A tarde vinha morna, quase triste, daquelas em que até os cortinados parecem suspirar. Os ombros de Larita traziam o peso de reuniões vazias e filas sem destino. Com um suspiro, deixou cair a mala no chão. — Hoje... vamos jogar. Loira, cadela de alma dourada, cheirando a sol e chão quente, ergueu-se num salto que sacudiu almofadas, memórias e pó. Ginger, o gato laranja, nem pestanejou. Cookie, loiro e teatral, desapareceu como um ator sem fala. — Um... dois... três... macaquinho do chinês! Virou-se. Loira estacada, mas o chocalho da coleira ainda sussurrava no ar. — Estás fora... — sorriu Larita, como quem reaprende a brincar. O soalho rangia, os móveis respiravam. A luz tingia o chão de laranja derretida. O ar sabia a almofadas gastas e tardes cheias de vago. Nova ronda. — Um... dois... três... macaquinho do chinês! Cookie avançava como sombra em missão. Ginger desaparecera do tapete. Do relógio, um tilintar seco. Lá fora, uma buzina esquecida. — Um... dois... três... macaq...
O que ouvi, o que senti, o que fiz
e o que despertou a minha curiosidade...