24 Dez (Lusa) – Quando a terra tremeu a 26 de Dezembro de 2004 na costa ocidental da ilha de Samatra do Norte, na Indonésia, ninguém pensou na tragédia que seria conhecida nas semanas seguintes e que levou a vida de cerca de 230.000 pessoas.
O tremor de terra foi registado às 07:58 locais, teve uma magnitude de 9,3 graus na escala de Richter e deu origem a ondas gigantescas que nas horas seguintes varreram o Índico e, num ápice, levaram a destruição a paraísos de férias.
Nas semanas seguintes, os sobreviventes tentaram ajudar quem procurava familiares e amigos ou simplesmente mostrar a realidade aos milhares de jornalistas que de todo o mundo chegaram à Indonésia, à Tailândia ou ao Sri Lanka, os países mais afectados.
A solidariedade internacional movimentou milhões de pessoas, de ilustres desconhecidos a famosos como Cristiano Ronaldo, que menos de seis meses depois estava na Indonésia a visitar a zona de Ulle Lheu acompanhado de Martunis, o rapaz de oito anos encontrado com vida 21 dias depois da tragédia apenas com a camisola da selecção portuguesa.
Os governos apressaram-se a reagir, queriam reconstruir tudo e depressa para apagar da memória de nacionais e estrangeiros uma tragédia que, afinal, cinco anos depois ainda está bem viva na mente das pessoas.
Todos os anos, à hora a que as ondas chegaram às diversas praias da região, dezenas de pessoas concentram-se em silêncio a olhar o mar, azul ou verde e tranquilo.
Na manhã de 26 de Dezembro de 2004, o fenómeno estranho do recuo do mar atraiu os curiosos para ver o que se passaca, antes de as ondas surgirem e arrasarem as costas atingidas.
Cinco anos depois, apesar dos milhões de dólares de donativos e apoios de privados e instituições – só a UNICEF recebeu 695 milhões de dólares para ajudar as vítimas e a reconstrução – ainda há muito por fazer.
A maior parte das zonas afectadas está reconstruída, mas os apoios internacionais continuam, sobretudo porque famílias ficaram desfeitas e há ainda milhares de pessoas a viverem em abrigos temporários e que esperam por habitações novas, como sucede no Sri Lanka.
O que mudou, para melhor, foram os sistemas de alertas instalados em toda a região pelos diversos países e que, hoje, permitem pelo menos minimizar acidentes idênticos.
Feito o luto das vítimas que foi possível identificar, a tragédia não terminou ainda para algumas famílias que não encontraram os seus familiares.
Padma Wawlanbokke é um caso que está a ser seguido com interesse no Sri Lanka. Desapareceu com o marido e os filhos na tragédia, foi dada como morta, mas um irmão reconheceu-a agora numa cidade do país e, com autorização da polícia, recolheu a mulher que mendigava nas ruas para um hospital para fazer testes de ADN.
Durante dias a mulher não falou, depois confundiu identidades e até o seu nome era confundido com o de uma irmã.
Mas a equipa médica ficou atenta quando a mulher viu uma fotografia do seu próprio casamento e disse que o homem da imagem era o seu marido.
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