Avançar para o conteúdo principal

Fio escondido de esperança

No silêncio pesado da casa,
onde o cansaço se agarra como sombra,
o fio agora é elemental:
água, fogo, vento e terra.
Uma tapeçaria de forças que sustenta o mundo,
que queima ao toque e ilumina ao olhar,
dançando com aurora, noite e eternidade.

Entre inundações de preocupações
e explosões que rugem como vento,
entre pedras que teimam em cair
e luz que se infiltra por frestas antigas,
o fio permanece,
curvo, tenso, pulsando, mas intacto.

Respira.
Aguarda.
Espera.
Sobrevive.

Quando o próximo ciclo acender sua luz,
ele brilhará, silencioso,
tecendo chão firme sob pés cansados,
costurando palavras,
tecendo silêncio em canto,
costurando corpos em coro,
entre sombra e sol, água e fogo, vento e terra,
entre o que explode e o que se acalma.

O fio não termina
ele é chão, teto, poema,
linha que percorre tudo,
pulsando para além da página,
no corpo, na voz, no espaço que respira.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Carta de Portugal à Goa

A alguns filhos e netos de Goa: Hoje, dia 18 Dez 15, passa-se mais um aniversário em que Goa deixou de ser uma colónia qualquer. Nesse remoto dia 18 de Dez, Goa acordou cedo, descalçou os  sapatos de salto alto e sentiu nos pés a frescura da terra, despiu-se de roupas, à moda europeia, de cores escuras e tristes, num impulso irresistível de ser ela própria. Vestiu um sari alegre e descalça, sentou-se no balcão, sempre bela, e ficou expectante, no meio do turbilhão de ideias e imagens que mais uma vez, depois de séculos, a fez sentir insegura. O futuro dos seus filhos, uns ali em seu redor e  outros tantos espalhados pelo mundo ? Naquele momento de ansiedade, só precisava de um abraço apertado da sua Mãe. Será que ela a perdoava?   De facto, não sei se a perdoou ou não. Mas há meses atrás, também eu, perdida na estrada sinuosa da vida, tive saudades dela, do seu abraço, e escrevi o poema que envio em anexo e que vos dedico no dia de hoje Para ti Goa Fui à tua procura ...