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12 de abril de 2020

Lenda da Torre da Princesa

 tradição local refere que há muito, quando a povoação ainda era a aldeia da Benquerença, existiu uma bela princesa órfã, que ali vivia com o seu tio, o senhor do castelo.
Esta princesa apaixonou-se por um nobre, valoroso e jovem cavaleiro, porém carente de recursos. Por esse motivo, o jovem partiu da aldeia em longa jornada em busca de fortuna, prometendo retornar apenas quando se achasse digno de pedir-lhe a mão.
Nesse ínterim, durante anos a fio, a jovem recusou todos os seus pretendentes, até que o seu tio, impaciente, prometeu-a a um amigo, forçando-a ao compromisso.
Ao ser apresentada ao candidato do tio, a jovem confessou-lhe que o seu coração pertencia a outro homem, cujo retorno aguardava há anos.
A revelação enfureceu o tio, que decidiu aumentar a coerção por meio um estratagema: nessa noite, disfarçou-se como um fantasma e, penetrando por uma das duas portas dos aposentos da princesa, simulando ser o fantasma do jovem ausente, afirmou-lhe com voz lúgubre, que ela estava condenada para sempre à danação, caso não aceitasse casar-se com o novo pretendente. Prestes a obter um juramento por Cristo por parte da princesa, milagrosamente abriu-se a outra porta e, apesar de ser noite, um raio de sol penetrou nos aposentos, desmascarando o tio impostor.
Daí em diante, a princesa passou a viver recolhida na torre que hoje leva o seu nome, e as duas portas passaram a ser conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol, respectivamente.

12 de março de 2020

Lenda do Milagre das Rosas

Conta a lenda que o rei D. Dinis foi informado sobre as ações de caridade da rainha D. Isabel e das despesas que implicavam para o tesouro real. Um dia, o rei decidiu surpreender a rainha numa das suas habituais caminhadas para distribuir esmolas e pão aos necessitados.
Reparou que ela procurava disfarçar o que levava no regaço. D. Dinis perguntou à rainha onde ia e ela respondeu que se dirigia ao mosteiro para ornamentar os altares. Não satisfeito com a resposta, o rei mostrou curiosidade sobre o que ela levava no regaço.
Após alguns momentos de atrapalhação, D. Isabel respondeu: “São rosas, meu senhor!”. Desconfiado, o rei acusou-a de estar a mentir, uma vez que não era possível haver rosas em janeiro. Obrigou-a, então, a abrir o manto e revelar o que estava lá escondido.
A rainha Isabel mostrou, perante os olhos espantados de todos, as belíssimas rosas que guardava no regaço. Por milagre, o pão que levava escondido tinha-se transformado em rosas.
O rei ficou sem palavras e acabou por pedir perdão à rainha que prosseguiu com a sua intenção. A notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal.

12 de fevereiro de 2020

Lenda da Bezerra de Monsanto

Reza a lenda que no tempo dos Romanos, a aldeia de Monsanto (hoje pertencente ao concelho de Idanha-a-Nova) viu-se cercada durante vários dias pelas tropas romanas. Os romanos, em vez de atacar a aldeia, esperavam pacientemente que o povo de Monsanto se rendesse devido à fome já que, estando cercados, não podiam deslocar-se aos terrenos para buscar mantimentos.
O povo de Monsanto estava desesperado mas resistia com heroicidade. O tempo ia passando e chegou a altura em que apenas havia uma bezerra para comer. Com o povo desesperado e a pensar na rendição, o chefe lusitano da aldeia teve uma ideia: deu de comer à última bezerra até que esta ficasse o mais gorda possível.
Em seguida, deslocou-se ao alto do castelo e disse aos romanos: “Ofereço-vos esta bezerra que nos sobrou do banquete da última noite porque sei que vocês devem estar cheios de fome e cansados de esperar pela nossa rendição. Trarei uma nova bezerra todos os dias para vos oferecer”.
O chefe romano, incrédulo, pensou que afinal os lusitanos ainda teriam muito alimento e que não valeria a pena atacá-los e portanto levantou tropas e foi-se embora.
Este episódio ainda se celebra hoje em dia em Monsanto, em que os seus habitantes lançam cantâros desde o alto da torre relembrando assim o feito do antigo chefe lusitano da aldeia.

12 de janeiro de 2020

Lenda da Lagoa das Sete Cidades

Conta a lenda que há muitos, muitos anos, no lugar onde hoje fica a freguesia das Sete Cidades, existia um grande reino onde vivia uma jovem princesa de olhos azuis, muito bela e bondosa.
A princesa gostava muito da vida no campo e uma das suas actividades favoritas era passear pelos campos, sentindo o cheiro das flores, molhando os pés nas ribeiras ou apenas apreciando a beleza dos montes e vales que rodeavam o reino.
Um dia, durante um dos seus longos passeios, a jovem princesa passou por um prado onde pastava um rebanho. Ali perto, tomando conta do seu rebanho, estava um simpático pastor de olhos verdes, com quem a princesa decidiu conversar.

A princesa e o pastor falaram muito. Falaram dos animais, das flores, do tempo e de todas as coisas simples e belas que os rodeavam. Depois deste dia, os dois passaram a encontrar-se todos os dias para conversar.
Os dias e as semanas foram passando, e a princesa e o pastor encontravam-se todos os dias no mesmo lugar onde se tinham conhecido. Com o passar do tempo foram-se apaixonando e acabaram por trocar juras de amor eterno.
Mas a notícia dos encontros da princesa com o pastor acabaram por chegar aos ouvidos do rei, que não ficou nada satisfeito. Queria ver a sua filha casada com um príncipe de um dos reinos vizinhos e, por isso, proibiu-a de voltar a ver o pastor.
Por respeito ao pai, a princesa aceitou esta cruel decisão, mas pediu-lhe que a deixasse ir mais uma vez ao encontro do pastor para se poder despedir dele. Sensibilizado, o rei disse-lhe que sim.
A princesa e o pastor encontraram-se pela última vez nos verdes campos onde se conheceram… Mais uma vez, passaram o tempo a falar longamente sobre o seu amor e igualmente sobre a sua separação.
Enquanto conversavam choravam também. E choravam tanto que as lágrimas dos olhos azuis da princesa correram pelo vale e formaram a lagoa azul; já as lágrimas dos olhos verdes do pastor caíram com tanta intensidade que formaram a lagoa de água verde.
Por fim, os dois amados despediram-se e as lágrimas choradas pela sua separação formaram duas lagoas que ficaram para sempre juntas – tal como os dois enamorados, nunca se poderiam unir, mas também nunca se iriam separar.
Uma é a Lagoa Azul, a outra é a Lagoa Verde: são chamadas de “Lagoas das Sete Cidades”. Nos dias de sol mais brilhantes, as cores das duas lagoas são tão intensas que quase se consegue imaginar o olhar apaixonado do pastor dirigido para a sua princesa.

12 de dezembro de 2019

LENDA DA LOBA

Como todas as lendas, esta também nos diz que aconteceu em tempos de que a memória já não lembra.
Um rico lavrador da vila era o proprietário de uma vaca que dava pelo nome de “Lourin”. Um dia, a vaca foi pastar, tendo-se perdido nas pastagens verdes. O dono, muito aflito, correu à procura do seu animal, chamando-o “Lourin, onde estás Lourin?”
Ao fundo de um pequeno monte, ouviu-se a vaca … “Nhã!”
E pronto, aqui temos a origem do topónimo “Lourinhã”.
LENDA DA LOBA
A lenda leva-nos a recuar muitos, mas muitos anos. Nesta vila, determinadas pessoas puseram-se em pé de guerra por via de um alão (grande cão de caça) que pertencia a uma família muito rica. Certo dia, o cão, dada a sua corpulência e força, soltou-se! Vários homens avisaram a população de que se encontrava uma loba muito grande que a todos ameaçava. Assim, logo se juntou um grupo munido de paus, forquilhas e caçadeiras.
Correram atrás do animal, pensando ser uma loba e mataram-no. Viram que afinal era uma linda cadela de raça corpulenta.
Por causa desta lenda, a Lourinhã não se livrou de ainda em nossos dias, ser conhecida como a “terra da loba”.

12 de novembro de 2019

Lenda das Amendoeiras em Flor

Houve um rei muçulmano, quando o Algarve era uma parte desse grande reino muçulmano que existia no século VII, que casou com uma bela princesa nórdica, loura e de olhos azuis.
A princesa gostava muito do seu príncipe muçulmano mas começou a ficar cada vez mais triste, e chorava… e chorava… e o príncipe árabe também não sabia o que é que se passava com a sua amada, ficava também triste e não sabia o que é que lhe havia de fazer, então (se calhar) começou a pensar que se calhar ela não gostava dele, que não gostava de estar aqui no Algarve, que não gostava de outras coisas quaisquer, então decidiu ir-lhe perguntar o que é que se passava com ela… e ela dizia que tinha saudades, tinha saudades da sua terra, tinha saudades de ver a neve.
O príncipe pensou, pensou, pensou… e teve uma ideia, teve uma ideia que resultou no seguinte: Plantou uma série de amendoeiras e quando essas amendoeiras floriam (como as amendoeiras em flor parecem flocos de neve) todos os campos ficavam brancos.
Então, preparou uma surpresa à sua princesa, plantou as amendoeiras numa série de campos (que tentou manter escondidas da princesa durante algum tempo) e depois quando as flores abriram completamente chamou a princesa à janela… e ela ficou tão feliz de ver as árvores cobertas de branco que pensou mesmo que o seu príncipe tinha conseguido fazer neve no Algarve.
Pronto, e foi assim que surgiram as amendoeiras, por isso é que o Algarve tem tantas amendoeiras, e por isso também é que a flor de amendoeira é um dos símbolos do Algarve.

12 de outubro de 2019

Lenda da Fundação de Estremoz

No tempo de el-rei D. Afonso III cometeram os moradores de Castelo Branco um atroz delito e desejando el-rei informar-se do caso mandou para este fim um ministro àquela vila, porém os seus moradores não só não consentiram na devassa mas antes agravaram mais a primeira culpa com o horrível atentado de quererem matar o ministro.
Porém este, valendo-se das regras da prudência em semelhantes casos suspendeu a diligência e passou à corte para informar a el-rei o que lhe havia sucedido. O príncipe, justamente irritado, ordenou ao mesmo ministro que, com muita gente armada, fosse à dita vila e que sem atenção a idade ou sexo passassem a todos pelo fio da espada.
Partiu o ministro em tempo em que determinava dar cumprimento ao real decreto. Viu que os moradores com uma devota procissão em que levavam o Santíssimo Sacramento, imploravam com muitas lágrimas a clemência de el-rei. Este piedoso acto enterneceu o coração do ministro que suspendeu o castigo e deu conta de tudo a el-rei.
Este monarca, movido de uma natural compaixão, moderou o castigo, ordenando ao ministro que fizesse morrer todos os irracionais da vila e que os moradores dela fossem degradados e que a vila ficasse desabitada em pena da infame rebeldia dos seus moradores.
O que tudo se executou. Algumas destas famílias erraram de província em província até que foram dar ao derrotado castelo de Estremoz, onde junto dum copado e alto tremoceiro fundaram as primeiras casas e rua Direita e, no fim desta, a paroquial igreja de Sant’Iago, a mais antiga de Estremoz.
Passados alguns anos, vendo que a povoação tinha já bastante número de moradores, deputaram dois para que, em nome de todos, fossem pedir a el-rei D. Afonso III que lhe desse o foral da vila, o que el-rei deferiu perguntando-lhes que armas queriam para a vila e qual havia de ser o nome da nova povoação, ao que eles responderam que não tendo encontrado mais do que o sol, luz e estrelas que os cobrissem, e o tremoceiro ao pé do qual fundaram as primeiras casas, que estas queriam fossem as suas armas, e que por esta causa última queriam que a povoação se chamasse Estremoz. Tudo el-rei lhes concedeu.

29 de setembro de 2019

Lenda de Deu-la-Deu Martins

Na época das guerras entre D. Fernando de Portugal e D. Henrique de Castela, vivia em Monção Deu-La-Deu Martins, mulher do capitão-mor da região. Um dia, o galego D. Pedro Rodriguez Sarmento resolveu pôr cerco a Monção com um poderoso exército, aproveitando a ausência temporária do seu capitão-mor. A vila foi aguentando o cerco sob o comando de Deu-La-Deu Martins, mas a escassez de alimentos começava a tornar-se desesperante.
Foi então que Deu-La-Deu se lembrou de mandar fazer alguns pães da pouca farinha que restava. Pegou nos pães, subiu à muralha e atirou-os aos sitiantes, dizendo-lhes que as provisões abundavam na cidade e que, dada a duração do cerco, os galegos poderiam precisar de alimento. O inimigo, também cheio de fome e pensando que o cerco ainda poderia demorar mais tempo, decidiu retirar para Espanha.

22 de setembro de 2019

Lenda do Castelo de Faria

Diz a lenda que D. Fernando quebrou o compromisso de casamento com a filha do rei de Castela quando se apaixonou por Leonor Teles. Tal recusa fez com que o rei castelhano desencadeasse uma guerra contra Portugal. O Minho foi invadido pelo adiantado da Galiza, D. Pedro Rodriguez Sarmento, que se bateu com D. Henrique Manuel, tio do rei português, nos arredores de Barcelos. Os portugueses foram derrotados e entre os reféns ficou D. Nuno Gonçalves, alcaide-mor do Castelo de Faria.
D. Nuno receava que o seu filho entregasse o Castelo de Faria por o saber refém dos castelhanos e como tal resolveu engendrar um estratagema: pediu ao galego D. Pedro que o levasse até aos muros do castelo para convencer o filho a entregar a fortaleza sem resistência. Chegados ao castelo, D. Nuno pediu para falar com o seu filho, D. Gonçalo, e convenceu-o a defender-se a custo da própria vida. Os castelhanos, vendo-se traídos, mataram logo ali o velho alcaide e atacaram o castelo.
D. Gonçalo, lembrando-se das palavras do pai, resistiu heroicamente aos ataques e levou os inimigos a desistirem da luta. Apesar de premiado pela sua coragem, D. Gonçalo pediu depois ao rei D. Fernando autorização para abandonar o cargo de alcaide e tornou-se sacerdote.

12 de setembro de 2019

Lenda da Inês Negra

Inês Negra era uma mulher do povo, fiel à causa da independência de Portugal, no início do reinado de D. João I. Nessa altura, algumas terras portuguesas eram a favor de Castela. Por essa razão, Inês Negra abandonou Melgaço. Mais tarde, D. João I decidiu reconquistar Melgaço e Inês Negra juntou-se ao seu exército, mas as duas facções nunca chegaram a defrontar-se. Diz a lenda que a “Arrenegada”, inimiga de longa data de Inês Negra, desafiou Inês do alto das muralhas, propondo que a contenda fosse resolvida entre ambas, com o acordo do exército castelhano. D. João I assistiu espantado à resposta de Inês Negra, aceitando o desafio, e ambos os exércitos consentiram o confronto entre as duas.
No meio da luta, a “Arrenegada” conseguiu retirar a espada das mãos de Inês, mas esta tirou uma forquilha da mão de um camponês e continuou o confronto. Passado pouco tempo, as duas resolveram lutar sem armas e Inês feriu a “Arrenegada” de tal forma que esta fugiu para o castelo. Os castelhanos abandonaram Melgaço no dia seguinte e D. João I quis recompensar a heroína, mas esta respondeu que estava plenamente recompensada pela sova que tinha dado à sua inimiga.

22 de agosto de 2019

Lenda da Senhora da Lapa

Diz a lenda que a imagem de Nossa Senhora da Lapa apareceu num penedo de difícil acesso, na Beira Alta. Os devotos construíram-lhe um templo num local mais acessível, mas a imagem da Senhora “fugia” para o seu penedo sempre que a punham na nova capela. Este facto insólito ocorreu tantas vezes que os devotos fizeram a vontade à Virgem e construíram-lhe uma capela no penedo, num sítio em que para a ver o crente tem de entrar de lado, por mais magro que seja.
Conta-se ainda que, um dia, um caminhante adormeceu junto à capela e uma cobra entrou-lhe pela boca. O homem acordou e, aflito, invocou no seu pensamento a Senhora da Lapa. A cobra imediatamente virou a cabeça para fora da boca e saiu, sendo depois apanhada e morta.

12 de agosto de 2019

Lenda de Pedro Sem

Pedro Sem era um mercador rico mas não tinha títulos de nobreza, o que muito o afectava. Possuía muitas naus na Índia e era também usurário. Vivia rodeado de luxo à custa da desgraça alheia, pois emprestava dinheiro a juros elevados. Um dia, estavam as suas naus para chegar, carregadas de especiarias e outros bens preciosos, quando a sua máxima ambição foi realizada: casou-se com uma jovem da nobreza, em troca do perdão das dívidas do seu pai. Decorria a festa de casamento, que durou quinze dias consecutivos, quando as naus de Pedro Sem se aproximaram da barra do Douro.
O arrogante mercador, acompanhado pelos seus convidados, subiu à torre do seu palácio e, confiante do seu poder, desafiou Deus, dizendo que nem o Criador o poderia fazer pobre. Nesse momento, o céu azul deu lugar a uma grande tempestade! Pedro Sem assistiu impotente ao naufrágio das suas naus. De seguida, a torre foi atingida por um raio que fez deflagrar um incêndio que destruiu todos os seus bens. Arruinado, Pedro Sem passou a pedir esmola nas ruas, lamentando-se a quem passava: “Dê uma esmolinha a Pedro Sem, que teve tudo e agora nada tem…”.

12 de julho de 2019

Lenda da Fundação de Lisboa

Há muito, muito tempo atrás, existiu um reino conhecido pelo nome de Ofiusa. Esta terra localizava-se em um lugar distante, próximo a um grande mar oceano pouco conhecido. Ofiusa, segundo dizem, significa Terra de Serpentes.
Este reino era governado por uma rainha, meio mulher, meio serpente. Contam que tinha um olhar feiticeiro e voz meiga, jeito de menina com incrível poder de sedução. A rainha tinha o hábito de subir ao alto de um monte e gritar ao vento, para depois ouvir sua própria voz no eco: Este é o meu reino! Só eu governo aqui, mais ninguém!
Nenhum ser humano se atreverá a por aqui os pés: ai de quem ousar, pois, as minhas serpentes, não o deixarão respirar um minuto sequer! Por muito tempo quase ninguém se atreveu realmente a entrar no reino da rainha. Acreditava-se que esta costa era amaldiçoada pelos deuses e também pelos homens. E os poucos que se arriscavam eram seduzidos pela rainha e nunca mais retornavam.
Porém, um dia, vindo de muito longe, um herói chamado Ulisses, aportou na terra das serpentes. A rainha apaixonou-se imediatamente, e fez de tudo para impedi-lo de ir embora. Ulisses, muito habilmente, fingiu deixar-se levar pelos encantos da rainha, até que seus companheiros descansassem e pudessem novamente zarpar.
Como ficou deslumbrado com as belezas naturais que viu, subiu a um monte, e assim como fazia a rainha das Serpentes, gritou ao vento: Aqui edificarei a cidade mais bela do Universo, e dar-lhe-ei o meu próprio nome. Será Ulisséia, capital do Mundo! Ulisses, no entanto, acabou por ir embora, assim que seus barcos estavam abastecidos e os homens descansados.
Fugiu da rainha que correu atrás dele desesperada. Dizem que seus braços serpenteando atrás do herói acabaram por formar sete colinas rumando em direcção ao mar. Ulisses foi-se, mas a lenda ficou.

22 de abril de 2019

Lenda do Cativo de Belmonte

Esta é a história de Manuel, um corajoso soldado nascido em Belmonte que combateu com ardor os muçulmanos. Um dia, foi capturado pelos mouros e levado para Argel. Aí ficou longos anos como escravo. Encarava o seu destino como uma penitência e iludia as saudades da terra e da família com as tarefas mais pesadas.
Após muitos anos, um mouro perguntou-lhe qual o significado da palavra que Manuel repetia vezes sem conta: esperança. Manuel disse-lhe que significava o desejo de voltar à sua terra e a sua fé na Virgem da Esperança. O mouro respondeu-lhe que tal fé era impossível e tornou-lhe a vida ainda mais dura.
Conta a lenda que a Virgem se apiedou de Manuel. Apareceu-lhe na véspera do dia de Páscoa e anunciou-lhe a sua libertação. Perante o espanto dos mouros, a arca onde Manuel costumava dormir elevou-se no ar e desapareceu em direcção ao mar.

12 de abril de 2019

Lenda da Serra da Estrela

Há muitos anos havia um pastor que todas as noites se encontrava com uma estrela no alto da serra. Um certo dia chegou aos ouvidos do Rei que o pastor falava com essa estrela e o Rei mandou chamar o pastor e propôs-lhe que trocasse a sua estrela por uma grande riqueza. O pastor disse-lhe que não trocaria a sua amiga, e que antes queria continuar a ser pobre do que perder a sua querida estrela.
O pastor voltou à sua cabana no alto da serra e ouviu a estrela dizer que já sentia receio do pastor se entusiasmar pelo dinheiro e deixar a estrela ir para as mãos do poderoso Rei. O pastor disse-lhe que vale mais uma amiga do que muito dinheiro e disse-lhe também com voz de profeta que daí em diante aquela serra se chamaria “Serra da Estrela”. E até agora diz-se que no alto da serra há uma estrela que brilha de maneira diferente, ainda à procura do velho pastor.

12 de fevereiro de 2019

Boca do Inferno: o local mais belo (e perigoso) de Cascais

A Boca do Inferno é uma formação tipicamente associada a um penhasco, que se localiza a oeste de Cascais, em Portugal. O seu nome é devido às ondas do oceano que batem contra a face do penhasco violentamente, forçando a sua deslocação para um sistema de cavernas e pulverizando furiosamente o impacto para uma abertura acima.
Levado à letra chega a ser medonho o nome atribuído a esta formação, mas de facto são várias as situações registadas de acidentes que aconteceram neste local. Esta zona costeira fica perto do centro de Cascais, da sua Marina e da Casa da Guia, e as condições do mar tornam-na muitas vezes assustadora.
Se num dia calmo e ensolarado, pode ser um cenário insólito, mas com alguma capacidade inspiradora, em dias de agitação marítima quando toda a fúria de uma tempestade no Atlântico ocorre, torna-se deveras perigosa.
Como já se disse a Boca do Inferno está próxima do centro de Cascais, localizada na borda oeste de Cascais, ao redor do farol de Santa Marta. Portanto, é fácil chegar a pé, mas também há muito estacionamento nesta zona e alguns restaurantes por perto.
É uma caverna onde as ondas desabam, e onde o oceano Atlântico bate antes de se transformar num caldeirão de espuma. Este local dramático tem a sua própria plataforma de observação e tem sido o local favorito para observação de tempestades há mais de cem anos.
Esta zona ganhou ainda mais destaque e notoriedade em 1896, quando apareceu num dos primeiros filmes em movimento. Imaginativamente intitulado “Uma Caverna do Mar Perto de Lisboa”, o “filme atual” de 13 segundos, silencioso, impressionou o público em todo o mundo com imagens dramáticas de ondas violentas que pareciam esculpir uma caverna.
Um dos episódios mais bizarros da história do Boca do Inferno refere-se ao praticante de ocultismo britânico Aleister Crowley. Diz-se que em setembro de 1930, Crowley inventou uma trama com o famoso poeta português Fernando Pessoa para fingir o próprio suicídio, a fim de escapar da sua então namorada. No entanto, três semanas após a sua “morte”, Crowley apareceu em Berlim.
No local da Boca do Inferno existe hoje em dia uma placa nas rochas inscrita com as palavras que dão conta da nota de suicídio em português.
No verão, as ondas simplesmente mergulham na caverna aberta, mas durante as tempestades de inverno, toda a força do oceano é canalizada para o abismo, o que dá origem ao nome da formação rochosa.
São muitas as excursões a este local popular de Cascais. É igualmente de referir que existe uma ciclovia que se estende para o Guincho que passa em frente a este local.
Embora seja algo perigoso, na Boca do Inferno, existem caminhos que permitem aos turistas descer a face do penhasco e ver esta singular formação de ambos os lados. Mas atenção, porque o perigo ronda.

22 de janeiro de 2019

Lenda da Mula da Rainha Santa

D. Mafalda, filha preferida de D. Sancho I e irmã favorita de D. Afonso II, era uma jovem e bela princesa. Cedo foi escolhida para mulher de D. Henrique, herdeiro do trono de Castela, que tinha apenas doze anos quando se tornou rei. Contrariada com o casamento do filho, D. Berengária, a mãe de D. Henrique, invocou ao Papa a consanguinidade dos jovens e o divórcio teve lugar ainda antes da súbita morte do rei, aos 14 anos. D. Mafalda regressou a Portugal virgem, e assim se manteve até ao fim da sua vida, passando desde então a ser tratada por “rainha”.
D. Mafalda viveu os últimos anos da sua vida no Mosteiro de Arouca, onde recebeu o hábito de monja, mas quis o destino que morresse em Rio Tinto, aos 90 anos, durante uma cobrança de foros e rendas. Os habitantes de Rio Tinto quiseram portanto que ela lá fosse sepultada, mas os de Arouca discordavam pois D. Mafalda tinha passado grande parte da vida no Mosteiro de Arouca.
Foi então que alguém se lembrou que D. Mafalda costumava viajar de mula e sugeriu pôr-se o caixão em cima da mula. Para onde ela se dirigisse seria o local da sepultura da “rainha”. Assim fizeram, a mula dirigiu-se para o Mosteiro de Arouca e morreu. O sepulcro de D. Mafalda foi por duas vezes aberto no século XVII e tanto o seu corpo como as suas vestes estavam incorruptos. Em 1793, o Papa Pio VI confirmou-lhe o culto com o título de beata.

12 de janeiro de 2019

Lenda da Bezerra de Monsanto

Conta a lenda que, há muito tempo atrás, as tropas romanas cercaram Monsanto durante sete terríveis anos. Sem nunca se renderem, os seus habitantes tinham sofrido muito e visto morrer muitos dos seus. Ao velho chefe da aldeia, apenas restava uma filha; os seus irmãos tinham sido todos mortos pelo inimigo. Queria que a sua filha fugisse e se pusesse a salvo com o seu rebanho, mas esta recusava heroicamente.
Perante a coragem da filha, o pai pediu-lhe para sacrificar o seu último rebanho e reparti-lo com os habitantes, uma vez que os alimentos escasseavam. Talvez assim conseguissem aguentar mais uma semana. Essa semana passou e os soldados romanos aperceberam-se da trágica situação dos sitiados. Exigiram novamente a sua rendição.
Vendo o desespero do velho chefe, a filha pediu-lhe que não esmorecesse, pois ela ainda tinha guardado uma bezerra gorda que serviria para os salvar a todos. Contou os seus planos ao pai, que logo os pôs em prática: chegou ao cimo das muralhas e, com uma segurança que a todos surpreendeu, gritou aos romanos que não se renderiam porque ainda tinham muita comida. Como prova disso, atirou-lhes a bezerra. O cônsul romano, cansado de tantos anos de cerco e ante a perspectiva deste se arrastar ainda mais, resolveu então retirar e regressar a Roma.

12 de dezembro de 2018

Lenda do Galo de Barcelos

A curiosa lenda do galo está associada ao cruzeiro medieval que faz parte do espólio do Museu Arqueológico da cidade. Segundo esta lenda, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, com o facto de não se ter descoberto o criminoso que o cometera.
Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou. nele.
Ninguém acreditava que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela, em cumprimento de uma promessa, sem que fosse fervoroso devoto do santo que, em Compostela, se venerava, nem de S. Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca.
Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado que, nesse momento, se banqueteava com alguns amigos.
O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa, exclamando: É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Risos e comentários não se fizeram esperar mas, pelo sim pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou.
Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu à forca e viu, com espanto, o pobre homem de corda ao pescoço. Todavia, o nó lasso impedia o estrangulamento. Imediatamente solto foi mandado em paz. Passados anos voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor a S. Tiago e à Virgem.

12 de novembro de 2018

A LENDA DO CASTELO DE BRAGANÇA

O Castelo de Bragança é um dos mais belos monumentos Portugueses da arte guerreira medieval.
 O Castelo, que outrora reunia muralhas flanqueadas por torres e torreões, a torre de menagem, ameadas e seteiradas perdeu pela inclemência do tempo e talvez alguma falta de intervenção humana, alguns destes seus componentes iniciais, contudo, outros persistem, como sucede com a chamada torre da Princesa sobre a qual incidirá a nossa lenda. Infelizmente, as Portas do Sol e da Traição, referidas nesta história, há muito que desapareceram.
 Em tempos longínquos, era senhor do Castelo, um nobre autoritário e déspota a quem todos temiam, não havendo ninguém que ousasse enfrentá-lo. Com ele vivia uma sobrinha orfã, a quem ele tratava como filha.
Certo dia, um jovem cavaleiro apareceu no castelo procurando um senhor a quem pudesse servir, para que desta forma, pudesse ganhar nome e honra. Lá permaneceu por alguns dias, os suficientes para se apaixonar perdidamente pela formosa castelã , que rapidamente correspondeu ao sentimento.
No entanto, como muitas outras, a história de amor era proibida. O jovem não tinha nome, era pobre e sem feitos heróicos de que pudesse orgulhar-se. Assim, um enorme fosso existia entre os dois, não só pela óbvia riqueza da formosa castelã, mas também pelo estatuto albergado, para não mencionar o terrível temperamento do seu tio que se opunha veementemente a essa união.
Desolado, o cavaleiro decidiu partir em busca de uma terra onde tivesse oportunidade de trabalho, não revelando a lenda qual o seu destino. Antes de partir porém, os dois enamorados fizeram um pacto de amor e fidelidade eternas, cuja quebra implicaria desonra vitalícia.
Horas, dias, meses e até anos se passaram e do jovem cavaleiro, não havia notícias. Foram vários os candidatos que durante esse tempo, tentaram ocupar o seu lugar no coração da bela jovem,mas todos ela dispensava.
Intrigado, o Senhor de Bragança resoveu questionar a adorada sobrinha, já que o destino de qualquer jovem respeitada, naquele tempo, apenas poderia ser o casamento ou o convento.
Assim, aproveitando que a sobrinha se passeava no jardim, o Senhor de Bragança cumpriu o seu intento. Apanhada de surpresa, a jovem confessou ao tio que dez anos antes prometera amor eterno a um certo cavaleiro que por ali passara, que nada tinha de seu a não ser o seu amor. Furioso, o castelão tentou chamá-la à razão:"E se ele já não volta? E se casou com outra mulher?"
Apesar de todos os argumentos, a jovem manteve-se fiel à sua palavra, jurando por ele esperar até ao dia da sua morte. Frustrado e apreensivo, o tio recuou, congeminando uma forma de acabar com tal decisão. Muito tempo passou, até que um dia, com um brilho divertido nos olhos, o castelão resolveu por em prática, uma ideia que lhe surgira.