A Islândia foi colonizada por escandinavos, principalmente da Noruega, e celtas provenientes da Escócia e da Irlanda durante o século IX e o século X. A Islândia tem o parlamento mais antigo do mundo, o , Alþingi, fundado em 930. É um país insular que, embora se situe precisamente sobre a Dorsal Média Atlântica, é geralmente englobado na Europa. A ilha é banhada pelo Oceano Atlântico a sul e oeste e pelo Mar da Noruega a norte e a leste.
A ilha da Islândia é conhecida como a "Terra do Gelo" pois grande parte do seu território é coberto por geleiras. É um país jovem, de relevo bastante acidentado e - como os países da Europa setentrional - apresenta diversidades étnicas, históricas e culturais. Os islandeses usufruem um alto padrão de vida, expresso pela inexistência de analfabetismo e pelo quinto maior índice de desenvolvimento humano do mundo. A maioria da população habita a costa sudoeste, onde a passagem da corrente quente do Golfo suaviza o clima subpolar, tornando a temperatura mais alta: a média anual no país varia de 10 ºC no verão a 1 ºC no inverno.
A pesca é a principal atividade econômica do país e o preparo do peixe em conserva é a sua principal indústria. Reykjavík, a capital, é o centro econômico da Islândia, que vive essencialmente da exportação de pescado e seus derivados, como óleo e farinha de peixe. A mais antiga fonte de renda é proveniente da criação de rebanhos. A Islândia vai muito além de geleiras e relevo recortado. Conta com duas lindas atrações naturais: a Lagoa Azul, de água quente, e os famosos geysers.
O mais jovem país da Europa - geologicamente falando - ainda está em formação. Um pouco por todo o lado, no alto das montanhas e debaixo dos glaciares, há um rio de fogo que vai modificando a paisagem primitiva da ilha. Um olhar sobre a Islândia.
ISLÂNDIA, SOB O SIGNO DO FOGO
O nome dá uma ideia do que nos espera: "Ísland", Terra de Gelo. E o nome não se deve apenas ao clima frio: a própria natureza é árida e agreste como gelo. Sobre o chão de lava escura pouco consegue crescer para além de líquenes e algumas plantas rasteiras; é a esta quase completa ausência de árvores que se deve a velha piada "se estiver perdido numa floresta islandesa, levante-se".
Em Skaftafell, um dos parques naturais favoritos dos islandeses, umas bétulas finitas são carinhosamente visitadas por famílias, mas só por comparação com a magra vegetação do país é que podem ser classificadas de "árvores". As que existiam foram sendo destruídas pelos primeiros colonos, e os rigores climáticos tornam o crescimento da flora extremamente lento - no Verão, as temperaturas não costumam ultrapassar os 14° C.
Cerca de um terço da ilha fica acima dos seiscentos metros de altitude e as montanhas tomam cores irreais graças à actividade vulcânica, com o sopé muitas vezes debruado a amarelos-enxofre, acompanhado de fumarolas e lagos de lama cinzenta e borbulhante. Este deve ser o melhor local do mundo para observar os movimentos de transformação do planeta. Para além das fumarolas e dos campos de lava, também há géiseres fabulosos, como o Strokkur, que chega a atingir vinte metros de altura - não admira que a palavra géiser venha do islandês geysir.
Vulcões na Islândia
Quanto a vulcões, são mais de cem, e o Hekla e o Katla continuam perigosamente activos; mesmo debaixo das calotas de gelo, como a do Vatnajokull, que atinge os mil metros de espessura, brota o fogo da terra, derretendo e alterando constantemente a forma do glaciar. Enquanto ao longo da costa o mar banha os sandur, deltas de areia negra, o interior é de uma aridez lunar: planaltos desérticos de lava em vários tons de negro, rochas enormes, vulcões e rios que descem dos glaciares, mas que não conseguem dar vida às margens. De vez em quando, gigantescas quedas de água, como a Dettifoss, que tem o maior caudal da Europa (quinhentos metros cúbicos por segundo), atroam por desfiladeiros cada vez mais profundos. Quanto à actividade sísmica, basta dizer que Thingvellir, local histórico onde se reunia o que é considerado o mais antigo parlamento do mundo, também é o local de encontro entre as placas tectónicas europeia e americana.
Felizmente os islandeses não são indiferentes a nada disto. Faz parte da educação colectiva a responsabilização de cada um em relação a um equilíbrio tão precário, como é o da natureza nesta ilha. De forma pragmática e sistemática, o país aproveita os seus recursos sem os destruir. Por exemplo, o indispensável aquecimento dos edifícios é feito, em mais de 90% dos casos, através do aproveitamento geotérmico; o sistema eléctrico é alimentado quase na totalidade por fontes geotérmicas e hídricas. Mais do que isso, a Islândia tem ainda um projecto pioneiro para aproveitamento do hidrogénio líquido, que deve levar à substituição total dos combustíveis fósseis num prazo de trinta anos.
Reiquejavique
A capital, Reiquejavique, é igual a todas as povoações que encontramos pela ilha fora, só que um bocadinho maior. Os prédios são raros e nunca muito altos, o trânsito é desafogado, as ruas largas, os canteiros ajardinados com flores garridas. Cerca de cento e setenta mil de um total de duzentos e cinquenta mil habitantes, vivem aqui. As ovelhas são bem mais abundantes: ultrapassam as setecentas mil, três vezes mais do que os islandeses. Akureyri, a segunda cidade, fica na costa norte, mas a paisagem urbana é a mesma, feita de casinhas baixas e garridas com um inexplicável ar de pré-fabricado.
A cerca de quarenta quilómetros da capital, a lagoa Azul deu fama à central geotérmica que lhe está adjacente. Só aqui nos podemos banhar ao ar livre em água naturalmente aquecida, opaca e azulada, num cenário de chaminés metálicas que nos remete para um filme de ficção científica. Na encosta do vulcão Krafla, um dos vinte e quatro furos com mais de dois mil e trezentos metros de profundidade, expele vapor a duzentos graus centígrados e o rugido assustador de uma panela de pressão prestes a rebentar. Junto ao lago Mývatn podemos apreciar a permanente reformulação da ilha: quando um dos vulcões da zona lançou lava para os pântanos que ali existiam, formou-se uma fila de falsas caldeiras, redondas e alinhadas, na borda do lago. Estes são apenas alguns dos locais onde é possível ver e sentir o nascimento e transformação do que é considerado como o mais jovem país da Europa, geologicamente falando.
Dizem os cientistas que, dentro de alguns milénios, se não tivermos conseguido acabar de vez com o planeta, é possível que existam até duas Islândias; uma linha de tensão avança de norte a sul da ilha, rasgando-a em duas, atravessando o glaciar de Vatnajokull em direcção a Fjallabak. O encanto da Islândia resulta justamente deste seu lado selvagem e do carácter efémero da sua beleza. Glaciares de um azul arrepiante, fumarolas sibilantes, lagoas de lama pálida e cones escuros de vulcões silenciosos são as memórias que ficam desta ilha feita de fogo.
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