tinham escrito na sua ficha de acolhimento: «Acolheremos quatro pessoas, mas não queremos romenos, por favor.» Apresentaram-se à sua porta quatro romenos. Para dizer o que foram esses dias vividos em conjunto, basta olhar a sua ficha de acolhimento deste ano: «Quatro pessoas. Romenos, por favor.»
Uma jovem arquitecta húngara escreve: «Tinha previsto acolher quatro pessoas no meu apartamento. Acabei por acolher seis, e mais quatro para a refeição do dia 1 de Janeiro. A confiança que lhes demonstrei foi-me paga cem vezes. É espantoso como, no fim, tudo fica no lugar. Muitos outros farão a mesma apreciação. Não vivia desesperada antes disto, mas estes dias passados em conjunto certamente que reforçaram em mim uma esperança e talvez uma capacidade de olhar o futuro com confiança. E sei que isto se deve à bondade e simplicidade que encontrei.»
Há numerosos testemunhos que vão no mesmo sentido e fazem eco do que os primeiros cristãos já sabiam: oferecer hospitalidade é, como para os discípulos de Emaús, descobrir a face de Deus. A palavra «milagre» está em muitas bocas. «Somos compreendidos sem falar a mesma língua.» Com humor, um jovem de Budapeste diz: «Em Babel, Deus baralhou as línguas porque os homens trabalhavam contra ele, em Budapeste, era o nosso desejo comum de viver o Evangelho que nos reunia e compreendíamo-nos.»

«No princípio, o caos...»

O mais antigo semanário católico da Hungria publicou este testemunho de um adulto de uma paróquia que acolheu 700 jovens: «No princípio estava tudo um pouco caótico. No dia 28 de Dezembro chegaram quase todos ao mesmo tempo. Foi preciso tempo para os acolher e era um pouco difícil. A nossa pequena igreja e a nossa casa paroquial pareciam uma sala de espera de uma estação de caminho de ferro num filme de guerra! Os responsáveis trabalharam bem e os nossos hóspedes mereciam um prémio pela sua paciência e compreensão. Milhares de pessoas na nossa capital descobriram que oferecer o seu tempo, deixar provisoriamente a paz e a calma do seu lar, não é só um acto bondade, é também fazer a experiência de como é bom fazer isso. Em cada paróquia, houve famílias que, durante alguns dias, abriram a sua casa a estrangeiros e compreenderam que somos ricos. Estamos ligados uns aos outros, mais do que aquilo que pensamos. No dia 1 de Janeiro, a nossa igreja estava tão cheia que os padres tiveram dificuldade em chegar ao altar. Estes dias transmitiam uma mensagem importante: a fé cristã é universal: húngaros, romenos, italianos, japoneses, lituanianos, franceses, somos membros de uma mesma família. Descobrimos como cada um tem tesouros únicos, mas também que esses tesouros podem ser partilhados. E que o acto de os partilhar não os compromete mas antes os aumenta. Ficam então ainda mais preciosos e mais nossos.»

31 de dezembro de 1998

Encontro de Taizé em Milão (1998/1999)

Taizé: cem mil jovens

Cem mil jovens de todos os países europeus invadiram a cidade de Milão nos últimos dias de 1998, onde se realizou o 21º Encontro Ecuménico Europeu da Comunidade Taizé. Chegaram servindo-se de todos os meios de transporte, provenientes de todos os países da Europa, Ocidental e do Leste e também de outros continentes. Em comum, traziam o empenhamento com que enfrentam, sem as evitar, as grandes questões sobre o sentido da vida e da morte, a felicidade e o sofrimento, o amor, a amizade, a paz. Estiveram unidos pela sinceridade com que procuram respostas adequadas às questões da sociedade actual e pela coragem de erguer o olhar e rezar.
A oração foi, de facto, a principal actividade do programa de encontro, cujo início foi saudado pelo toque dos sinos de todas igrejas da diocese de Milão e por mensagens de bons votos enviadas pelo Secretári-Geral das Nações Unidas, pelo Papa, pelo Arcebispo de Milão, pelos Patriarcas de Constantinopla e de Moscovo e pelo Arcebispo de Cantuária. Guiados por uma carta do fundador da Comunidade, o Ir. Roger Schutz, traduzida em 58 línguas, meditaram sobre temas bíblicos e trocaram reflexões e experiências. No último dia do ano pediram a Deus o dom da paz e deram as boas vindas ao novo ano animando as festas e celebrações liturgicas nas paróquias em que foram acolhidos.