Avançar para o conteúdo principal

Shutter Island


"Shutter Island" é um perturbante filme onde o realizador Martin Scorsese se aproxima das atmosferas e tipo de planos de Alfred Hitchcock. O facto da acção decorrer nos anos 1950 aumenta a proximidade para com o cinema do mestre do suspense.

O filme começa com o U. S. marshal Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) num barco a caminho de uma ilha do Massachusetts, que alberga uma prisão-hospício. Daniels é enviado para a inóspita ilha, que consiste numa espécie de fortaleza para perigosos e perturbados criminosos, com a missão de investigar o desaparecimento de uma mulher que se encontrava a cumprir pena por ter morto os seus três filhos.

Só que à medida que se vai envolvendo na investigação começa ele próprio a ficar cada vez mais afectado pela densa e assustadora atmosfera da ilha, a ser invadido pelos seus próprios fantasmas, que passam pelas memórias da chegada ao campo de concentração de Auschwitz (anos antes, enquanto soldado americano), e pela mais recente morte trágica da sua mulher.

Depois de em "The Departed" (outros dos filmes de Martin Scorsese em que participou) Leonardo DiCaprio ter surgido como um polícia com dupla identidade, infiltrado numa rede mafiosa, o actor é agora protagonista deste novo filme, desta feita num registo de maior suspense e terror psicológico. O argumento é de Dennis Lehane, o mesmo de "Mystic River", "Gone, Baby, Gone". O elenco conta com Ben Kinglsley que interpreta o papel de um dos psiquiatras responsáveis pela sinistra prisão-hospício.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Fala

Na aldeia engolida pela névoa, ninguém falava depois do pôr do sol. Dizia-se que as palavras, libertas no ar frio, ganhavam corpo e voltavam famintas a procurar quem as soltou. Helena não acreditava. O pai ensinara-lhe a chamar o vento com o nome das coisas perdidas, a sombra de um cão, o riso da mãe, o som das campainhas ao longe. Às vezes parecia ouvir resposta. Nessa noite, cansada do medo dos outros, subiu à colina e gritou o nome dele. O chamamento regressou, denso, como se tivesse atravessado a terra húmida. — Helena. Não era eco. Era retorno. O ar tremeu. Da bruma ergueu-se algo que lembrava uma boca feita de sombra e vapor. O sussurro enchia-lhe o peito, puxava-lhe o fôlego para fora. — Deixa-me entrar. As sílabas tocaram-lhe a pele, quentes, viscosas. Escorriam-lhe pelo pescoço, entravam-lhe nos ouvidos, serpentinas de som à procura de abrigo. Tentou falar, mas o ar já não lhe pertencia. Na manhã seguinte, encontraram-na junto ao poço, imóvel. Os olhos, fixos na água, ...