"O peso que a gente leva...
O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a
beleza que nos espera.
Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por
isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.
Ando pensando sobre as malas que levamos...
Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças..
Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o
que há dentro das estruturas etiquetadas.
isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.
Ando pensando sobre as malas que levamos...
Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças..
Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico curioso para saber o
que há dentro das estruturas etiquetadas.
Tudo o que ele leva está
diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor
– o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros,
chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico –
isso mesmo! – Microondas? – Comunique-me, por favor, se alguém já ousou
levar!
O fato é que elas representam nossas inseguranças.
diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas; de frio, de calor
– o clima pode mudar a qualquer momento! – remédios, segredos, livros,
chinelos, guarda chuva – e se chover? –, cremes, sabonetes, ferro elétrico –
isso mesmo! – Microondas? – Comunique-me, por favor, se alguém já ousou
levar!
O fato é que elas representam nossas inseguranças.
Digo por mim. Sempre que
saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo.
saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo.
Tenho medo do
que vou enfrentar..
que vou enfrentar..
Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos
meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras
do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações.
Nós nos justificamos: Posso precisar disso, posso precisar daquilo...
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser
levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto
carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade disto ou daquilo?
Desisto!
meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras
do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações.
Nós nos justificamos: Posso precisar disso, posso precisar daquilo...
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser
levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto
carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade disto ou daquilo?
Desisto!
Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida... e vou.
Vez
em quando me recordo de alguma coisa esquecida,
em quando me recordo de alguma coisa esquecida,
ou então, inevitavelmente
concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer
ausências.
concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer
ausências.
E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que
não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor
do mundo que nos pertence.
E então descubro o motivo que levou o poeta cantar:
não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor
do mundo que nos pertence.
E então descubro o motivo que levou o poeta cantar:
“Bom é partir. Bom
mesmo é poder voltar!”
mesmo é poder voltar!”
Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o
que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados.
que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados.
Por isso,
partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos,
o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo.
Ao ver o mundo
que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu
território.
que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu
território.
É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto
inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram
a vontade de viver.
inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram
a vontade de viver.
Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das
realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto
de nossas lamúrias....
realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto
de nossas lamúrias....
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem.
Mas não leve muita
coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá.
coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá.
Ao adentrar o território
alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito
novo o território que é seu.
alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito
novo o território que é seu.
Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão
encontrar o outro.
*Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.*
encontrar o outro.
*Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.*
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