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31 de dezembro de 1997

Meu primeiro encontro europeu de Taizé em Viena de Áustria (1997/198)

Com meios simples

Uma jovem mãe de família escreve a contar a sua presença no meio dos mais abandonados:
«Gostaria de vos contar o compromisso que vivemos quotidianamente numa paróquia de Viena. Desde o Outono, vou três meios dias por semana ao centro de acolhimento para mães sem domicílio fixo a cargo da Caritas. A responsável por esse centro de acolhimento é também uma das organizadoras das missas que têm lugar no centro, domingo de manhã, para os sem-abrigo e no domingo à tarde para crianças com deficiências profundas. Com o padre capelão da Caritas e alguns colegas, ela toma conta dessas mães e dessas crianças com um coração vindo do Evangelho. Para mim, estar com eles é como regressar à escola para voltar a aprender desde o início as bases da vida.
Duas manhãs por semana, encarrego-me das crianças enquanto as mães consultam a assistente social. Muitas vezes, torno a descobrir com essas crianças as alegrias que me dá o meu próprio filho, com mais esgotamento e sobrecarga de trabalho. Tudo aquilo que aprendi com o meu filho e que continuo a aprender com ele é para mim como um tesouro que posso agora partilhar com as outras crianças. Há por vezes crianças tão vigorosas, com tanta energia, que chego a ter a sensação de que preciso de me transformar num domador de circo. E, ao mesmo tempo, essas crianças pegam na minha mão e ensinam-me à maneira delas o Evangelho. Muitas vezes, na paróquia ou nas orações que são organizadas com os cânticos de Taizé, costumo ser eu quem sabe onde ir e quem controla as coisas. Aqui sou eu quem aprende, quem recebe, e esta aventura que me convida à descoberta enche-me de alegria.
Uma tarde por semana, reunimo-nos, mães, crianças e voluntários, para beber café, brincar e alegrar-nos. O padre reúne-se primeiro com as mães que queiram falar com ele sobre a semana que passou. Depois, pega na guitarra e durante uma hora celebram-se os aniversários e as festas na pequena capela (que serve também de sala de jogos e de dormitório!). Com meios simples, mas que vêm do coração, celebramos juntos. Cada um recebe qualquer coisa, cada um escuta o seu nome na oração. Mesmo se isso não remedeia o seu futuro, é possível imaginar o quanto esses momentos dão vida e luz às mães e às crianças que viveram tantas coisas duras. E o espanto nunca me abandona: não poderia, eu também, tirar partido desta experiência para animar em minha casa uma família que saiba amar, construir, consolar e fortificar?
Depois de ter descoberto tais lugares de sofrimento, quem poderia regressar ao seu quotidiano sem ficar com esta frase de Cristo no Evangelho gravada para sempre no fundo do coração: ‘O que fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fazeis.’?
Procuro cada vez mais o contacto com as mães. Antes tinha medo de ter de me encarregar dos seus problemas. Agora descubro tudo aquilo que temos em comum, todas as coisas belas que podemos partilhar apesar de tudo, através das nossas fragilidades e dos nossos erros. Compreendermo-nos é talvez acolhermo-nos uns aos outros na confiança que Deus nos oferece: sem preconceitos nem cálculos. Quando isso resulta, é como o pão partilhado, uma incrível fonte de energia, uma força que nos empurra para a frente. Com quase nada, podemos dar muito apoio uns aos outros. E durante esses encontros, a solidão pesada, que se abate sobre muitos, pequenos e grandes, evapora-se espontaneamente. Nunca esperei que ali iria aprender a tecer verdadeiros laços.
O que me toca cada vez mais é a partilha do Evangelho que tem lugar no domingo à noite, depois de toda a confusão do dia. Durante um bom momento de silêncio, lemos o Evangelho do dia. Depois, cada um partilha simplesmente aquilo com que Deus mais o tocou. É para mim uma grande ajuda poder caminhar com pessoas que têm as mesmas referências que eu, sem grandes discussões, mas com o desafio exigente de orientar a semana que começa à luz daquilo que foi vivido.»

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