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19 de novembro de 2024

Amarrar o burro

Luz das letras

1.    A céu aberto: ao ar livre

2.    Abandonar o barco: desistir de uma situação difícil

3.    Abotoar o paletó: morrer

4.    Abrir mão de alguma coisa: renunciar alguma coisa

5.    Abrir o coração: desabafar, declarar-se sinceramente

6.    Abrir o jogo: denunciar ou revelar detalhes

7.    Abrir os olhos a alguém: alertar ou convencer alguém de alguma coisa

8.    Acabar em pizza: quando uma situação não resolvida acaba encerrada (especialmente em casos de corrupção, quando ninguém é punido)

9.    Acertar na lata: acertar com precisão, adivinhar de primeira

10. Acertar na mosca: acertar com precisão, adivinhar de primeira

11. Adoçar a boca: conseguir um favor de alguém com elogios

12. Agarrar com unhas e dentes: agir de forma extrema para não perder algo ou alguém

13. Agora é que são elas: momento em que começa a dificuldade

14. Água que passarinho não bebe: pinga ou bebida alcoólica

15. Amarrar o burro: descansar ou se comprometer romanticamente com alguém. 

Uma frase e um mini-conto de 300 palavras:

 

Na vila de Patacas Altas, a rotina de Zé Pancada e o seu burro era o principal entretenimento. Chicote era um verdadeiro Houdini de quatro patas, capaz de se desamarrar de qualquer corda. Sempre que Zé entrava no bar para “uma conversa rápida”, que nunca, o burro escapava, causando uma série de desastres hilariantes. 

Certa tarde, decidido a vencer o burro, Zé amarrou-o com uma corda “indestrutível” ao poste da praça e entrou no bar. “Hoje ele não me engana!”, declarou, confiante. Os amigos riram, pois sabiam como aquilo ia acabar. E acabou, bastou cinco minutos. Chicote já caminhava pela vila com a corda ao pescoço, como se desfilasse com uma gravata de gala, pronto para sua habitual ronda de travessuras. 

Primeiro, invadiu a banca de frutas de Dona Cotinha, devorou três maçãs e empurrou o tabuleiro, espalhando frutas pela rua. “Ó animal desavergonhado!”, gritou Cotinha, sacudindo um pepino na direção dele. Depois, Chicote foi à barbearia do Seu Rufino. Parou em frente ao espelho e balançou a cabeça como se pedisse um corte moderno. “Sai daqui, burro vaidoso! Não tenho tesouras para crinas!”, gritou Rufino, enquanto o burro relinchava, claramente divertido. 

Mas a apoteose foi na igreja. O padre Jeremias, no auge de um sermão sobre paciência, ficou boquiaberto quando Chicote subiu ao altar e começou a mastigar as flores decorativas. “Irmãos, as provações do Senhor vêm em muitas formas. Hoje… vieram com patas!”, suspirou Jeremias, enquanto os fiéis tentavam conter o riso. 

Quando Zé saiu do bar, a vila inteira estava à caça do burro. “Zé Pancada, amarra este demónio como deve ser!”, gritou Cotinha, lançando-lhe uma maçã murcha. Com um relinchar triunfante, voltou calmamente ao poste, como se nada tivesse acontecido. 
Nunca subestime um burro com talento. Em Patacas Altas, Chicote era a verdadeira estrela.

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