sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dia do Trabalhador

UMA HISTÓRIA TAMBÉM PORTUGUESA, CONCERTEZA!

Em Portugal, o movimento sindical e laboral foi-se reforçando até ao derrube da Monarquia e a instauração da República. Com o novo regime político, algumas câmaras municipais decretaram o 1º de Maio como feriado oficial. A luta pela jornada de oito horas recrudesceu, o que levou a que ela fosse consagrada em 1919 para os trabalhadores da indústria e do comércio.
Sete anos depois, com o golpe militar do 28 Maio de 1926, as liberdades fundamentais são suprimidas e fascizados os sindicatos. O 1º de Maio é proibido e as iniciativas que os trabalhadores, um pouco por todo o lado, tentam concretizar são alvo da mais feroz repressão policial. Por essa razão, a jornada do 1º de Maio alia, crescentemente, a luta pelo Pão, pela Paz e pela Liberdade à contestação do regime.
Na longa noite fascista, o 1º de Maio de 1962 fica a constituir um raio de luminosa esperança. Nesse dia, em Lisboa, Porto, Setúbal e outras localidades, dezenas de milhares de pessoas saem à rua, protestando contra a falta de liberdades, contra a miséria e contra a guerra colonial que eclodira no ano anterior e que havia de vitimar e mutilar milhares e milhares de jovens trabalhadores.
Também nesta altura cerca de 200 mil assalariados rurais do Alentejo e do Ribatejo entram em greve, conseguindo, desta maneira, impor aos latifundiários e ao fascismo a jornada de oito horas. Punha-se fim, finalmente, ao trabalho de sol a sol.
O edifício da ditadura estremece, mas há-de demorar mais uma dúzia de anos a ruir.
Disso se encarrega, em boa hora, o Movimento das Forças Armadas que, interpretando os anseios de liberdade, democracia e justiça social do povo, toma em mãos o derrube do fascismo e devolve as liberdades aos portugueses.
O acto corajoso, cometido pelos dos jovens oficiais das Forças Armadas em 25 de Abril de 1974, é inequivocamente referendado pelos trabalhadores e pelo povo português, cinco dias depois, nas grandiosas manifestações do 1º de Maio, convocadas pela Intersindical Nacional (hoje, CGTP-IN). Foi o fim do corporativismo e a consagração, de facto, da liberdade sindical no nosso país.
1º DE MAIO 74: DO GOLPE À REVOLUÇÃO CONFIRMADA
O 1º de Maio de 1974 impulsionou uma dinâmica revolucionária que conduziu a profundas transformações políticas, económicas, sociais e culturais. Desencadeou, pode dizer-se, um processo verdadeiramente revolucionário, responsável por um período de desenvolvimento social e humano ímpar no nosso país.
São as conquistas que a Revolução de Abril permitiu que a Direita, hoje regressada ao poder, está empenhada em anular ou, pelo menos, diminuir, num recuo ao 24 de Abril. Pior: aos tempos do liberalismo mais selvagem, esse mesmo que mandou executar os "Mártires de Chicago".
A política do Governo PSD/PP é, na prática, a negação de Abril e dos valores que afirmou. Nega o pão e o trabalho a cada vez mais trabalhadores. Compromete o desenvolvimento do país, reduz os salários e alimenta o parasitismo patronal. Nega o direito à igualdade e à justiça social. Atenta contra o direito à segurança social e promove a caridadezinha. Atenta contra a contratação colectiva, os direitos individuais e colectivos dos trabalhadores, incluindo o direito de livre organização sindical, através do Código do Trabalho e sua regulamentação. Está apostado em destruir o Serviço Nacional de Saúde, para beneficiar os negócios privados. Põe em causa do direito à paz e à segurança dos portugueses, ao enfileirar com o belicismo de Bush e companhia.
É contra essa linha de rumo que, 30 anos depois de 1974, o 1º de Maio terá, uma vez mais, que confirmar Abril e reclamar com determinação uma Nova Política e um Novo Governo, porque os que vigoram neste momento são um desastre em termos sociais e económicos e um perigo para a democracia e a soberania nacional.
Em 2004, as comemorações do 1º de Maio da CGTP-IN (em mais de 60 localidades e em Lisboa, este ano, na Cidade Universitária) decorrerão sob a exigência da mudança e da solidariedade: Portugal precisa duma política e dum governo que dêem resposta aos problemas do país e dos trabalhadores.
Por isso o 1º de Maio precisa da máxima participação! Precisa de todos, porque os objectivos são de todos. Do mais Jovem que ainda estuda, ao trabalhador com contrato a termo, do trabalhador mais velho ou já reformado, à investigadora, ao funcionário público, à trabalhadora discriminada, da desempregada menos activa a quem, alem do trabalho, ocupa tempo e dedicação a causas comuns, a associações, a movimentos sociais…
TODOS TEMOS DE FAZER UM ENORMÍSSIMO PRIMEIRO DE MAIO. PARA GANHAR O FUTURO!

1 de Maio de 1974
Manifestação do 1º de Maio, em Lisboa, congrega cerca de 500.000 pessoas. Outras grandes manifestações decorreram nas principais cidades do país.
30 anos (2004) após o derrube da ditadura em Portugal, as comemorações do 1 Maio, em Lisboa foram marcadas uma impressionante manifestação entre o Estádio 1º.de Maio e a Alameda da Cidade Universitário.
Desde manhã bem cedo, que a animação era enorme no jardim do Campo Grande. Largas centenas de vendedores ambulantes, onde predominava os de etnia cigana, instalaram as suas tendas, bancas, carrinhas, etc. Aqui se podia encontrar de quase tudo à venda. A impressão geral era de uma verdadeira feira, em tudo idêntica às descrições da antiga Feira do Campo Grande.
Na parte da tarde, quando as largas dezenas de milhares de manifestantes vindos do Estádio 1º.de Maio (Freguesia de S. João de Brito), chegaram ao Campo Grande percorrendo parte da Avenida do Brasil, formou-se um imenso mar de pessoas, que de formas diversas faziam ouvir os seus protestos, em particular contra o desemprego e a política do actual governo, chefiado por Durão Barroso.
Entre as organizações presentes, para além dos sindicatos, destacavam-se as organizações de apoio e solidariedade com os imigrantes, o povo Basco e o povo da palestina e o do Iraque.
Sinal dos novos tempos: as vozes das mulheres, ao longo do desfile, eram as que mais sobressaiam, não apenas gritando palavras de ordem, mas cantando canções de protesto.
As origens do Primeiro de Maio remontam à luta dos operários pela redução do tempo de trabalho. Essa teria iniciado em 1791, nos Estados Unidos, quando os carpinteiros da Filadélfia declararam greve para exigir a jornada de 10 horas e pagamento por trabalhos extras. A Convenção da Federação Americana do Trabalho, de 1884, tomou a resolução histórica de que "oito horas constituiriam uma jornada legal de trabalho a partir do 1º de Maio de 1886". A data também pode estar relacionada ao antigo costume dos trabalhadores que festejavam no 1° de Maio a chegada da primavera, que significava novas construções e melhores remunerações que no Inverno.
A data escolhida pela maioria das nações do mundo para comemorar o Dia do Trabalho e celebrar a figura do trabalhador, tem origem em uma manifestação operária, por melhores condições de trabalho, iniciada no dia 1º de Maio de 1886, em Chicago, nos EUA.
A greve, organizada pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá, foi violentamente reprimida pela polícia causando a morte de vários trabalhadores e a prisão de oito de seus principais líderes: Augusto Spies, Michael Schwab, Samuel Fielden, Adolfo Fischer, Jorge Engel, Luiz Lingg, Oscar Neebe e Albert Parsons.
Por decisão judicial, quatro desses dirigentes foram enforcados em Novembro de 1887; três foram condenados à prisão perpétua e um suicidou-se na prisão.
O Dia Mundial do Trabalho foi criado em Paris, em 1889.
A partir de 1890 o Dia Primeiro de Maio passou a ser comemorado em quase todo o mundo. Mas, nos Estados Unidos, desde 1894, a data é comemorada na primeira segunda-feira de Setembro.
Sobre a repressão da greve de 1886, na Praça Haymarket, em Chicago, o New York Tribune e o Chicago Times, publicaram, respectivamente as seguintes manchetes:
"Estes operários brutos só compreendem a força, uma força que possam recordar durante várias gerações..."
"A prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social".
No dia 1 de Maio de 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação centenas de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de um dos protestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos polícias que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de Maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
A 23 de Abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de Maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adopta o 1º de Maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países.

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