A caixa chegou sem aviso, repousando na soleira como se sempre lá tivesse estado. Pequena, de madeira escura, com corda vermelha quase desfeita. Leonor hesitou, uma sensação estranha, quase de déjà vu, dominando-a. Algo nela se agitava, mas a sensação era familiar demais, como uma lembrança que ela tentava fugir. Dentro, um envelope negro com letras douradas: "Para ti, que não esqueceste." Quinta dos Olmos. O nome cortou-lhe a mente como uma lâmina. Algo que ela tentara esquecer, mas que agora surgia com o peso de um pacto antigo. O convite não era apenas um chamado. Chegou à quinta ao entardecer, o portão rangendo como uma advertência. O cheiro a madeira podre e fumo de algo queimado preenchia o ar. A casa erguia-se diante dela, observando-a em silêncio. Dentro, o ar parecia vivo, espesso, como se a própria casa estivesse à espera. "Leonor", a voz do tio, ecoou. Ela reconheceu-o imediatamente, mas o sorriso estava vazio e frio. Ao lado dele, a tia, com o...
O que ouvi, o que senti, o que fiz
e o que despertou a minha curiosidade...