Avançar para o conteúdo principal

Lenda da Fundação de Estremoz

No tempo de el-rei D. Afonso III cometeram os moradores de Castelo Branco um atroz delito e desejando el-rei informar-se do caso mandou para este fim um ministro àquela vila, porém os seus moradores não só não consentiram na devassa mas antes agravaram mais a primeira culpa com o horrível atentado de quererem matar o ministro.
Porém este, valendo-se das regras da prudência em semelhantes casos suspendeu a diligência e passou à corte para informar a el-rei o que lhe havia sucedido. O príncipe, justamente irritado, ordenou ao mesmo ministro que, com muita gente armada, fosse à dita vila e que sem atenção a idade ou sexo passassem a todos pelo fio da espada.
Partiu o ministro em tempo em que determinava dar cumprimento ao real decreto. Viu que os moradores com uma devota procissão em que levavam o Santíssimo Sacramento, imploravam com muitas lágrimas a clemência de el-rei. Este piedoso acto enterneceu o coração do ministro que suspendeu o castigo e deu conta de tudo a el-rei.
Este monarca, movido de uma natural compaixão, moderou o castigo, ordenando ao ministro que fizesse morrer todos os irracionais da vila e que os moradores dela fossem degradados e que a vila ficasse desabitada em pena da infame rebeldia dos seus moradores.
O que tudo se executou. Algumas destas famílias erraram de província em província até que foram dar ao derrotado castelo de Estremoz, onde junto dum copado e alto tremoceiro fundaram as primeiras casas e rua Direita e, no fim desta, a paroquial igreja de Sant’Iago, a mais antiga de Estremoz.
Passados alguns anos, vendo que a povoação tinha já bastante número de moradores, deputaram dois para que, em nome de todos, fossem pedir a el-rei D. Afonso III que lhe desse o foral da vila, o que el-rei deferiu perguntando-lhes que armas queriam para a vila e qual havia de ser o nome da nova povoação, ao que eles responderam que não tendo encontrado mais do que o sol, luz e estrelas que os cobrissem, e o tremoceiro ao pé do qual fundaram as primeiras casas, que estas queriam fossem as suas armas, e que por esta causa última queriam que a povoação se chamasse Estremoz. Tudo el-rei lhes concedeu.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Santa Luzia

Santa Lúcia de Siracusa (± 283 - † 304), mais conhecida simplesmente por Santa Luzia (santa de luz), segundo a tradição da Igreja Católica, foi uma jovem siciliana, nascida numa família rica de Siracusa, venerada pelos católicos como virgem e mártir, que, segundo conta-se, morreu por volta de 304 durante as perseguições de Diocleciano. Na antiguidade cristã, juntamente com Santa Cecília, Santa Águeda e Santa Inês, a veneração à Santa Lúcia foi das mais populares e, como as primeiras, tinha ofício próprio. Chegou a ter vinte templos em Roma dedicados ao seu culto. O episódio da cegueira, ao qual a iconografia a representa, deve estar ligado ao seu nome Luzia (Lúcia) derivada de lux (= luz), elemento indissolúvel unido não só ao sentido da vista, mas também à faculdade espiritual de captar a realidade sobrenatural. Por este motivo Dante Alighieri, na Divina Comédia, atribui-lhe a função de graça iluminadora. É assim a padroeira dos oftamologistas e daqueles que têm problemas de visão. Su...