Excelentíssimo Senhor
Professor Doutor Adriano Moreira
Ilustríssimo Presidente da Academia das Ciências de Lisboa
A muita consideração que tenho por Vossa Excelência é nesta circunstância um embaraço pois o problema que lhe trago, não sendo da directa responsabilidade de Vossa Excelência, é da responsabilidade dessa Academia e merece a minha, de mero cidadão, mais severa reprovação.
Nunca poderei, asseguro, compreender como a Academia das Ciências de Lisboa, a que representa o nosso país ao mais alto nível Académico, pode ter consentido e muito menos apoiado que a ortografia corrente, em Portugal e nos seis países que adoptaram o Português como língua oficial, fosse alterada para satisfazer o que quer que fosse, menos a ortografia já fixada na sua prática escrita.
As línguas evoluem, não precisam de empurrões extemporâneos que as desfigurem.
Permita-me recordar que, por volta de 1980/90, em Moçambique esteve em marcha uma campanha “Não deixemos estragar a nossa língua” que foi, directa ou indirectamente, motivo de uma Tese apresentada, em França, por um cidadão francês.
A reforçar, em relação ao Novo Acordo Ortográfico, a minha mais viva indignação está na pobreza de argumentos apresentados na inqualificável (foi a minha e a opinião geral de quem poderia exibir adequados graus académicos) Oração de Sapiência proferida, há anos, na Escola Naval pelo Senhor Professor Doutor Malaca Casteleiro, a quem anos antes informara (sem saber que lhe estava a dar uma novidade!) que tinha sido graças à Espanha que o til não desaparecera dos computadores – oN com um ~ por cima na sua presidência da U.E..
A razão desta carta acaba, no entanto, por resultar, em primeira mão, do facto de, cada vez mais acentuadamente, as traduções feitas para Português revelarem, para além de uma preocupante ausência de cultura geral dos tradutores, uma clara ausência do domínio básico da nossa Língua. Isto é sobretudo patente em livros de viagem e, muito pior, em livros para crianças.
A razão que no entanto despoletou esta adiada intenção foi o artigo abaixo, da autoria de Nuno Gomes dos Santos (que desconheço) que complementa outro, oriundo do Brasil, a propósito do pseudo neologismo - “Presidenta” - que já foi ouvido na nossa estimável Assembleia da República.
Sobretudo a tragédia que é tolerarmos à exaustão, até à mais inerte habituação, o absolutamente intolerável. E admirarmo-nos do que nos vai acontecendo!
Deixo à atenção de Vossa Excelência as minhas reflexões, preocupações e indignações, esperando que a sua inteligência, sabedoria e patriotismo (talvez também alguma indulgência) faça o que eu não sei fazer melhor do que estou a fazer.
Com os melhores cumprimentos
Rui Manuel Ramalho Ortigão Neves
PS: Tomei a liberdade de repassar Bcc este apelo que lhe faço.
Eu repasso esta "aula de português" mas faço-o de uma forma efectiva e não efetiva, dado o afecto (e não afeto) que tenho à língua portuguesa, porque actuo (e não atuo) de forma a respeitá-la. E repasso depois de a ter recebido, ou recepcionado (e não rececionado) de bom grado, porque tudo o que seja defender activamente (e não ativamente) o português me é grato. De resto, fico estupefacto (palpita-me que esta palavra prossiga assim escrita) com a maneira que, objectivamente (e não objetivamente) me querem obrigar a tratar a língua, que falo e escrevo, de forma abjecta (e não abjeta) que, penso, tem por objectivo (e não objetivo) fazer valer o "brasileirês" em detrimento do português, que é uma língua que, na verdadeira acepção da palavra (e não na aceção da dita) deriva do latim e não dos maus tratos "pálópes" (Portugal incluído nessa tribo) que lhe foram fazendo. Eu, de fato (e de facto), sou o mesmo que vestido de ganga, mas a farpela que se usa reflecte (não reflete) o gosto ou a necessidade de cada um e não me obriga, a não ser à força, a praticar acções (e não ações) lesivas de um português que já os media (e não mídia), vão praticando, salvo raras excepções (e não exceções, ou será que a letrinha pê se mantém aqui porque os brasileiros a pronunciam?).
PS (será que, por extenso, terei de escrever posde squeripetum?): tchau (atenção, italianos! Os brasileiros ignoram o que é ciao!) e até ao futuro próximo, quando a minha língua for, apenas, retrospetiva. Sem cê.
Nuno Gomes dos Santos
"A vida é aquilo que acontece enquanto tu estás a fazer outros planos"
Jonh Lennon
A PRESIDENTA FOI ESTUDANTA?
Uma belíssima aula de português.
Foi elaborado para acabar de vez com toda e qualquer dúvida se tem presidente ou presidenta.
Será que está certo?
Acho interessante para acabar com a polêmica de "Presidente ou PRESIDENTA"
Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
/MIRIAM RITA MORO MINE - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANá./
No português existem os particípios activos como derivativos verbais.
Por exemplo: o particípio activo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendigar é mendigante...
Qual é o particípio activo do verbo ser? O particípio activo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a acção que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Diz-se: capela ardente, e não capela "ARDENTA"; se diz estudante, e não "ESTUDANTA"; se diz adolescente, e não "ADOLESCENTA"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a /PRESIDENTA/ se comporta como uma /ADOLESCENTA/
pouco /PACIENTA/ que imagina ter virado /ELEGANTA/ para tentar ser
nomeada/REPRESENTANTA/.
Esperamos vê-la algum dia /SORRIDENTA/ numa capela /ARDENTA/, pois esta
/DIRIGENTA/ política, dentre tantas outras suas atitudes /BARBARIZENTAS/,
não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar /CONTENTA/". Por favor, /PELO AMOR à LíNGUA PORTUGUESA,/ repasse essa informação... |
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