No Porto, decada de 50, atinge a fase final do barroco joanina, ostenta como sua preciosa joia , a Igreja forrada de ouro, a Igreja de S.Francisco, dos frades franciscanos.
O interior contém mais de 600kg em ouro.
A instalação dos Franciscanos na cidade do Porto não foi fácil nem pacífica. O primeiro grupo de seguidores do «Poverello» de Assis chegou a Portugal em 1216 e os primeiros conventos que fundaram foram os de Coimbra, Lisboa e Guimarães. À medida que os discípulos iam aumentando, novos cenóbios foram criados noutras localidades do Reino, cedo granjeando a simpatia e o apoio das populações.
Ao fim de todos os conflitos, em 1244, puderam os Franciscanos erguer o seu convento, que se foi alargando e enriquecendo ao longo dos séculos e subsistiu até 1852. Na noite de 24 de Junho desse ano, no aceso da lutas do Cerco do Porto e estando então o convento ocupado pelas forças liberais, deflagrou um grande incêndio que destruiu completamente a parte conventual, poupando apenas a igreja. Nas ruínas do extinto convento, cedidas definitivamente, em 1841, pelo Governo à Associação Comercial do Porto, ergueu esta, depois, o Palácio da Bolsa.
Frades mendicantes.
O estabelecimento das ordens mendicantes no Porto data da primeira metade do século XIII. Nessa altura, tanto os Franciscanos como os dominicanos construíram na cidade os seus primeiros conventos, praticamente lado a lado. As construções conventuais e as respectivas cercas englobavam então toda a área ocupada, na actual urbanização, pela Praça do Infante, o Mercado Ferreira Borges, o Palácio da Bolsa e as ruas de Ferreira Borges, do Comércio do Porto e da Bolsa. Mas, desses dois antigos conventos de S. Francisco e de S. Domingos resta hoje apenas a igreja gótica de S. Francisco e algumas reminiscências toponímicas.
Igreja de S. Francisco.
A igreja de S. Francisco começou a ser edificada (em substituição da pequena capela de S. Miguel) em 1383, à custa das esmolas da cidade, ficando concluída em 1410. Único exemplar religioso da arquitectura gótica do Porto (estilo da predilecção dos Franciscanos e dos Dominicanos) esta igreja não revela, contudo, a ostentação e a prodigalidade do gótico puro (como o mostra, por exemplo, o Mosteiro da Batalha), mas o gótico austero, com algumas reminiscências românicas. Ao longo dos tempos, foi sofrendo alterações, acrescentos e mutilações, que não alteraram profundamente, contudo, o seu cunho arquitectónico primitivo. Nos séculos XVII e XVIII, o seu interior foi profusamente revestido de talhas barrocas douradas. Foi esta exuberância de dourados que levou o padre Rebelo da Costa, a dizer, na sua «Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto» (1789), que estava «coberta de alto a baixo de talha dourada, de sorte que toda ela parece um dilatado monte de ouro». E apreciação idêntica fez o conde de Raczinsky, que, ao descrever esta igreja, lhe chama «igreja de oiro», não só pela riqueza que distingue a profusão da talha, como pelo apuro da execução e grande cuidado da composição. E, deslumbrado, acrescenta: «A talha desta igreja é de uma riqueza e de uma beleza que ultrapassa tudo quanto vi em Portugal e em todos os outros pontos» « Les Arts en Portugal », p. 382).
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