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Mensagens

Saúde Mental

Uma Aventura no bar

Miniconto de 300 palavras, tipo comédia ou brincadeira, com as seguintes palavras: Cerveja, orelha, revistas, selva, cachos João tinha a certeza de que aquela sexta-feira seria uma noite normal no seu bar favorito. Sentado ao balcão com a sua cerveja preferida, folheava muito distraído uma pilha de revistas antigas que decoravam o local, tentando decidir entre “Os Mistérios do Mundo” ou “As receitas à portuguesa”. Nada parecia promissor, mas ele insistiu. Enquanto isso, ao lado dele, Ricardo, seu amigo de infância, falava sem parar sobre a sua última viagem à selva amazónica. "Tu não tens a noção, João! Aranhas maiores que a minha mão e uns barulhos de macacos que pareciam gritos de fantasmas!" João, habituado às histórias exageradas do amigo, apenas levantou uma sobrancelha enquanto tomava mais um gole da sua bebida. Foi então que Inês, a ruiva de cachos desarrumados e de sorriso sempre malandro, se sentou ao lado deles. "Selva? O Ricardo novamente a exagerar?" ...

O Jardim dos Sete Amores

  No coração de uma vila esquecida pelo tempo, havia um jardim mágico. Diziam que quem atravessasse o portão enferrujado encontraria flores que simbolizavam as diferentes formas de amar, cada uma com um perfume único, capaz de transformar até o coração mais inquieto. Foi com esta promessa que Lara, uma jovem à procura de respostas para as turbulências do seu coração, decidiu aventurar-se naquele lugar enigmático. Ao empurrar o pesado portão, foi recebida por um aroma suave e uma brisa que parecia carregada de murmúrios antigos. O caminho de pedras irregulares conduzia a uma flor de pétalas azuis tão delicadas que pareciam feitas de veludo. Uma voz sussurrante ergueu-se do nada: — Eu sou o amor-próprio. Não sou egoísmo, mas o respeito que deves a ti mesma. Sou a força para dizer “não” e a sabedoria de saber que mereces mais. Lara ajoelhou-se, tocando a flor. O perfume doce preencheu os seus pulmões, trazendo-lhe memórias de momentos em que ignorou a sua intuição para agradar ao...

Verdades

Beba água onde o cavalo bebe.  Um cavalo nunca beberá água ruim. Estenda sua cama onde o gato dorme tranquilo. Coma a fruta que foi tocada por uma minhoca. Sem medo colhe os cogumelos onde os insetos se pousam. Plante uma árvore onde a toupeira escava. Construa uma casa onde as cobras tomam sol. Cave um poço onde os pássaros se escondem do calor. Vá dormir e levante-se ao mesmo tempo que as aves, você colherá os grãos de ouro da vida. Coma mais verde, você terá pernas fortes e um coração resistente, como a alma da floresta. Olhe para o céu mais vezes e fale menos, para que o silêncio possa entrar no seu coração, seu espírito fique calmo e sua vida se encha de paz.

Fama

Lúcia sempre sonhara com a fama. Desde criança, encantava-se com os aplausos e os holofotes. Aos vinte e cinco anos, o sonho tornou-se real, uma estrela de cinema adorada por milhões. Mas a fama trouxe mais do que imaginara. Certa noite, ao regressar do set de filmagens, encontrou uma carta na sua mansão, selada com cera preta. Não havia remetente, apenas uma mensagem perturbadora: "Tudo o que brilha tem uma sombra. Estás preparada para a tua?" Lúcia tentou ignorar o aviso. Mas algo mudou. Sempre que passava pelo enorme espelho da sala, notava uma figura que não correspondia aos seus movimentos. Ao posar para as fotografias, um vulto indistinto aparecia ao fundo. Nos dias seguintes, os sonhos tornaram-se pesadelos, um murmúrio constante ecoava no escuro, como uma plateia invisível aplaudindo freneticamente. Com o tempo, Lúcia começou a sentir-se observada, mesmo quando estava sozinha. O vulto no espelho ganhou contornos, um rosto pálido, com olhos vazios e um sorriso la...

A BELA E O MONSTRO – O Musical!

Após o grande êxito de “A Bela Adormecida”, que foi visto por milhares de jovens espectadores e adultos, considerado “o melhor espetáculo para a Infância e Juventude”, Filipe La Féria escreveu e musicou uma nova adaptação de A BELA E O MONSTRO, inspirada no célebre filme do poeta surrealista Jean Cocteau, a partir do conto homónimo de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont escrito em França em 1740. A BELA E O MONSTRO, na versão original de Filipe La Féria, é um grande espetáculo para toda a família onde a beleza está nos olhos de quem vê e o Amor verdadeiro se esconde não na aparência mas na bondade e do coração humano. Com um elenco de atores, cantores, bailarinos, músicos, cenários e figurinos deslumbrantes que irão transformar o palco do Teatro Politeama num mundo de mistério, encanto e fantasia que transportará crianças e adultos para as asas mágicas da poesia e do sonho. “É à noite que é belo acreditar na luz” – in “A Bela e o Monstro”

Mulher Falcão

  Na Itália do século XII, Philippe Gaston , "O Rato" ( Matthew Broderick ), é um ladrão condenado a execução que escapa das masmorras de Áquila , através dos esgotos, e foge para o campo. O Bispo de Áquila ( John Wood ) envia o seu Capitão da Guarda Marquet ( Ken Hutchison ) para caçar Phillipe; ele e seus soldados encontram Philippe, mas são frustrados por um misterioso cavaleiro negro que revela ser seu ex-capitão, Etienne de Navarre ( Rutger Hauer ), viajando com um falcão belo e dedicado. Marquet avisa ao Bispo sobre o retorno de Navarre, que entre outras coisas solicita a convocação de Cezar ( Alfred Molina ), o caçador de lobos. Navarre diz a Philippe por que o salvou: ele precisa de um conhecimento que é único de Philippe, para levá-lo para dentro de Áquila e matar o Bispo. Enquanto viajam, Philippe se torna ciente de eventos misteriosos e assustadores que os rodeiam, incluindo o aparecimento a noite de um lobo negro e de uma mulher notavelmente linda ( Mic...

Basmatti Blues

Uma brilhante cientista é transferida de seu cargo em um laboratório da empresa em que trabalha e é enviada para a Índia para vender o arroz geneticamente modificado que ela criou. Ela descobre, porém, que a sua invenção está causando altos danos para aquela sociedade. video

Desassossego do alfaiate

Actividade do desassossego  Até 300 palavras Palavra no fim e no início: Não  Frase no meio: "Tem gente que cose para fora eu coso para dentro". Clarice Inspector Não era possível encontrar sossego naquela sala de costura. Ernesto, o alfaiate mais célebre da vila, vivia num turbilhão de ideias e de stresses. Entre as agulhas, botões e linhas, havia um emaranhado de pensamentos que ele não conseguia desembaraçar.  Naquela tarde, quando dona Olga entrou com o seu vestido de cetim, Ernesto já estava à beira de um ataque de nervos.  "Preciso disso para o casamento da minha sobrinha! Mas, por favor, nada extravagante. Só um pequeno ajuste aqui e ali." O que parecia simples para qualquer costureiro comum era para Ernesto um dilema filosófico.  Ele olhou para o vestido como quem encarava um enigma. "Tem gente que cose para fora, eu coso para dentro", murmurou, enquanto a tesoura tremia na sua mão. Olga franziu a testa.  "Como assim para dentro, E...

Leituras e escritas!

Depois da Tempestade

  Tudo parecia normal naquela manhã, até que o céu começou a escurecer de maneira antinatural. Era como se uma mão invisível apagasse a luz, deixando apenas sombras opressivas. O ar ficou pesado e então a tempestade veio, implacável.  Uma chuva torrencial desabou com a violência de uma ira ancestral, acompanhada por trovões e relâmpagos tão intensos que faziam vibrar não só as janelas, mas as almas. Em minutos, as ruas foram curvadas por rios furiosos. Os túneis tornaram-se armadilhas aquáticas, engolindo carros que flutuavam, impotentes. Os gritos misturavam-se ao som do vento, um coro de pânico e desespero. As pessoas lutavam contra a corrente, enquanto outras, encurraladas em telhados, erguiam as mãos num apelo desesperado. A força da água parecia viva, implacável. Uma árvore centenária foi arrancada do solo como se fosse feita de papel. As telhas, as placas e os destroços eram arremessados pelo ar.  Dentro de casa, Clara assistia ao caos pela janela, tinha os olhos ch...

Comece o ano 2025 com Amor.

Feliz Ano Novo 2025. Ano de transformação.

A viagem mórbida

O relógio da estação marcava exactamente vinte e três horas quando o último comboio partiu, rasgando a quietude da noite. A locomotiva deslizava pelos trilhos como um predador silencioso e o som compassado do motor era a única companhia da escuridão. Lara, envolta num casaco que pouco fazia contra o frio, ajustou-se no assento. O veludo, outrora rico e convidativo, estava agora desgastado e áspero ao toque, refletindo anos de abandono. O vagão permanecia vazio. A ausência de outros passageiros criava um silêncio quase palpável, apenas interrompido pelo ritmo hipnótico dos trilhos. Lá fora, o mundo parecia ter sido engolido por uma noite eterna. A paisagem era um abismo escuro, sem qualquer sinal de vida ou luz. Nenhuma aldeia distante, nem estrelas ou lua para quebrar o vazio. Ela observou o cenário, sentindo um desconforto que crescia à medida que os quilómetros passavam. “É como viajar por um sonho quebrado”, pensou, tentando afastar a sensação de estranheza. O comboio avançava e o e...

Reflexões de um Ano Bissexto

Este ano pareceu passar mais rápido que os outros, como se os dias extras de um ano bissexto tivessem sido roubados pelo tempo. Foi um período especialmente desafiador. Completar os cinquenta anos trouxe não apenas a marca inevitável do tempo, mas também uma clareza inquietante sobre tudo o que está errado à minha volta, as dores inexplicáveis que carregamos e os conflitos que surgem do nada, pesando sobre nós como tempestades inesperadas. Vejo as famílias desfeitas pela soberba e por julgamentos implacáveis, onde a cobardia se sobrepõe ao perdão, mesmo entre aqueles que deveriam saber mais pela experiência de vida. Percebi que muitos conflitos desnecessários persistem, alimentados pelo silêncio e pela ausência das palavras certas nos momentos cruciais. Ainda assim, acredito no poder transformador do perdão. Como diz o provérbio: "O perdão não muda o passado, mas enriquece o futuro." Outro pensamento que me acompanhou foi: "A cobardia veste-se de descul...

Natal em Família

Quatorze à mesa, um laço de união, Entre risos, memórias e recordação. Crianças brincando, canções a soar, No frio lá fora, calor a vibrar. Pratos servidos com gosto e cuidado, Sabores que unem, carinho ao lado. Troca-se afeto, dá-se a essência, Recebe-se paz, cultiva-se a presença. No olhar de um filho, no abraço apertado, A magia do Natal é amor partilhado. Convívio sincero, sem pressa ou razão, A alegria nos sorrisos é a maior emoção. Enquanto a lareira o ambiente aquece, O frio lá fora apenas esquece. Aqui, a família é sempre o central, E mais evidente se torna no Natal.

Pensar ao contrário

 

Espírito de Natal

Com alicate, ajeito a decoração, No pinheiro brilham luzes de emoção. Esponja de banho? Presente encantado, Entre risadas, todos bem animados. Um clip segura cartões de carinho, Desejos sinceros no nosso caminho. A pá recolhe os brilhantes do chão, E o alho-francês perfuma o caldeirão. Contos e cantorias rompem o silêncio, A noite é festiva, amor tão intenso. O espírito natalício aquece e floresce, E a união da família jamais esmorece.

Um sábado bem-passado

A manhã começou serena, com um passeio tranquilo ao lado da minha cadela Loira, junto ao riacho. Um café e uma conversa leve, cheia de palavras soltas que dançavam no ar, com o meu companheiro. Perto do meio-dia, peguei no carro e segui devagar a caminho do sarau da minha sobrinha mais nova, acompanhada pela mais velha. O sábado em Miraflores estava movimentado, com muitos carros estacionados em cima do passeio. Fiz o mesmo. Sentámo-nos nos bancos de cimento, que desta vez, estavam cobertos com resguardos, afastando o frio. O tempo passou num instante, entre as entradas de grupos, das crianças aos mais velhos, muitas palmas, vídeos e brincadeiras. Quando tudo terminou, as meninas foram almoçar e preparar para a tarde. E caminhei até ao carro. Ao ver os papéis presos nos vidros dos outros carros, percebi, que já tinha uma multa. Bah! Fiz uma pausa numa bomba de gasolina, onde tinha uma área de serviço e aproveitei para comprar uma sandes, um sumo e um café. Depois, segui cam...

Divisões

No silêncio da casa vazia, Sofia observava as rachaduras nas paredes, as linhas que pareciam se multiplicar a cada dia. Antes, eram quase invisíveis, um detalhe menor na paisagem do lar, mas agora cortavam o reboco em trajetos sinuosos e profundos, como cicatrizes que a casa se recusava a esconder. O técnico garantira: “é um assentamento normal.” Sofia tentara acreditar, mas algo naqueles traços irregulares a fazia sentir-se observada. À noite, os sons aumentavam. Pequenos estalos ecoavam pela madeira e pelas paredes, formando um compasso que a inquietava. Todas as madrugadas, às 3h13, o relógio da sala parava, como se o tempo obedecesse a um ritual sinistro. Os objetos surgiam deslocados. Os livros invertidos, os quadros tortos, um vaso quebrado que ela não se lembrava de ter tocado. E havia os sussurros. Baixos, indistintos, mas inegáveis, pareciam sair de dentro das paredes. Naquela noite, os estalos vieram mais fortes. Sofia, já acostumada, pensou em ignorá-los, mas o som tornou-se...

HISTÓRIA DAS RABANADAS

Pão Velho, Povo Sábio  O que é uma rabanada? Não, a sério, vamos lá desmontar isto como deve ser.  A rabanada é um monumento gastronómico ao génio humano, ou, mais concretamente, ao génio português.  Enquanto o restito do mundo olha para pão duro e pensa: "Lixo..." O português olha para o mesmo pedaço de pão e diz: "Huummm... que bela sobremesa." Isto diz muito sobre o valente e imortal povo lusitano.  Somos um povo que transforma dificuldades em iguarias, o que não é surpreendente se considerarmos que também transformamos bacalhau seco em mil e uma receitas, numa verdadeira religião dedicada à gastronomia, e chamamos “sopa” a uma mistura de água, couves e meia batata. Ora, as rabanadas nasceram, como tudo o que é bom em Portugal, da necessidade acutilante em sobreviver e ser feliz com o que a vida nos dá.  Antigamente, nas nossas maravilhosas aldeias, pão era coisa séria. Fazia-se em grandes quantidades, porque ir ao forno comunitário dava muito trabalho. ...