A
fogueira dança selvagem, rugindo entre os troncos secos, labaredas
lambendo o céu escuro. Florestas, outrora verdes, tornam-se cinzas e
desertas, silêncios quebrados por estalos ardentes. Animais correm com
olhos assustados, buscando refúgio entre pedras quentes. Casas antigas de telhados incendiados, memórias consumidas pelo calor voraz. Fumaça
espessa envolve montanhas, carregando cheiro acre e lembranças de verões
antigos. Ventos traidores espalham fagulhas, pincelando destruição em
cada encosta e vale. Homens e mulheres correm: baldes,
mangueiras, coragem em mãos trémulas. No horizonte, o sol luta para
aparecer, apagado pelo manto alaranjado. Cada brasa leva fragmentos de contos, sonhos, histórias ancestrais. A natureza refaz-se lentamente,
promissora, regenerando-se após a chama.
(Dinâmica: 111 palavras, começa com A e acaba com a, sem verbo ter e ser)
Comentários