segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Se eu pudesse explicar o "Amor", com as minhas palavras...

“A palavra amor pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atracção, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc. O conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, que seja capaz de receber este comportamento amoroso e alimentar as estimulações sensoriais e psicológicas necessárias para a sua manutenção e motivação.”
Fala-se de amor nas mais diversas formas: amor físico, amor platónico, amor materno, amor a Deus, amor á vida, amor de amizade. É o tipo de amor que tem relação com o carácter da própria pessoa. É algo que tem diversas facetas, diversas maneiras de lidar, diversas maneiras de ver.

Se falássemos na minha pessoa, nas minhas experiências, nas minhas opiniões, de longos e duros trinta e muitos anos da minha vida:
Amores a Deus, mesmo os que não têm fé a Deus, são amados. Amo a Deus, pelas as maravilhas da natureza, pelas pequenas coisas do mundo, pela perfeição da imperfeição da humanidade, pelas coisas inexplicáveis que existem.
Amor familiar, amor materno, paterno, amigos de coração, manas de sangue é um amor que me enche o peito de felicidade. Perdi a inocência de criança, pelo sofrimento muito cedo, mas estava coberta pelo amor familiar até muito tarde. Por muito passei e poucas vezes senti remorsos, graças ao meu Anjo da Guarda!
Amor físico, por tudo o que já passei, pela experiência de sofrimento, amo o meu corpo e aprendi a amar a minha vida como ela é.
A vida é curta, dura e o tempo passa depressa para que nós olhemos somente para o nosso umbigo. E a realidade que nos rodeia no dia-a-dia, é crua e fria.
Poderia dizer que o amor platónico, aquele amor ideal, perfeito só nos sonhos, só naqueles meus pergaminhos, que um dia poderá ser um livro… “Iniciam em sonhos reais e terminam em palavras inventadas”.

Falemos agora de um amor que noutro dia andavam a falar, despoletaram nós, sentimentos, palavras na minha cabeça. Amor entre duas pessoas, amor segundo algumas cartas, poemas, “um amor avassaladora… um amor que arde sem se ver…”. Amor que provoca danos, carências, dúvidas, tristezas e alegrias.
Digamos que as operações fizeram de mim, uma pessoa mais aberta. Passei por momentos felizes, senti o toque do primeiro beijo, do primeiro amor… mas nunca foram relações duradouras. Paixões de adolescentes, amores estrangeiros, amores que a distância não ajudou. Relações que começaram do nada e em nada ficou no fim. Relações que marcaram muito, pelas medidas drásticas que por vezes temos de tomar, para não perdermos a dignidade. Mas apesar disso, nunca passei por um amor avassaladora.

Ultimamente, não sei se é por carência ou por não estar com alguém á muito tempo, as paixões que tenho tido, são fortes, avassaladoras e que arrasam comigo. Fazem-me sonhar, em sonhos tão altos, com as expectativas de tornarem verdadeiras, mas no final, era apenas mais um sonho. Fazem-me ser poeta, divagar debaixo da lua, palavras que formam um texto romântico, maravilhoso… e no entanto, eram apenas palavras.
Depois disso, acordamos para a vida e vemos a realidade. Recentemente, senti a quebrar-me por dentro. Senti a necessidade de abrir a minha mão, para largar a minha recente paixão sem finalidade. Senti, que a dor estava a consumir-me e o estar perto dessa paixão estava a deixar-me de rasto. Já era um choro sem lágrimas. Eu não mereço essa dor, nem essa negação, nem essa tristeza, nem afundar-me por uma paixão que não vai acontecer.

Diz-me quando, aonde, temos ou podemos lutar por amor merecido? Como sabemos é esse o amor que vai ser para o resto das nossas vidas, o amor que não vai acabar, como sabemos? Como sabemos se esse amor, não traz dor? Se as rosas fossem impossíveis de tocar? Se as energias de um coração fossem impossíveis de renascer? Se os sonhos fossem impossíveis de mudar? Se todos fossemos iguais? Se o dia nascesse tal igual ao de ontem? Dúvidas…

Não sabemos, só o tempo dirá. Só a necessidade, a temperatura, o nível de consciência quando essa paixão nos é atingido. Só o conjunto de coisas que fazemos e o companheirismo, nos dirá. Só o podemos ver, no cuidado, no embelezamento e na manutenção que nós damos á relação e ao amor.

Temos, por vezes de sentirmos com coração e pensarmos com a cabeça. Fazer parar o tempo, que corre…
Ás vezes, ponho-me a pensar, como seria a minha vida, se não tivesse feito as operações? Como seria? Será que seria como sou hoje, independente, livre de depressão, relativamente ás opções de vida? Outras vezes, penso, sendo eu, peixe de signo, posso sentir medo, posso querer tempo para pensar, mas quando a decisão é tomada, nada me volta atrás. Digamos que, por necessidade, pela felicidade não me sinto arrependida de ter feito o que fiz até agora, tirando algumas pequenas coisas.
Tal como o amor físico, talvez um dia, consiga ultrapassar isso e viver a vida, tranquilamente, sem “ir e voltar”.

1 comentário:

AIFM disse...

Querida Larita,
Deixo-te aqui uma citação de um dos livros que mais gostei ("The Inheritance of Loss", Kiran Desai):
"Love must surely reside in the gap between desire and fulfillment, in the lack, not the contentment. Love is the ache, the anticipation the retreat, everything around it but the emotion itself.»
Com isto quero dizer que tu, mais do que ninguém, estás a experienciar o amor, mesmo quando não há lugar a fulfillment... A parte de estar apaixonada é das melhores. A incerteza, o tremelique, a angústia daquele telefonema que não tarda... Não fiques, pois, triste por não teres (ainda) o fulfillment. Quando for a altura dele, ele virá. ;)
Um super beijinho +++!