Há anos que a Índia é objeto de fascínio do Ocidente.
Se por um lado a nação se torna um gigante cada vez maior no ranking das economias mundiais, de outro ela continua a atrair milhares de pessoas em busca de experiências transcendentais ou algum tipo de revelação.
O escritor William Dalrymple também tem um longo namoro com o país: escreve sobre ele há mais de vinte anos, e divide seu tempo morando entre Nova Delhi e a Escócia.
Em Nove vidas, ele faz uma nova abordagem dos relatos de viagem: em vez de escrever sobre a sua experiência nos lugares que visitou, ele busca personagens extraordinários e deixa que eles contem suas histórias.
A partir desses encontros, ficamos conhecendo figuras muito mais curiosas que os tradicionais gurus de ioga.
É o caso, por exemplo, do cantor de épicos do Rajastão, um pastor que, apesar de analfabeto, sabe de cor os 4 mil versos centenários de A epopeia de Pabuji.
Ou da monja jainista que ainda adolescente cortou todos os laços com a família e abriu mão de qualquer tipo de apego para vagar pelo mundo descalça, dedicando-se a sua fé.
Seja na conversa com uma prostituta do templo — oferecida por seus pais quando criança para servir à deusa Yellamma e hoje ameaçada pela aids — ou com artesãos que estão seguros de que as estátuas de bronze que fabricam são encarnações dos deuses, Dalrymple tem sempre um olhar respeitoso e fascinado pela cultura indiana, sem qualquer julgamento moral das formas mais heterodoxas de crenças que sobrevivem num país tão diverso e enigmático
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