Em A Virgem (NÉRET, 2000: 71), a jovem que se transforma em mulher, permite-nos assistir ao despertar da sensualidade. A alegoria piramidal é representada por partes de corpos que formam uma espécie de puzzle, dominados pelas curvas emaranhadas em estados variados. O tema subjacente é o de Eros e o do ciclo da vida.
Assim como a representação feminina de Gustav Klimt, Lóri desnuda-se. Sua paixão pelo conhecimento estimula a personagem a arrancar a máscara, para criar uma história a partir de si. Nela, o princípio de realidade projeta defesas contra a dor. Ao redescobrir o princípio de prazer, reconhece que o prazer que ignora a dor é um prazer-simulacro.
A metáfora do falcão alude a visão do homem sobre a mulher, presa a ser conquistada. Ulisses não quer apenas o corpo de Lóri mas, também a alma. Contudo, esta mulher, a quem ele resiste, torna-o encantado. O professor aprende que a verdade deve transformar-se em fato.
Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A solução para esse absurdo que se chama “eu existo”, a solução é amar um outro ser que, este, nós compreendemos que exista. (LISPECTOR, 1982: 169).
Klimt trabalha a estética do erotismo sob o conceito de que o mundo tem uma aparência feminina. Os seus nus sedutores, envolvidos em ouro e prata, em motivos florais exóticos, formam a expressão erótica da sensualidade moderna. O erotismo da imagem é apresentado pela disposição renovada de corpos e cores que criam um mundo prometéico.
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