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29 de junho de 2013

Deste-me um nome de rua… de uma rua de Lisboa

Deste-me um nome de rua é o título do nosso projecto, inspirado no Fado de Amália Rodrigues, "Nome de Rua".

Deste-me um nome de rua… de uma rua de Lisboa. Muito mais nome de rua do que nome de pessoa.

A Rua Abade Faria é casa para muitos lisboetas. Mas é também o nome de um cientista e religioso luso-goês, José Custódio Faria que, para além da sua formação em Teologia, foi um dos pioneiros no estudo científico do hipnotismo.
Apresentação resumida do Abade Faria – José Custódio de Faria com base no texto do “Dicionário de Literatura Goesa “ do Aleixo Manuel da Costa,  Edi Instituto  Cultural de Macau  da Fundação Oriente

Abade Faria (AF)
Nasceu em Candolim, Bardez  a 31 Maio 1756
Faleceu em Paris em 20 Set 1810
O pai, Caetano V Faria, de Colvale, dedicou-se à vida religiosa e chegou a tomar ordens menores, altura em que decidiu ? casar com Rosa M de Sousa,de Candolim, casamento muito atribulado por razões desconhecidas.

Dois anos depois nasce José Custódio Faria ( Abade Faria)
Quando AF tinha cerca de 10 anos os pais separaram-se.
Mais tarde o Pai ordenou-se presbítero e a mãe ingressou no mosteiro de Santa Mónica onde chegou a ser prioresa
Esta história familiar levou, passados anos, alguns dos seus biógrafos a considerar que o AF era filho natural de um padre e de uma freira.

AF aos 15 anos viajou com seu pai para Lisboa e  daqui partiu para Roma com as boas graças do Sec Estado da India e do Nuncio Apostólico, o que permitiu ao AF estudar num colégio religioso e ordenar-se, mais tarde presbítero.
AF voltou a Lisboa, onde chegou a pregar na corte, e por aqui ficou cerca de 10 anos, quando partiu para Paris em 1788
Em Paris, tomou parte activa na queda da Convenção (1795) , dedicou-se ao hipnotismo, assumiu um papel revolucionário contra as ideias corrente.
Inovou com as demonstrações de que o hipnotismo nada tinha de sobrenatural, mas dependia da predisposição dos hipnotizados, contra a corrente dominante da época e liderada pela  Igreja católica que  considerava essas práticas demoníacas.
Foi professor de filosofia na Academia de Marselha, membro da Sociedade Média dessa cidade, posteriormente transferido para  a Academia de Nimes como professor suplementar o que o irritou.
Voltou para Paris e dedicou-se afincadamente ao estudo do hipnotismo, onde não teve muita sorte, pois foi ridicularizado pelos seus colegas, e pela elite desse tempo, como por exemplo numa peça de teatro Variétes,  Chateubriand  apresentou-o num papel  extravagante nas “Memoires d’outre tombe”, Alexandre Dumas fez dele o prisioneiro do Castelo d’IF  no seu romance “Conde de Monte Cristo”.
No final da vida, abandonado por todos, conheceu a miséria mas não desistiu de defender as suas convicções e, nesta ultima fase, escreveu  as suas teorias  que o tornariam reconhecido na história do hipnotismo,muito mais tarde, em todo o mundo.
Em Portugal entre vários outros cientistas, foi o Prof Egas Moniz que o reabilitou na sua obra “ O Padre Faria na História do Hipnotismo, Lisboa 1925”
Em Goa, para além do seu nome nas ruas, foi erguido  um monumento em Pangim, numa posição de hipnotizador.
Fim das citações do Dicionário de Literatura Goesa

Conclusão a que me leva o Abade Faria: Temos sempre de estar atentos aos novos ventos da sabedoria e despirmo-nos de preconceitos dominantes

No âmbito das Festas de Lisboa 2013 e inspirado nas histórias do Abade Faria,... o Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva desenvolve uma programação participativa com a população do bairro num processo de partilha de memórias e conhecimentos. Nos dias 28 e 29 de Junho, a Rua Abade Faria enche-se de vida, música, ciência, sabores, histórias e memórias. Saia à rua e junte-se a nós.

Mora na Rua Abade Faria ou arredores? Gostaria de participar?
Nós, o grupo Ekvat e as suas dancarinas vão actuar nesta Rua Abade Faria. Apartir das 17H do dia 29 de Junho. 
A programação completa das actividades.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=57993&op=all

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