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Dias e dias

 Nem todos os dias são lisos e tranquilos. Há dias difíceis, dias que perdem a calma e que agitam a superfície do tempo. São dias de tempestade, dias que nos puxam para o fundo e revolvem a serenidade do coração. São dias em que descemos à profundidade do medo e do desamparo, são dias sem data. Só quando habituamos o olhar a ver no escuro é que percebemos que é hora de voltar. E percebemos também que, sem tempestade, muitos tesouros silenciosos permaneceriam escondidos no fundo da vida.


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É estar entre duas margens: uma já conhecida, a infância que se despede devagar, e outra que ainda assusta, a juventude que se anuncia com promessas e dúvidas. É sentir o corpo crescer antes de a alma estar pronta. É olhar-se ao espelho e perceber que o rosto muda, mas os olhos continuam à procura do mesmo abrigo. O tempo começa a correr de outra forma: mais veloz, mais exigente. Já não basta sonhar, é preciso escolher, decidir e errar.   As vozes dos adultos soam mais distantes, e o coração pede liberdade, mas teme o que ela traz. Há um certo encanto em fazer catorze anos: o mundo parece mais largo, mais profundo, mais intenso. As amizades ganham peso de eternidade, os amores nascem num olhar e morrem num silêncio. Tudo é exagerado: a alegria, a dor, o riso e a lágrima. Mas também há um despertar: a consciência de que o tempo não volta, que crescer é aprender a deixar ir. É começar a caminhar sozinho, com o medo de um lado e a esperança do outro, mantendo o equ...