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Gestos de Luz

Publicação: Revista Ofélia 

Na quietude azul do alvor,
uma mulher ergue os braços ao tecto,
como quem parte vidro para colher luz,
e o corpo verte-se em ondas,
tenso por dentro como mar contido.
No canto da sala, as paredes recuam,
respiram devagar, afastam-se da pele,
cedem espaço ao lume secreto
que se ergue, translúcido, sem ruído,
onde o pensamento ferve como água.
Ali, entre o gesto e o sopro,
irrompe um clarão, breve e cortante,
onde as ideias colidem,
fagulhas entre caos e ordem,
escorrendo depois, líquidas,
em fios que se entrançam sem repetir.
A mulher não fala, mas o olhar cintila,
nele, flutua uma cidade suspensa,
pontes finas, casas de vidro
onde criaturas curvilíneas se movem
como se tivessem acabado de nascer.
Quando regressa ao silêncio do corpo,
as mãos repousam nos joelhos,
e o peito abriga o peso doce
de ter roçado, ao espreguiçar-se,
o lugar secreto onde tudo começa.
 

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PARABÉNS, Rosy,

por estes dois anos que estás na nossa companhia, por fazeres parte desta familia ou tribo (goesa), e por estares neste pais bonito... Mudaste de Barcelona para Portugal deixaste os amigos e amigas e ganhaste novos tudo em nome do amor Apesar de estares longe da tua familia, tens a familia no teu coração, e aqui ganhaste uma segunda familia, logo no primeiro dia que aqui chegaste.. Dois anos já passaram, Agora mais anos virão, e estaremos sempre aqui.. e ali, somos sempre as viajantes... Para ti: Beijos e muitos besossssss.......