Situada a norte da cidade de Torres Vedras, a freguesia de Ramalhal encontra-se a 7 kms da sede do concelho e com as novas rodovias a cerca de 50 kms de Lisboa. Tem uma área de trinta e seis quilómetros quadrados e é atravessada pelo rio Alcabrichel.
O topónimo, Ramalhal, parece estar relacionado com o próprio significado da palavra: Conjunto de ramos vegetais; ramagem; ramaria: “Sussurram assim as colmeias quando levantam voo e vão pousar longe, nos ramalhais”. Assim se chega à conclusão que, no passado, Ramalhal terá tido uma mancha dominante de verde, na paisagem, certamente muito reduzida com o decorrer dos séculos e com a chegada do progresso.
É uma das mais antigas freguesias deste concelho. No lugar do Amial, por exemplo, são evidentes os vestígios da presença dos romanos no seu território, dos quais a ponte sobre o rio Alcabrichel não é certamente o menos importante de todos. Alicerces de construções foram também encontrados neste lugar. Em Vila Facaia, foram postos a descoberto, nos inícios deste século, vestígios de antigos fornos de alimpar minério e um vaso de barro cheio de moedas de imperadores romanos, datados do século IV d.C. Por Ramalhal, passava a estrada militar romana que ligava Lisboa e o norte através de Montachique, de Torres Vedras e da ribeira de Alcabrichel. Do tempo dos mouros, fica este mesmo topónimo e pouco mais.
Depois da conquista de Tomar aos mouros, em 1147, D. Afonso Henriques concedeu uma vasta zona aos cruzados que o tinham ajudado, com a função de povoar um território totalmente desocupado. Em 1464, já Ramalhal e Amial eram lugares de relativa importância. Este último lugar já tinha igreja, como se verá adiante, aqueloutro crescia de forma imparável.
Ramalhal, como freguesia, foi criada em 1561, chamando-se então S. Lourenço do Tereno. A mudança do nome deu-se entre 1608 e 1656. O culto foi mais tarde transferido para a ermida da Senhora da Ajuda, porque a de S. Lourenço entrou em ruína depois do terramoto de 1755. Ainda hoje é aquela a padroeira da freguesia. Ramalhal foi um curato da apresentação da paróquia de S. Miguel de Torres Vedras.
Das “Memórias Paroquiais” de 1758, retiramos as seguintes informações relativas a Ramalhal: “Esta terra existe situada no limite do Patriarcado de Lisboa a cujo pertence, é freguesia de S. Lourenço do Ramalhal, termo de Torres Vedras. A paróquia existe fora de lugar, sem povoação alguma, em cima de um pequeno monte, e lhe fica da parte do nascente um varzido pelo meio do qual corre um rio, e do poente algumas vinhas que ficam juntas a um pinhal”.
Do património de Ramalhal, destaca-se a actual matriz. Foi construída no século XVIII por iniciativa de um padre da Vidigueira. Tem altar-mor e dois altares laterais, de rica talha dourada, em madeira do Brasil. As paredes são cobertas por azulejos pintados com cenas religiosas. Todo o pavimento é lajeado e coberto por sepulturas.
A Estação de Comboio da C. P. é também digna de ser visitada, pelo pitoresco que encerra em si mesma. Encontram-se na freguesia duas nascentes de águas minerais, a Azenha do Ramalho e a Azenha do Paço. Apesar de não serem exploradas comercialmente, as suas águas são indicadas para o tratamento de doenças de estômago, intestinos e rins.
Com cerca de quatro mil habitantes, a freguesia de Nossa Senhora da Ajuda e S. Lourenço do Ramalhal, como hoje se designa, tem como principais actividades económicas a indústria de barro vermelho, grés e carvão vegetal, o comércio e a prestação de serviços. Uma outra prova do crescimento da povoação a todos os níveis, já que a agricultura era, no passado, o principal sustento da sua população. Aliás, a este propósito dizia em meados do século a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”: “A freguesia produz boas frutas, vinhos e cereais. Na época de Verão é procurada como tranquilo lugar de vilegiatura. Esta pitoresca família é visitada por distintas famílias, principalmente na época do verão”.
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