sexta-feira, 4 de setembro de 2009

"Morte, violação ou boca de palhaço?"

Na altura do Carnaval, ouvi falar de um caso que me arrepiou imenso. Duas jovens universitárias tinham sido interpeladas por um grupo de rapazes bem parecidos, no Bairro Alto, que lhes fez uma pergunta: "Morte, violação ou boca de palhaço?" As jovens, pensando tratar-se de uma brincadeira de Carnaval, responderam prontamente "boca de palhaço". Foram esfaqueadas dos lábios às orelhas. Sei que ainda hoje estão traumatizadas e que nenhuma cirurgia plástica deixá-las-á como eram antes.

No passado fim de semana, voltou a acontecer; em pleno Largo Camões, a jovem esperava por um táxi vazio que a levasse para casa. Pois quem a levou foi quatro rapazes, que lhe fizeram a mesma pergunta arrepiante e o resultado é o mesmo. Esfaqueada, com um "sorriso" de palhaço.

Acho estranho que nenhum telejornal faça referência a isto, porque tenho a certeza de que já aconteceu mais vezes. Sendo assim, e como acredito no poder do passa a palavra, por favor divulguem esta história a toda a gente. É preciso que toda a gente saiba. É preciso que tenhamos cuidado. É preciso que andemos acompanhadas. É URGENTE ALGUÉM FAZER ALGUMA COISA!!!

Será verdade ou mentira? Nunca ouvi falar disto... o que vem a seguir fez....

Palavras publicadas pela Marga no seu blog:
Ouvi-os rirem-se. Um riso alto, alegre, quase que de inocente divertimento. Mas não o era. Não inocente. Ao meu lado, Glória chorava baixinho, entoando uma reza de uma religião que há muito dissera ter abandonado. Não a censurava. Nunca o poderia fazer, sabendo a dor pela qual passava… Também eu… Também eu desejava ter algo, saber de algo a que me pudesse agarrar num desesperado acto de necessidade. Queria conforto. Queria sossego. Queria vingança. Queria que parasse. Queria que tudo aquilo parasse, dissolvendo-se juntamente com a chuva que começava a cair no meu rosto – isto se ainda o poderia chamar assim.

Ouvi-os afastarem-se, em passos largos e apressados, correndo para longe daquele local, de nós, do nosso sorriso apalhaçado…Algo dentro de mim suspirou em alívio mal-encarado. Poderia ter sido pior. Poderia ter sido muito pior… Era disso que me queria convencer… Era a isso que eu precisava de me agarrar…E sabia o quanto era verdade… O quanto de realidade havia naquele pensamento… Mas não resultava. Não quando era eu a vitima. Porquê eu? Porquê nós? Corri mentalmente tudo aquilo que me conseguia lembrar de ter feito durante a vida. Relembrei a cara deles, esforçando-me por saber se me eram familiares, se havia algo que havíamos partilhado, algum momento antes na nossa existência… Não, nada. Não havia nada, então porquê!?

Glória continuava a chorar, apertando a minha mão com força. Não a agarrei de volta. Não conseguia. Deveria olhar para ela, eu sei que deveria… E encarar a face medonha, desfigurada… afogada no líquido vermelho que tão brutalmente fora arrancado das nossas veias… E ao vê-la ver-me-ia a mim. Tal e qual. Sabia, com uma certeza dolorosa, que na sua desfiguração veria o meu reflexo, e por isso eu não queria olhar, não queria…A chuva tornou-se mais forte, batendo com força no meu rosto e limpando-o da sensação viscosa. Forcei-me a erguer o meu próprio tronco, encostando-o à parede imunda atrás de mim e o meu interior rugiu com toda a dor que o simples movimento me provocara. Mas não podia permanecer ali. Não poderia continuar imóvel, naquele pedaço de chão sujo, esperando que algum bando de festeiros bêbados nos encontrasse. Não. Não desceria mais que isso.

Cega para o que me rodeava, tacteei pelo telemóvel, algures perdido entre os pertences que mais cedo haviam sido descuidadamente atirados por mim mesma para dentro da minha bolsa e marquei o número de emergência. Não sabia o que dizer quando me atendessem. Não sabia sequer se conseguiria falar! Precisava de tentar… Precisava tanto de tentar algo, alguma coisa!

A voz distante da rapariga soou de dentro do aparelho. “Boa noite” dissera ela. Ah! A piada! “Qual a emergência?”. A emergência… Tentei falar; erro crasso. Não sabia que era possível sentir ainda mais dor do que aquela que havia sentido até ao momento… Finalmente, senti uma lágrima solitária a rolar pela minha face. Tinha de falar, tinha de conseguir falar!… Ela não poderia desligar, não na situação em que eu, em que nós estávamos!

Soltei um grunhido, esperando que isso bastasse. Esperança estúpida, sem qualquer tipo de fundamento… Mas era o máximo que podia. Palavras, acabara de descobrir, haviam-se tornado subitamente impossíveis de articular.

“Oh!” – exclamou a voz do outro lado. Com alívio, senti o tom de preocupação que ela detonava. Ao menos não me julgara uma qualquer brincadeira de mau gosto… Era a minha dor assim tão latente nos sons produzidos pelo rasgão que era agora a minha boca? “Mantenha o telemóvel ligado, de outro modo não seremos capazes de a encontrar. Será enviada uma ambulância já, já!”

“Já, já” não era suficientemente rápido. Não para mim, não para Glória. Mas era o melhor, julgava, que poderia conseguir. Mantive o telemóvel ligado, tal como me fora instruído. Do outro lado da linha, a rapariga continuava a disparatar algumas palavras de conforto, sem saber muito bem o que dizer. Não sabia o que me acontecera. Percebera, apenas, que era grave. Grave o suficiente para eu não conseguir falar. Provavelmente imaginara algum espancamento, fruto da euforia libertadora que todos os anos o desejado Carnaval trazia consigo, afinal, ninguém leva a mal…E novamente perguntei-me o porquê. Não haviam levado nada… Não haviam pedido nada… Uma brincadeira... Era tudo, para eles, uma brincadeira…Fechei os olhos. Relembra-los-ia, sabia que sim. Mas estava tão cansada…Talvez se os fechasse… por um minuto só…

“Morte, violação ou cara de palhaço?”
Se adormecesse… Se fechasse a minha mente… Então talvez… talvez…

“Oh, brincadeira de Carnaval?” – rira Glória.
Só por uns minutos… Uns abençoados minutos…

Eles sorriram, repetindo a pergunta.
Então talvez eu poderia…a dor poderia…

“Cara de palhaço!” – exclamaram as duas em uníssono, sorrindo com a alegria de quem ainda tinha toda a noite, toda a vida, pela frente.
Só queria que ela parasse…

17 comentários:

aNNóNNimo disse...

Realmente não chegam os grandes interesses financeiros, utilizando todos os meios áudiovisuais a ameaçarem-nos e amedrontarem-nos todos os dias!
Não passa de mais um alarmismo ficcionado pela mente loira de uma qualquer "Corin Tellado" de pacotilha!
Mas caberá na cabeça de alguém com 2 dedos de testa ou 2 neurónios que seja, que esta "estória" possa ter alguma veracidade?
E se fosse macabramente verdadeira quem calava o pessoal do INEM?
Poupem-me a tanta estultícia!

Gonçalo Leal disse...

Boa ficção... escreves bastante bem!Se deres continuidade à história ou criares mais mitos talvez seja publicado!

Anónimo disse...

fontes seguras (quando falo seguras, refiro-me à psp) garantiram-me que é mesmo verdade a existência deste grupo ou seita que tem, não raras vezes feito esta "brincadeira carnavalesca"... não só em altura do carnaval, mas tem acontecido vulgarmente. Talvez os media não divulguem a situação para não colocar em risco o negócio dos bares do bairro alto.
Preferível que não passasse duma "boa ficção"... mas, pelos vistos, a maldade humana chega a estes horríveis termos, por inacreditável que pareça.

Anónimo disse...

Isto é ficção ou realidade?

Anónimo disse...

É um excerto de um livro de terror da autoria de Elyon Somniare.

Mais informações em http://www.fictionpress.com/s/2705611/1/Cara_de_palhaco

Anónimo disse...

Trata-se do livro "Cara de palhaço", de Elyon Somniare.

Mais informações sobre este livro em http://www.fictionpress.com/s/2705611/1/Cara_de_palhaco

Terramoto disse...

grande tanga, nem eu que já fui perseguido por 4 armários me consegui lembrar de metade dos promenores...e essa ai rasgam-lhe a boca corre o risco de ser violada e ainda se lembra de cada promenor, quando à pessoa das fontes seguras desculpa lá mas não te tomo por seguro quando escreves um comentário em anónimo, lol.

Anónimo disse...

a uns tempos mandaram-me o mail a dizer para ter cuidado a sair depoix das 8 horas da noite por causa de um gang de rapazes que andam a preguntar (morte,violação ou boca de palhaço)e eu fiquei assustada porque disseram-me que cando as pessoas dizem boca de palhaço são esfaquiadas da boca as oralhas ...

Elyon Somniare disse...

Uma pena não ter encontrado este blog mais cedo, assim já não devo chegar a tempo de iluminar o pessoal, mas aqui fica na mesma, pelo sim pelo não: "Cara de palhaço" foi escrita por mim a partir de um mail mito urbano que anda por aí a circular. É uma one-shot (história de um só capitulo), e o facto de se encontrar na primeira pessoa não quer dizer que seja real! Trata-se de um história de FICÇÃO escrita em POV (primeira pessoa).
"Cara de Palhaço" nunca aconteceu que eu saiba, embora haja por aí casos reais tão ou mais tenebrosos.
Bjs
Elyon

Unknown disse...

Para quem leu esse post no meu blog, aquilo está em itálico pois não fui eu que escrevi. Esse texto é uma ficção inspirada nos rumores da boca de palhaço. Tenho inclusivé um comentário da autora a pedir para assinar com o nome dela, coisa que não tinha feito pois não sabia o nome da pessoa em questão.

Anónimo disse...

Essa Coiza De Morte , Violaçao ou Cara de palhaço chegou aqui na Margem Sul ; Mas com nome de morte violaçao ou boca de peixe .

- O gang Chama-se gang da boca de peixe

Fazendo muito medo nas crianças e pais da zona

muita gente ja sabe e fica a pensar


será que devo dizer [VIOLAÇAO] ?
BOCA DE PEIXE
MORTE ??





___________________________._______________--

Anónimo disse...

Ehehe de facto o rumor, se não fosse de péssimo mau gosto, teria mérito pela capacidade do(s) autor(es) em conseguir difundi-lo por quase todo o País e aterrorizar mesmo miudas e respectivos pais (com toda a razão)! É só pesquisar nos jornais nacionais credíveis e lemos o desmentido cabal das respectivas entidades competentes.
Q tal esses boateiros verem menos séries de ficção, hein? Ou então nós, mulheres, começamos a equacionar a hipótese de por a circular tb um mito urbano mas desta vez sendo um gang (de homens, claro!) com preferência por rapazes dos 16 aos 25 anos!!! Eheh Aí sim era o verdadeiro pânico nacional, são uns piegas!

Anónimo disse...

Palhaços é o que não falta para ai neste país...Se tivessem um trabalhinho, uma ocupação, um emprego ,não se ocupavam em devaneios histéricos !Será que vai virar paranoia universal?Uns a trabalhar e a queimar as pestanas e outros no troliló...a arranjar justificações para os infortúnios!!!!

Anónimo disse...

isso e tudo mentira. nao a provas

Anónimo disse...

Pessoal e se nós também fizessemos correr uma noticia , em que disse-se que havia um gangue de rapazes, que tortura ou chega mesmo a matar esse gangue que é chamado de morte , violaçao ou boca de palhaço??
Pode ser uma ideia estupida , mas ao menos faziamos alguma coisa .

ass: ANA

Unknown disse...

Este texto é puramente ficcional, garantiu-me a autora (que não sou eu). Foi inspirado nesses boatos que andam para aí a circular.

Beijinhos

Unknown disse...

Um dia eles apareceram atrás da minha casa