Uma mulher síria de 75 anos foi condenada a 40 chicotadas, quatro meses de cadeia e deportação da Arábia Saudita, após cumprir as penas. Khamisa Mohammed Sawadi foi condenada por ter recebido dois homens, não familiares, em casa.
Os problemas para Khamisa Mohammed Sawadi começaram no ano passado, quando um elemento da Polícia Religiosa lhe entrou em casa, na localidade de Al-Chamli. A mulher estava acompanhada de duas visitas masculinas, mencionados como Fahd e Hadian, nenhum deles do mesmo sangue da idosa síria.
Noticia o jornal “Al-Watan” que um dos homens, Fahd, disse à polícia que tinha o direito de estar em casa de Khamisa Mohammed Sawadi, porque a mulher que o tinha amamentado quando era bebé. O outro homem, Hadian, de 24 anos, limitou-se a acompanhar o amigo, que terá ido oferecer pão à idosa síria.
Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício
O jornal “Al Watan”, que teve acesso ao acórdão, conta que o juiz
concluiu que Swadi não era filho de Khamisa Mohammed Sawadi. Segundo o texto, a decisão assenta parcialmente no testemunho do elemento da polícia religiosa. Uma unidade policial que dá o corpo de milhares de agentes às emanações da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.
A Polícia Religiosa tem por dever, entre outros, zelar pela forma
que as pessoas se vestem, a hora das orações e a segregação sexual. Face à lei saudita, que segue o Wahabismo, uma interpretação rigorosa do Islão, as mulheres sofrem muitas restrições ao nível da indumentária, precisam da autorização do marido para viajar e estão proibidas de conduzir.
O caso de Swadi está a gerar controvérsia na Arábia Saudita. "Está a deixar toda a gente zangada, porque ela é como um avó", disse à CNN a activista saudita dos direitos das mulheres, Wajeha Al-Huwaider. "Quarenta chicotadas? Como pode ela aguentar a dor? Como se justifica isto?"
A mulher anunciou que vai recorrer da sentença e garantiu que Fahd é mesmo filho de amamentação. Dos homens não se sabe, ainda, se pretendem recorrer do castigo: Fahd foi condenado a quatro meses de prisão e 40 chicotadas; Hadian foi sentenciado a seis meses de prisão e 60 chicotadas.
Violada e condenada a prisão
O juiz escusou-se a comentar a notícia, remetendo mais informações para o Ministério da Justiça. Muitos sauditas acreditam que a recente remodelação governamental, que, entre outros, mudou a chefia da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, por um saudita mais jovem e, esperam, mais moderado, pode vir a fazer a diferença.
Uma mudança que pode contribuir para aligeirar a mão pesada da lei religiosa saudita, conhecida por outros casos polémicos. Entre estes, o de uma rapariga de 19 anos, violado por sete homens, que foi condenada a 200 chicotadas e seis meses de cadeia por ter-se encontrado com um homem não familiar. Os violadores foram condenados a penas entre 10 meses e cinco anos de cadeia. Perante a controvérsia mundial, o rei Abdullah bin Abdulaziz viria a perdoar a rapariga.
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