"Sempre que venho a Portugal aprendo uma ou outra peculiaridade da nossa língua. Já sei que na terra de Camões tiara se chama bandelete, cadarços são atacadores, arquivo é ficheiro, banheiros são casas de banho e óculos são óculos mesmo. Mas uma coisa me intrigava: o "Santinha!" exclamado por aqui assim que se ouve um espirro. A explicação que tinham me dado no ano passado era tão mórbida e urubuzenta que botei no fundo de uma gaveta escondida no meu cérebro para jamais ter de passá-la adiante. Só o faço agora porque... Ah, vocês já vão entender por quê.
No Brasil desejamos saúde a quem espirra e aqui vocês dizem "Santinha!". Por quê? perguntei, curiosa.
Elementar. Santinha está no Céu, que é para onde esperamos que vá a pessoa que espirra caso o espirro se transforme em uma doença grave e incurável.
Ui!
Enquanto no Brasil desejamos saúde, em Portugal eles dão como certa a morte do dito cujo espirrador! Tadinho!, pensei, estarrecida. E mais! Contando com a proximidade do momento em que o pobre ser humano gripado baterá as botas, eles o mandam, carinhosa e diretamente, para os braços da tal Santinha. Resumindo, é praticamente um "decanse em paz".
A intenção pode até ser boa, mas... Confesso que a explicação me deixou um tanto traumatizada, com medo de espirrar e tudo! Eu teimava em não acreditar nela quando surgiu Raquel Dutra Lopes na minha vida para esclarecer o mistério da Santinha.
Domingo à tarde, no Parque Eduardo VII, na Feira do Livro de Lisboa, onde estive para lançar o Que Cena, Amiga!, espirrei e Raquel, minha querida editora portuga, veio logo com um "Santinha!".Foi a deixa para eu perguntar o que era, pra ter uma segunda opinião.
Dizemos Santinha pois quando uma pessoa espirra os espíritos bons saem do seu corpo e os maus, que estão cá fora, ficam a querer entrar. Portanto, quando dizemos Santinha estamos a desejar proteção contra os maus espíritos.
Agora, sim! Uma salva de palmas ecoou dentro do meu cérebro. Para mim, mesmo que haja outra, é essa a explicação definitiva da Santinha.
Vale dizer, a título de curiosidade, que segundo fontes portuguesas (a Raquel mesmo) não existe um santinho específico do espirro. Tanto que se diz Santinha para mulheres e Santinho para homens.
Pronto. Para meu alívio, está desfeito o mistério da Santinha....." - INTERNET
Crenças e aspectos culturais
Em 400 A.C. o general ateniense Xenofonte fez um dramático discurso estimulando seus soldados a segui-lo para libertar ou morrer contra os Persas. Ele falou por uma hora motivando seu exército e assegurando um retorno seguro a Atenas até que um soldado ressaltou sua conclusão com um espirro. Pensando que este espirro foi um sinal dos Deuses, os soldados saudaram Xenofonte e seguiram seu comando. Outro momento divino do espirro para os Gregos ocorreu na história de Ulisses. Ulisses retornou para casa disfarçado de mendigo e conversou com sua amada esposa Penélope. Ela disse para Ulisses, não sabendo de quem se tratava, que ele iria retornar em segurança para desafiar seus pretendentes. Neste momento o filho deles, Telêmaco, deu um sonoro espirro e Penélope riu alegremente, reafirmando que isto era um sinal dos Deuses.
O Pequeno Sammy Espirro de Winsor McCayEntre os Pagãos de Flanders, um espirro era um mal presságio. Quando São Elígio advertiu os pagãos contra suas práticas druidas, de acordo com sua companhia ou seu biógrafo Ouen, ele disse o seguinte: "Não observem presságios ou espirros violentos ou prestem atenção a qualquer passarinho cantando pela estrada. Se você está distraído na estrada ou em qualquer outro trabalho, faça o sinal da cruz e reze prece de Domingo com fé e devoção que nenhum inimigo irá machucá-lo".
Na Hungria, Eslováquia e Eslovênia e alguns países do oriente médio, o espirro que ocorre após alguém fazer uma afirmação é às vezes interpretada como uma confirmação por Deus de que a afirmação era verdadeira.
No Japão, as pessoas frequentemente acreditam que o espirro ocorrem quando elas estão sendo faladas ou mal-faladas pelas costas ou por uma pessoa muito distante.
É uma crença comum na Índia que alguém que espirra inesperadamente lembra ou é lembrado por uma pessoa querida. A maioria dos indianos considera espirrar saudável, e a inabilidade de espirrar ser causa para alarde. A revista americana Psychology Today publicou um artigo sobre cientistas indianos que nomearam a incapacidade de espirrar como "asneenzia"; os indianos têm utilizado o cheiro do tabaco como uma maneira artificial de induzir o espirro.
Remédios folclóricos para o espirro são comuns. Entre eles estão os seguintes:
Espirrar: isso faz com que o espirro passe.
Aplicar pressão na parte de baixo do nariz em direção a cima.
Pressionar o céu da boca com a ponta da língua.
Pressionar a parte traseira dos dentes superiores com a língua,
Olhar para cima com os olhos mas não com a cabeça.
Morder levemente o lábio superior. O objetivo é distrair os nervos do nariz até a redução do desejo de espirrar.
Cuspir repetidamente. Assim, a quantidade de saliva na boca diminui drasticamente, e essa diminuiçao é detectada pelo organismo, que nao terá entao a necessidade de se desidratar ainda mais.´
Manter as pálpebras bem abertas. É praticamente impossível espirrar com os olhos abertos. O problema deste método é meramente social: uma pessoa fica um bocado ridicula a forçar as palpebras.
Segurar a respiração quando da iminência do espirro geralmente evita-o. O ato de espirrar requer ar para ser expelido, eliminando-o torna praticamente impossível o espirro ocorrer.
Acariciar a orelha repetidamente.
Apertar o septo nasal.
Olhar para um ponto de luz. Entretanto em algumas pessoas isso funcionará de maneira inversa.
Engolir a saliva quando sentir a iminência do espirro. Fazendo isso repetidamente até a sensação desaparecer. Funcionaria de maneira semelhante a segurar a respiração.
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