domingo, 27 de novembro de 2005

O que era meu...

Sou a raiva que sinto
quando me roubaram
o que era meu (Pai),
e assim continuarei até à morte.

Agora sou como um tambor
a dirigir um rufar de amarguras
caminhando sobre a própria desgraça
acompanhado de exércitos de amargura
que me seguirão pelo mesmo caminho.

Foi duro acompanhar o teu sofrimento
nesses ultimos meses
em que por vezes abrias os olhos
em convulsões, num lamento sem fim.

Pedias mas sabias,
sabias que ias partir
e todos iriam penar.
Resistis-te até mais não poderes
tentando adiar o que já não era possível.

Essa terrível megera de foice armada
cobarde e sem rosto,
negra como a mais negra e vil das noites levou-te,
sem glória nem honra…e tu bem as merecias

Durante a tua efémera passagem,
deste sempre tanto e nunca pediste nada.
deste-nos educação e amor
e tinhas uma enorme facilidade em criar
esses mesmos sentimentos
nas pessoas que te rodeavam.

Nesse dia fatídico em que te foste,
a própria natureza
e todos os deuses do universo
se juntaram numa orgia dantesca
como que a reclamarem da tua presença etérea.

Os ventos sopraram em velocidade ciclónica,
os trovões ribombaram qual apocalipse,
as nuvens sobrevoaram o perímetro
as árvores vergaram-se por onde passavas
na tua última viagem.

Precocemente regressas-te à terra,
deixaste-nos sem a tua presença,
sem o teu carinho
e sem o brilho dos teus olhos
que nos perdurarão
até ao dia
em que juntos
poderemos então
novamente eternizar
tudo aquilo de bom que nos deste.

A meio deste caminho
permaneço estranha
cansada e todos os dias
vejo as linhas do teu rosto
rezo
mimo-te no silêncio
e escuto a tua imagem
Partiste...
Sei que existe esse lugar.

Até logo, Pai

do Vagabundo em http://vagabundo.bloguepessoal.com/14314/Sou-a-raiva-que-sinto-quando-me-roubaram-o-que-era-meu/

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