terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Lenda do Passarinho Verde

Reza a lenda que, num passado longínquo, românticos rapazes adestravam um pássaro verde para que este transportasse no seu bico cartas de amor para a sua amada, longe dos olhares indesejados, para manter o secretismo dos amores proibidos. Quem era visitado por este pássaro verde, símbolo de esperança e felicidade, ficava inevitavelmente encantado, com os olhos brilhantes e com um sorriso apaixonado de quem acaba de ler uma carta de amor.

Certa madrugada de Verão, daquelas verdadeiramente quentes em que não se consegue dormir, vesti a gabardine e, de lupa em punho, fui investigar a veracidade desta lenda. Depois de muito navegar, sim, porque eu sou uma detective moderna, não ando pelas ruas a seguir pegadas, navego na Internet a fugir dos vírus!

Mas continuando, depois de muito navegar lá encontrei um passarinho verde, não... esperem, estou a mentir desculpem, aquele era um passarinho cor-de-burro-quando-foge, bem a cor dele também não é o mais importante, o importante é que eu estava perante uma lenda! E agora? O que é que eu ia fazer? Fiquei nervosa obviamente... se eu não falo passarês como lhe vou fazer um interrogatório para averiguar se trata de uma lenda ou de uma fraude? Hoje em dia nem nos pássaros se pode confiar... mas eu tinha de arriscar!

Ganhei coragem e lá fui eu, aproximei-me e, qual não foi o meu espanto quando reparei num pormenor que a lenda não referia... esta ave-rara tinha óculos azuis! Bom, se os detectives evoluíram os seus meios de trabalho, os pássaros podem muito bem terem-se modernizado também, seria um problema eles lerem mal e trocarem os endereços das cartas amorosas!

Aproximei-me dele e lá comecei eu a piar umas coisitas em passarês mas o pássaro começou-se a rir (outra coisa que não vinha na lenda: estes pássaros têm dentes), eu fiquei um bocadinho envergonhada com a situação. Ele deve ter percebido o meu embaraço porque começou a conversar comigo à descarada como se me conhecesse há anos e em português corrente (eu não disse que hoje em dia nem nos pássaros se podia confiar? arrastam logo a asa!). Ao fim de algum tempo percebi que ele até era boa pessoa (como se diz quando os pássaros são bacanos? Eu não sei...).

Bom, mas continuando, trocámos e-mails e a partir daí foi sempre a assapar (não assapar vem de sapo...) e a partir daí foi sempre a voar (assim é que é!). Desde essa madrugada de Verão que voamos juntos e já se passaram três meses!

Conclusão: Todas as lendas têm um fundo de verdade. Eu vi um passarinho, diferente de todos os outros mas com uma característica em comum: deixou-me encantada, com os olhos brilhantes e com um sorriso apaixonado de quem encontra o amor!

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