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29 de outubro de 2024

Romance numa adega

Do livro “escrita em dia”. O tema será: “adega escura, tira as luvas de pele das mãos e demora a adaptar a escuridão.” , utilizando um ou vários sentimentos: assustada, feliz, ansiosa, prepara armadilha, alegre, adormecida. Mini-conto de 300 palavras. Personagem pode ser homem ou mulher.


Desci à adega em silêncio,
onde o ar carregado de uvas e terra
repousa nos ombros como um peso antigo.
Tirei as luvas de pele,
dedo a dedo,
e o toque do frio ergueu um arrepio.
Na escuridão profunda,
onde o tempo não tem pressa,
esperei que os olhos se acostumassem
à meia-luz que tudo envolve,
os contornos surgem devagar,
um mundo entre as sombras e os silêncios.
Cada passo, um eco abafado,
as garrafas alinhadas, os barris vigilantes,
um local de encontros e segredos.
Em algum lugar, sinto uma presença,
um sussurro que me prende,
e algo adormecido se desperta.
Estou ansiosa, as mãos sem luvas tremem,
o coração acelera entre o pó e o silêncio,
onde a respiração soa como o único som.
Cada barril é um muro,
cada sombra, uma promessa,
cada passo, uma vertigem.
Sigo adiante, onde a penumbra era mais densa,
e sinto o cheiro do vinho,
da madeira e de algo mais profundo
um mistério latente, uma espera que ecoa.
Num canto, vejo uma sombra,
um contorno que emerge do escuro.
O som de uma respiração,
um calor que toca no ar.
Sinto a presença, firme e silenciosa,
sem precisar de luz para reconhecê-la.
E ali, no escuro da adega,
onde os sons são ecos,
ficamos assim, lado a lado,
à espera que a escuridão nos revele
não o rosto, não o nome,
mas a promessa suspensa
entre o toque e o silêncio,
entre o frio do vinho
e o calor da noite.
Na calma, a luz não faz falta;
a noite e a sombra selam o que é nosso,
eterno, como a escuridão.

27 de outubro de 2024

Spooktober 2024 - 4ª semana

Agarrei em duas palavras por semana e escrevi uma frase para cada um. E no dia do Halloween, a surpresa...  

"O coração é um instrumento que toca em sinfonia com os sentimentos, pulsa a vida e amor em cada batida."

"O reflexo no espelho revela a imagem exterior e as emoções ocultas que dançam por trás dos olhares."

#laritacaramela #spooktober2024

22 de outubro de 2024

Brincadeira infantil

Na Luz das Letras fizemos um mini-conto com uma brincadeira infantil, com 300 palavras.

Era uma noite de inverno e a chuva batia levemente nas janelas da velha casa. Dentro, um grupo de crianças estavam reunidos na sala, cansadas dos jogos de tabuleiro. Foi então que Carlos sugeriu: “


Vamos jogar ao quarto escuro!”

A excitação cresceu de imediato. O jogo favorito de todos, era simples, mas cheio de adrenalina. Apagaram as luzes e dirigiram-se para o quarto mais pequeno da casa, aquele com apenas uma cama e um armário. As paredes frias e o silêncio da noite tornavam tudo mais assustador.

As regras eram claras, uma criança seria escolhida para ser o "caçador", enquanto as outras se escondiam no escuro. Com as luzes apagadas, não havia como ver alguma coisa, apenas se ouviam as respirações e o som dos pés a tentarem não fazer barulho.

A Maria foi a primeira escolhida como caçadora. Ficou de costas, contando até trinta, enquanto as outras crianças se encolhiam em cantos e atrás de móveis. O quarto, agora imerso numa escuridão total, parecia um labirinto. Cada pequeno movimento ecoava, criando a ilusão de que algo ou alguém se movia nas sombras.

“Pronto, aí vou eu!”, disse Maria com um riso nervoso. Tacteava o ar, os braços estendidos à procura de qualquer sinal dos amigos. As excitações misturavam-se nas suas mãos trémulas. De repente, ouviu um suspiro baixinho e virou-se, tentando seguir o som.

Ao fundo, Pedro estava escondido debaixo da cama, a tapar a boca para não rir. No outro canto, Luísa agachava-se atrás do armário, tentando não respirar muito alto. O quarto parecia mais vasto do que nunca.

Maria aproximava-se lentamente, até que, com um movimento rápido, agarrou o braço de alguém. “Apanhei-te!” Um grito abafado encheu o ar. Todos explodiram em risadas e a luz voltou, revelando os rostos corados e ofegantes.

21 de outubro de 2024

A caminho de casa

Eu não sou poeta, mas aqui deixo um poema em homenagem a todos poetas, especialmente os românticos da vida.
 

A caminho de casa, olhei como uma sonhadora,
para o céu azul à minha frente, tentadora.
Um entardecer magnífico, cheio de cor,
num azul-claro, pincelado com amor.
Não conseguia tirar o olhar, perdida na beleza,
como se alguém, lá em cima, numa delicadeza,
pintasse com pincel, numa calma rara,
as nuvens brancas, numa obra cara.
O sol, com os raios fracos e cor alaranjada,
desenhava o entardecer de forma encantada.
No horizonte, uma linha firme e ténue se via,
separando a terra do céu, numa magia fria.
De pé, assisti ao fim do dia extraordinário,
a transição do claro para o imaginário.
Uma praia junto ao mar, serena e calma,
onde céu e terra se tocam com a alma.

20 de outubro de 2024

Spooktober 2024 - 3ª semana

Agarrei em duas palavras por semana e escrevi uma frase para cada um. E no dia do Halloween, a surpresa...  

"Com um pincel na mão, as cores dançam na tela, transformando pensamentos em arte e sonhos em realidade."

"A harpa com as suas cordas delicadas, tece melodias que acariciam a alma e transportam os corações para os mundos de serenidade."

#laritacaramela #spooktober2024

18 de outubro de 2024

Reflexo

Para o desafio da Fabrica do Terror, mês de Outubro, o tema é semelhanças.

 Na pequena aldeia de Vale Escuro, as semelhanças entre os habitantes eram inquietantes. Os rostos mostravam-se idênticos, como se

todos tivessem saído do mesmo molde. Mas havia algo mais perturbador, um mistério que envolvia a origem desses clones.

Certa noite, Mariana, uma pessoa que se destacava pela sua aparência única, decidiu investigar. Enquanto caminhava pelas ruas desertas, notou um sussurro, como se as sombras a chamassem. Intrigada, seguiu o som até a uma casa antiga, onde encontrou um espelho coberto de poeira.

Ao aproximar-se, viu a sua cópia, mas não era ela. Era uma versão dela própria, mas com um sorriso maléfica. O reflexo sussurrou: "Tantas semelhanças, mas apenas uma de nós pode viver." Com um impulso sobrenatural, a imagem do espelho tentou atravessar o vidro, enquanto

Mariana, apavorada, percebeu que as semelhanças poderiam ser a sua condenação.  Saiu sem olhar, mas sorriso cruel ficou-lhe na cabeça.

#desafiofdt2024 

17 de outubro de 2024

MARCAS DO TEMPO

    Era véspera de Natal numa pequena vila cercada de montanhas cobertas de neve. As ruas estavam decoradas com luzes brilhantes e o som das crianças a brincar no meio dos flocos que enchia o ar de alegria.

Para João, um velho relojoeiro que vivia sozinho numa casa velha à beira da vila, a festa natalícia não lhe trazia a mesma felicidade que para os outros.

A sua loja já teve melhores dias. Com as novas tecnologias, eram poucos os que se preocupavam em consertar os seus relógios. Era viúvo há mais de uma década e passava os dias em silêncio, na companhia destes marcadores do tempo.

Naquela noite, enquanto todas as casas se preparavam para a consoada, João estava sentado a consertar um velho relógio de bolso. Os ponteiros moviam-se lentamente, o som do tique-taque parecia mais alto do que o habitual e o mecanismo do relógio estava ligeiramente enferrujado.

 

Do lado de fora, as crianças brincavam e os jovens cantavam as canções de Natal. João suspirou, a pensar em como a sua casa costumava estar cheia, com risos, as conversas e o cheiro da comida da sua mulher a encher cada canto. Agora, a solidão era a sua única companhia.
De repente, um leve toque na porta tirou-o dos seus pensamentos. Era tarde e João não esperava ninguém. Ao abrir, viu uma menina pequena, com sete anos, envolta num casaco grande demais para o seu corpo.

 

“Boa noite, mestre. O meu relógio parou e o meu avô disse que o senhor é o melhor relojoeiro da vila. Pode consertá-lo?” perguntou a criança morena, estendendo-lhe um pequeno relógio de pulso, com uma fita gasta.

João sorriu, surpreso. Fazia muito tempo que alguém não o procurava para consertar um relógio, ainda mais uma criança.

“Claro, entra, menina. Vamos ver o que se passa”, disse-lhe, levando-a para o calor da oficina.


Enquanto trabalhava, a pequena criança contou-lhe que o relógio pertencia à sua mãe, que tinha falecido havia pouco tempo. “Ela dizia que este relógio nunca parava, que o período dele era especial, como os nossos momentos juntas”, disse-lhe com os olhos cheios de lágrimas. “Mas agora ele parou.”

João sentiu um nó na garganta. Aquela rapariga tinha perdido a mãe, mas ainda assim trazia consigo uma esperança simples e inocente, o desejo de ver o relógio da mãe a funcionar novamente. Ele ajustou as engrenagens e com um pequeno movimento do pulso, as batidas voltaram.

“Pronto, está como novo”, disse João, entregando o relógio à menina, que sorriu, agradecida.
“Obrigado, senhor. A minha mãe dizia que, enquanto o relógio funcionasse, ela estaria sempre comigo. Agora sei que ela está.”

João acenou, emocionado e viu a menina desaparecer pela neve. Quando fechou a porta, sentiu algo diferente no ar. Os cliques dos relógios na sua oficina parecia mais reconfortante e familiar. Percebeu que, mesmo que as pessoas se vão, as memórias e o amor que partilhamos permanecem, a marcar os ponteiros do coração.
 

13 de outubro de 2024

Spooktober 2024 - 2ª semana

Agarrei em duas palavras por semana e escrevi uma frase para cada um. E no dia do Haloween, a surpresa...  

"Uma fotografia é um instante congelado no tempo, onde as memórias ganham forma e os olhares contam as histórias sem palavras."

"Uma caixa de música é um pequeno universo onde a melodia rodopia e liberta as memórias guardadas em cada nota."

#laritacaramela #spooktober2024